triste españa sin ventura
todos te devem llorar.
despoblada de alegria,
para nunca en ti tornar,
tormentos, penas, dolores
te vinieron a poblar.
sembróte dios de plazer
porque naciesse pesar;
hizote la más dichosa
para más te lastimar.
tus vitorias y triunfos
ya se hovieron de pagar;
pués que tal pérdida pierdes,
dime en que podrás ganar.
pierdes la luz de tu gloria
y el gozo de tu gozar;
pierdes toda tu esperança,
no te queda qué esperar.
llevote todo tu bien,
dexote du desear,
porque mueras, porque penes,
sin dar fin a tu penar.
de tan penosa tristura
no te esperes consolar.
esta canção (que aqui posto na extensão de texto que cantei muitas vezes) é um lamento pela morte do filho varão dos reus católicos, joão, em outubro de 1497.
a morte do filho varão provocou um sentimento de perda no reino provavelmente comparável ao que aconteceu em portugal com a morte de sebastião (não muito longe cronológicamente).
o principe joão de espanha era um rapaz fraco fisicamente, mas casou com uma fogosa princesa austríaca de seu nome margarida.
consta que a exigência física demandada pela fogosa senhora deu cabo do futuro rei de espanha.
como escreveu o cronista espanho pedro mártir:
'preso en el amor de la doncella, ya está demasiado pálido nuestro joven príncipe.
los médicos, juntamente con el rey, aconsejan a la reina que alguna vez que otra aparte a margarida del lado del príncipe, que los separe y les dé treguas, alegando que la cópula tan frequente constituye un peligro para el príncipe.
una y outra vez la ponem sobre aviso para que oberve cómo se va quedando chupado y la tristeza de su porte; y anuncian a la reina que, a juicio suyo, se le pueden reblandecer las médulas y debilitar el estómago. le instan a que, mientras sea posible, corte y ponga remedio al principio.
no adelantan nada.'
(pedro mártir de anglería, epístola 176, espistolario).
esta canção do juan del enzina é das coisas mais bonitas que já alguma vez cantei.
tem uma intensidade drámatica deslumbrante.
lembro-me uma noite de fevereiro, há uns anos, em que dei por mim a cantar isto com mais um grupo de amigos na rua, ali para os lados da estrela.
estava nesse momento um bando de franquistas a ocupar as cortes de madrid.
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