Os encontros com pessoas que não revemos há uns dez anos, são sempre um pouco estranhos e no início incómodos.
Passada aquela fase, não envelheceste nada e está tudo na mesma, (grande mentira), adaptamos o discurso, no caso uma conversa português/italiano, com algum recurso à mímica e a outras linguas auxiliares ( inglês e francês).
Alegremente percebemos que eles odeiam tanto o Tabucci, como nós o Saramago e eventava o italiano, como os espanhóis desgostam do Almodovar.
E foi assim que me sugeriram ler o Sergio Atzeni, sobre o qual um deles escreveu um artigo que vai ser publicado na "Ler". Como desconheço de todo , vou mesmo ler sem aspas. Acharam estranhissimo que eu conheça o Cesare Pavese, o Calvino e sobretudo o Andrea Camilleri. Ora o comissário Montalbano, do Camilleri é exactamente uma das minhas paixõezinhas secretas. Como neste país ainda achamos que a literatura policial é uma arte menor, ninguém mais tinha lido nada do senhor. Fiquei reluzente, de impante que me senti.
Acho graça a estes encontros, em que acabamos com uns papelinhos cheios de notas e referências e também cobertos de pó de estarmos a manusear fotografias antigas. Fundamentalmente satisfeitos, porque apesar da distância e tempo, continuamos a saber rir juntos e a construir formas de entendimento.
É bom isto e eu gosto.
(claro que acham Portugal muito melhor que Itália... Quem sou eu para desmentir essa ideia? )
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