Ontem passaram na nossa rua, orgulhosos da vitória e com vontade de serem mimados pelos fregueses, que não lhes pouparam carinho. Fotografia Miguel Gil O Alto do Pina é que é:)
Desenho de Tagarro para um conto de Eduardo Frias no Magazine Bertrand em 1928.. A história é a de um rapaz demasiadamente "colado à mãe. Os rapazes devem imitar os pais, visto que são homens". Tão bonito como o texto são os poderosos desenhos de Tagarro.
Há uns anos em Lisboa, ainda se viam afixados em janelas de caves, uns pequenos cartazes com os dizeres "Apanham-se malhas". Geralmente eram senhoras de idade que executavam esta tarefa de reabilitar as collants, por vezes provisoriamente remendados com cola. Agora deitam-se fora, sem dó nem piedade. E essas senhoras também desapareceram por completo. Modas e Bordados, 1950
Ontem no metro, entro ao mesmo tempo que uma senhora frágil mas decidida, provavelmente octagenária. Senta-se e começa logo a conversar. Conta que apanha o metro só para se distraír e falar com as pessoas boas que encontra. Apesar dos muitos filhos e netos, prefere conversar do que lhe dóí com estranhos. Mas ressalva segunda vez, estranhos que sejam boas pessoas. Sabem, porque eu tenho um carcinoma, que é uma coisa má. Tinha uma ferida que não curava e o médico há dois dias, disse-me que tenho de ser operada. Por cinco anos não me vou preocupar, mas é uma coisa muito má mesmo. Sabem os senhores, carcinoma é cancro. Mas eu vou vencê-lo, não vai dar conta de mim. Faz-se um grande silêncio e ninguém sabe o que lhe responder. Seguimo-la com os olhos, quando se despede, enérgicamente e caminha apressada para a saída. E a imagem que me fica é o seu olhar, desafiante e intenso.
Em minha casa liam-se muitas revistas ( para além dos jornais), desde a Flama, Século Ilustrado e Paris Match. às revistas de bd do meu irmão João, às revistas francesas de modas e bordados da minha avó e outras tantas que já não recordo. Talvez se deva a isso o meu fraco por revistas velhas e gostar de as reler. Impus a mim mesma fazer alguma triagem, agora que vou reorganizar o espaço. Mas confesso que até a alma me dói. Entretanto, sorri ao reencontrar este anúncio do sabão clarim e surpreendo-me com a elaboração do texto.
O Armando Ferreira está quase esquecido actualmente, embora tivesse sido um sucesso na época em que viveu, assim como acontece com André Brun. Eu descobri-o tardiamente e gosto de me sorrir com os finos e irónicos retratos que traça da sociedade lisboeta. Encontrei este belo livro nos leilões do Espaço Ulmeiro, que a quem não conhece, recomendo. Quanto à capa, talvez seja do Stuart, não sei. Sei que a da segunda edição foi desenhada por ele, mas esta é a terceira. Quem sabe?
Outra capa da Eva, da autoria de Maria Adelaide Lima Cruz. Gosto destas mulheres, lembram-me o Raymond Chandler e as suas perigosas e belas personagens.
Gosto de folhearr as Revistas Eva que tenho vindo a amontoar sem grande método. Esta capa encantou-me, de autoria de Maria Adelaide Lima Cruz. E fico a pensar como estão tão esquecidas estas mulheres ilustradoras e pintoras das primeiras décadas do século XX. Revista Eva, 1932
Tomava o seu primeiro almoço no Jardim Fernando Pessa.Olhava as pessoas, refugiado à sombra de uma árvore e ia mastigando um "panito". Fiquei a pensar, no que seria a sua história de vida e o que tinha levado a estar assim.