É óbvio que fiquei curioso com aquele post da T, ou não fosse eu um chaparro tresmalhado. Mais curioso fiquei em esclarecer a dúvida que eu próprio criei: bolota e boleta são coisas diferentes? Ou são a mesma coisa e lande é que é diferente?
Este pertinente dilema é muito bem respondido num post do Dias com Árvores (sim, não há só dias que voam, também os há com árvores…). Mas, e para os mais exigentes, aconselho a leitura deste pequeno texto que uma alminha – o técnico florestal Gonçalo Castel'Branco – escreveu no site Logística Florestal:
Estando a Campanhas de apanha de lande de sobreiro a decorrer é sempre útil rever algumas questões técnicas sobre a bolota de sobreiro.
Em consequência de um período de floração muito prolongado as bolotas do sobreiro não amadurecem simultaneamente. A primeira camada de frutificação tem o nome de bastão e amadurece nos fins de Setembro e no decorrer de Outubro. A segunda camada de frutos, que é mais abundante e importante, tem o nome de lande, e amadurece em Novembro e Dezembro. Por último, a camada a que se chama landisco muitas vezes não chega sequer a amadurecer devido à forma como é prejudicada pelo frio do Inverno. A recolha da bolota deve ser feita entre Novembro e Dezembro e será feita sobre as bolotas da segunda camada de frutificação, denominada lande. Aquando da colheita dever-se-á ter atenção em não confundir a lande, que nos interessa, com o bastão. Para isso, poder-se-á colocar redes por baixo das copas dos sobreiros após a queda do bastão, ou em alternativa varrer todas as bolotas existentes por baixo da copa e aguardar pela queda da lande.
A colheita das sementes deverá ser feita com tempo seco, o que evita em parte, que as bolotas se estraguem. Assim, como a lande não cai toda ao mesmo tempo, para evitar que haja bolota que esteja no solo a secar, a iniciar a germinação ou que possa ser atacada por pragas, pode-se (e deve-se) homogeneizar a queda da semente “obrigando-a” a cair, por varejamento dos ramos carregados de bolota. Deve-se ter em conta que esta acção faz cair também bolota que não se encontra ainda madura.
As landes escolhidas devem por fim ser grossas, lisas, morenas, frescas e sem buracos de balanino. As landes rugosas estão secas e mortas e as landes já germinadas são de evitar pois a manipulação destas torna-se muito difícil devido à quebra das radículas que deve ser impedida. Da lande deverá ainda retirar-se sempre as cúpulas. Dever-se-ão escolher as bolotas maiores, pois estas, com maior conteúdo de reservas, conseguem mais facilmente atravessar o primeiro ano de vida e originar plantas com crescimentos maiores.
Chamo a vossa atenção para a beleza da frase As landes escolhidas devem por fim ser grossas, lisas, morenas, frescas e sem buracos de balanino. Isto soa-me quase pornográfico!
Com isto, lembrei-me quando eramos putos e andávamos no Ciclo. Havia bolota (ou lande…) espalhada aos montes e era de homem agarrar numa, trincá-la e comê-la. Havia os que diziam conhecer as doces… eu não, saiam-me quase sempre as azedas. Mas para que queira experimentar, aqui fica uma sugestão!
PP: Chaparro é um sobreiro ainda novinho!
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