3 de janeiro de 2004

Também ando com uma dor de dentes num dos dentes de trás do lado esquerdo. Isto passa sempre para o maxilar porque tenho uma má distribuição qualquer da pressão no maxilar e de tempos a tempos começa a doer-me imenso. Aulins e Brufens esta semana já perdi a conta. E agora que me lembram de dentistas, a última vez que estive num, era fim de tarde e em frente da cadeira onde estava nessa tal posição meio sentado meio deitado estava a janela que dava para a rua a receber aquele sol tardio e fraco que já não arde os olhos. Via-se o prédio do outro lado da rua, o sol na parede pintada, o sol nos vidros, o sol reflectido era uma coisa bonita. Apeteceu-me escrever, obviamente que não podia, tentei reter mas a minha memória é tramada e nada dura muito aqui dentro (da minha cabeça). Bom, seja como for era uma coisa bonita. Tinha chegado ao dentista depois de uma pequena viagem do comboio e deve ter sido o pó no ar da época (início de verão ou perto) que me deixou sonolento e mole e cansado. De modo que olhava para a rua pela janela e a vontade de adormecer era imensa. Aquele sol de fim de dia estava a provocar-me, já sentia os olhos pesados. E tudo isto com as mãos do dentista, da assistente, o pequeno espelho, uma broca, e um aspirador eternamente mal colocado dentro da boca. Anestesiou-me mais o sol que as injecções todas que me deu... deve ter sido de tanto sono que não senti muito. Mas lá tive sorte e aguentei-me. Adormecer na cadeira teria sido ridículo (ou talvez mortal). Mas somos ridículos todos os dias, pelo menos eu, e como a minha vida ainda vai longa pela frente isto seria um detalhe insignificante. Mas felizmente aguentei-me.

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