os mercados e as feiras estão todas iguais, diz-se.
talvez estejam.
talvez as estejam a obrigar a ser iguais.
a feira de barcelos já foi uma imagem de marca nacional.
ainda é a maior feira semanal do alto minho.
aqui ainda compramos tamancos de madeira, alfaias, sementes, tripas para os enchidos, artesanato e também as roupas de marca contrafeitas ou compradas pelas traseiras das fábricas.
as frutas já vêm de grandes armazenistas, e os feirantes são profissionais da arte.
mas ainda há um cheiro nesta feira que a torna única.
mas o futuro não se adivinha radioso.
para a feira de barcelos os amanhãs já não cantam.
algumas cabeças peregrinas, impregnadas do virus da utilidade dos espaços, olham para o campo da feira e apontam o desperdício de uma enorme zona nobre da cidade só ser ocupada um dia por semana com a feira.
querem ali uns prédios, uns condomínios, umas coisas daquelas que em todo o lado se fazem para tornar as cidades todas iguais.
esquecem que no dia em tirarem a feira do centro da cidade, a feira morre.
e morre não só a feira como o comércio local que a circunda e se alimenta da feira.
porque se as pessoas vão ali fazer algumas compras, aproveitam para animar o comércio local que lhe fica adjacente.
no dia em que atirarem a feira para a periferia, matam a feira e matam o comércio.
dizem que só no terceiro mundo as ambulâncias abrem caminho pelo meio dos feirantes.
seguramente esta gente nunca foi ao terceiro mundo. se já tivesse ido não falava assim nem fazia comparações estultas.
a feira está naquele local há mais tempo que a entrada para as urgências do hospital, mas mesmo isso não impede que se mantenha um corredor de acesso...
não devemos atirar o bébé fora com a água do banho...
este assunto aqui aqui voltará.
quinta é dia de feira.
quinta é dia de negócio farto, mas futuro incerto
Sem comentários:
Enviar um comentário