18 de março de 2005

semana de juan del enzina, parte 5. epílogo com drama

triste españa sin ventura
todos te devem llorar.
despoblada de alegria,
para nunca en ti tornar,
tormentos, penas, dolores
te vinieron a poblar.
sembróte dios de plazer
porque naciesse pesar;
hizote la más dichosa
para más te lastimar.
tus vitorias y triunfos
ya se hovieron de pagar;
pués que tal pérdida pierdes,
dime en que podrás ganar.
pierdes la luz de tu gloria
y el gozo de tu gozar;
pierdes toda tu esperança,
no te queda qué esperar.
llevote todo tu bien,
dexote du desear,
porque mueras, porque penes,
sin dar fin a tu penar.
de tan penosa tristura
no te esperes consolar.


esta canção (que aqui posto na extensão de texto que cantei muitas vezes) é um lamento pela morte do filho varão dos reus católicos, joão, em outubro de 1497.
a morte do filho varão provocou um sentimento de perda no reino provavelmente comparável ao que aconteceu em portugal com a morte de sebastião (não muito longe cronológicamente).

o principe joão de espanha era um rapaz fraco fisicamente, mas casou com uma fogosa princesa austríaca de seu nome margarida.
consta que a exigência física demandada pela fogosa senhora deu cabo do futuro rei de espanha.
como escreveu o cronista espanho pedro mártir:

'preso en el amor de la doncella, ya está demasiado pálido nuestro joven príncipe.
los médicos, juntamente con el rey, aconsejan a la reina que alguna vez que otra aparte a margarida del lado del príncipe, que los separe y les dé treguas, alegando que la cópula tan frequente constituye un peligro para el príncipe.
una y outra vez la ponem sobre aviso para que oberve cómo se va quedando chupado y la tristeza de su porte; y anuncian a la reina que, a juicio suyo, se le pueden reblandecer las médulas y debilitar el estómago. le instan a que, mientras sea posible, corte y ponga remedio al principio.
no adelantan nada.'
(pedro mártir de anglería, epístola 176, espistolario).


esta canção do juan del enzina é das coisas mais bonitas que já alguma vez cantei.
tem uma intensidade drámatica deslumbrante.
lembro-me uma noite de fevereiro, há uns anos, em que dei por mim a cantar isto com mais um grupo de amigos na rua, ali para os lados da estrela.
estava nesse momento um bando de franquistas a ocupar as cortes de madrid.

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