A imagem não sai da minha cabeça. O velho que atravessa a cidade como se ela não existisse. Mas o ar dele está a deixar de ser digno. Está amargurado. Como se tivesse perdido metade da alma. Parece recriminar-se por isso. Olha para o passado e por isso não vê a cidade. É incapaz de olhar para a frente, desistiu de viver no momento em que perdeu a tal metade da alma. Provavelmente nunca teve aquilo que julga ter perdido. Franze o sobrolho como se o estivessem a picar com uma agulha. Devem ser as tais imagens que, como raios, aparecem na sua frente. Para as afastar fala sozinho. Conversa consigo próprio. Assim a dor é mais suave.
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