Nunca me esqueci de uma frase de um livro de Jerome K. Jerome, Três ingleses num barco, que dizia mais ou menos isto: qualquer objecto desinteressante e feio com o tempo ganha uma patine de antiguidade e de valor acrescentado. Jerome exemplificava com um feio boneco de faiança da sua senhoria ( salvo erro um cão sorridente), que dali a umas gerações seria disputado avidamente como uma preciosidade a coleccionar.
Quando vou a qualquer feira lembro-me deste conceito e sorrio, quer por ver as actualidades e projectar como será daqui a 100 anos, como ao constatar o mau que é que já nos é apresentado como artigo de valor . Mas adiante. Nas nossas feiras de antiguidades ainda não sabem distinguir entre peças só velhas e peças interessantes.
Ao folhear a Panorama descubro um artigo de Raul Lino sobre a Casa Portuguesa. Ilustra com estas fotografias, o exemplo do que ele considera ser arquitectura de mau gosto contrapostas ao puro estilo da casa portuguesa.
Retenho, porque se aplica de novo a ideia de Jerome: com o tempo afeiçoámo-nos a estes rendilhados e elementos góticos e preferimo-los à espécimes actuais feios e mastondônticos que se tornaram os nossos edifícios.
Nostálgica? Nem por isso. Mas aconselho a quem não leu Jerome o vá comprar a correr. Encontra quer no alfarrabista, quer na livraria, porque foi reeditado recentemente pela Cotovia. São livros para ler, reler e sorrir bastante. Dizem que rir faz bem ao fígado, pratiquem.
Clicar na imagem para a ver como deve ser.
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