Ontem ouvi um bocadão do programa Prós e Contras.
Bom, desde logo devo fazer uma declaração de interesses: não gosto nada do formato do programa nem da apresentadora, a Fátima Campos Torres (Drª). Mas ontem fez-me especial impressão o facto de alguns intervenientes do debate, por diversas vezes, lhe terem agradecido – exultantes - o extraordinário feito de realizar tamanho programa…. Sinceramente, e até hoje, não vi nenhum que adoptasse uma posição neutra para o normal debate de ideias ou opiniões, em todos são trazidos à ribalta aspectos laterais das questões, em todos a FCT toma aquela postura assertiva de quem sabe sempre mais um bocadinho do que a pessoa que opina, em todos a plateia ululante dita regras e, em todos, um dos lados da questão é alegremente favorecido.
Ontem isso foi bem evidente… E só me apetece aqui dizer duas ou três coisitas.
Para começar, deviam explicar à FCT o que é uma falácia, nomeadamente o Argumentum ad Populum pelo qual alguém apela da voz popular para fazer prevalecer (ou não) um determinado ponto de vista. Ontem, sempre que o advogado de defesa do Baltazar dizia alguma coisa que não estava de acordo com o guião, a FCT ripostava logo - da forma mais rasteirona - se não via que ninguém na plateia concordava… Enfim!
Depois, veio o meu amigo Vilas Boas, o psicólogo clínico, a falar de alto, com pompa e muitas certezas. Disse mais ou menos isto: O pai biológico quis esperar, precisou da “ajuda” da GNR e de um teste de ADN para assumir que era pai. O casal, em boa fé, acolheu a criança de braços estendidos e deu-lhe tudo. A criança está em risco e nunca poderá sair daquela família. É curioso que, lendo um jornal de há 2 anos, ele não diz bem isto… ou melhor, ele tem opiniões algo diferentes… bem, vendo bem, ele diz praticamente o contrário!
Por fim, a FCT quis que toda a gente confirmasse que a ideia que lhe surgiu– adopção plena pelo casal com uma regulação de visitas do pai biológico – era solução mágica. Por um bocadinho fiquei atónito, ao ouvir uns nins e sins meio engasgados, até que alguém disse o óbvio: Mas isso não pode ser: adopção plena com visitas dos pais naturais é um paradoxo (podem-lhe também explicar o que é!).
Mas o programa sempre acbaou por adiantar alguma coisa, permitiu-me chegar a uma conclusão.
Penso que, neste momento, a melhor solução para a Esmeralda consiste em ficar com a casal que a guarda e educa desde há 5 anos. Tenho muito poucas dúvidas... E a resposta legal para esta solução afectiva pode ser a adopção restrita – pese embora os seus muitos inconvenientes – que mantém algum vínculo aos pais naturais
E defendo isto porque creio que é a solução que melhor serve a criança e os seus interesses. Não defendo isto por crer que o pai biológico é (ou foi) mau e porque os pais adoptantes são (ou foram) bons. Não faço esses juízos de valor e é exactamente isto que condeno à maior parte da pessoas que ouço falar sobre o assunto.
Porque, na verdade, o Baltazar é condenado pela opinião pública porque teve, durante algum tempo, uma atitude moralmente condenável, embora depois sempre tenha agido de forma legítima e legal. Por outro lado, o casal adoptante é louvado porque mostrou, durante algum tempo, atitudes moralmente nobres, embora depois tenha agido de forma ilegítima e ilegal. O que é que é bom? O que é que é mau?
Nota: fica por esclarecer a questão do título: qual a importância de se chamar Esmeralda?
1 comentário:
... (são reticências porque não sei como o tratar) Com tanto alarido lá fora é bom lê-lo. Vou ter de me ir embora, mas hei-de voltar.
Sérgio
Enviar um comentário