6 de abril de 2005

A morte de Terri (ii)

Foram só umas ideias que me cruzaram a mente. Não é uma discussão estruturada e, provavelmente, terá erros. Mas lembrei-me.

1. Não vi nenhum dos que defendem que se deveria manter a senhora no mesmo estado a dizer que quereriam ser mantidos vivos assim.

2. Quantas pessoas conhecem que, na situação dela, preferiam que as mantivessem vivas? Ainda não vi/li/ouvi nenhuma. Mas admito estar distraído.

3. Quantas pessoas conhecem com disposições claras (escritas) sobre o que fazer nestas circunstâncias? Sejamos realistas: todos pensamos que só acontece aos outros. Quando nos cai uma coisa destas em cima nem sabemos, na maior parte das vezes, o que nos aconteceu, e a batata quente fica nas mãos dos "vivos".

Assim, aparentemente, ninguém gostaria de ser mantido neste estado - e recordo que Terri Schiavo esteve assim catorze anos. Os que defendem a manutenção da situação imaginem-se na pele da senhora.

Portanto,com que direito se mantém assim alguém que não teve oportunidade de afirmar que não quereria ser mantido assim* quando, aparentemente, ninguém quer ser mantido assim? Defender a manutenção de uma situação como a de Terri Schiavo vai contra o mais elementar senso comum que aplicaríamos a nós mesmos - e esse senso comum dificilmente enquadra pior inferno que uma situação destas para nós mesmos e para os nossos.Por outras palavras, talvez fizesse sentido reflectirmos sobre o ditado Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti.

Para os que defendem que a vida é um valor absoluto, recordo que não é. (Um exemplo elementar: o progenitor que sacrifica sua a vida para salvar a vida - outra vida - do seu filho). No caso em discussão há valores em confronto com a vida de Terri Schiavo que merecem análise. Mas isso fica para depois.

Escreverei mais tarde sobre o artigo referido por Pacheco Pereira e mencionado pelo Besugo. É um texto educativo.
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* - Admitindo que o marido de Terri Schiavo mentiu e que a mulher não lhe disse realmente que não quereria viver neste estado.


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