22 de setembro de 2005

Das tropas, bombeiros, regalias e afins

Acho que os meus queridos amigos estão a partir das premissas erradas nesta discussão. Os subsídios de risco e afins não são dados para premiar ou compensar o que quer que seja: são atribuidos para convencer e cativar pessoas para actividades que, por comparação com outras, são mais perigosas, mais feias, mais sujas, mais traumatizantes, etc. Só um atrasado mental que não tem onde cair morto ou um idiota com um sentido patológico de missão se sujeita a determinadas actividades se, pelo mesmo preço, puder fazer coisas bem mais fáceis e confortáveis.

Tomemos a polícia: se um polícia ganhar exactamente o mesmo que um funcionário administrativo menor (e os polícias já são mal pagos, oh, se são!), se tiver de se virar em termos de saúde e reforma do mesmo modo que o Sr. Manuel da drogaria, porque carga de água quererá ser polícia? Para brincar com pistolas? Ou a ver se lhe dão cabo do canastro só para chatear a mãe dominadora? É claro que o dinheiro e as regalias sociais não são tudo em termos de motivação; mas, como um autor de que não recordo o nome dizia, são uma questão elementar de higiene a partir da qual o prestígio de uma profissão e a satisfação e realização profissionais se constroem.

Há profissões desiguais em termos de riscos vários. Se se quer profissionais competentes nessas actividades é preciso atraí-los. Tudo o mais é poeira deitada ao vento.

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