é da teoria (e da práctica) que não há pior inimigo dos trabalhadores do que aqueles que, fingindo-se seus amigos e actuando no seu meio, os atraiçoam.
dito de outro modo, pior que a direita trauliteira, o grande inimigo dos trabalhadores são aqueles que, falando em seu nome e autodenominando-se 'socialistas' e outros adjectivos parecidos, se comportam, na prática, como essa direita ultramontana jamais teria coragem de o fazer.
a politica do actual governo tem dado às associações patronais a coragem para propor medidas que jamais esperariam ter.
depois de há uns meses o conjunto das associações patronais ter proposto, entre outras pérolas, o despedimento com justa causa por razões ideológicas (argumento melhor explicado pelo 'patrão' dos 'agricultores', joão machado, que afirmava a um jornal: 'se um trabalhador se pode despedir quando quer, porque razão um patrão não pode despedir o trabalhador quando quer?'), vêm agora os patrões da indústria têxtil propor mais uma série de medidas exemplares:
1. impedir o aumento do salário mínimo nacional para 500 euros até 2011, alegando que se tornam incompetitivos (em espanha será de 800 na mesma data e no resto da europa central e ocidental bem superior e a indústria têxtil, e as outras, de lá sobrevivem)
2. reduzir o número de feriados (portugal, ao contrário do que muitas vezes se afirma, é dos paises europeus com menos dias de feriados e dias de descanso generalizados, mesmo que não oficialmente feriados).
3. isenção dos descontos para a segurança social das horas de trabalho suplementar, impedindo assim os trabalhadores de terem as naturais contrapartidas do trabalho efectuado e permitindo que os patrões passem a pagar menos por salários base, já que o trabalho suplementar lhes fica mais barato.
4. redução do número de vencimentos, dos actuais 14, para 12.
'são medidas necessárias', confirmava daniel bessa, ex-ministro socialista de um governo de guterres., que afirmava que o aumento dos salários reais tinha provocado um encarecimento dos produtos portugueses.
nem mesmo a direita mais reaccionária e obtusa tem lata para afirmar que houve aumento dos salários reais.
mas um ex-ministro socialista tem lata, e muita.
não tem é vergonha.
faltará pouco para defenderem uma chinatown (nos salários e direitos) para a indústria têxtil
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