6 de abril de 2011

o mercado dos palpites em mais duas partes

1.
o ‘socialista’ dominique strauss-kahn, antigo candidato à presidência do partido socialista francês e actual presidente do fundo monetário internacional (fmi) afirmou numa entrevista conjunta ao washington post, la repubblica e el pais, que o principal problema de portugal ‘não é tanto de dívida pública como de financiamento dos bancos e dívida privada’.
afinal o problema não é o estado português ter uma dívida incomportável, mas sim os bancos, as empresas e o portuguesinho que gasta muito mais do que aquilo que tem?
estou já a imaginar o inenarrável e incontrolável miguel relvas a saltar a terreiro com aquela incomparável incontinência verbal a debitar 3465 palavras por minuto sem que o ar lhe falte a dizer que não senhor, que a culpa é toda da dívida pública (que por acaso é muito inferior a muitas das economias sólidas..).

2.
hoje foi noticiado que o instituto de gestão financeira da segurança social teria estado a vender algumas das suas aplicações em títulos estrangeiros para comprar títulos de tesouro da república portuguesa no leilão de hoje.
os comentadores do mercado de palpites vieram imediatamente clamar contra esta iniciativa de aplicar os fundos que garantem a sustentabilidade das pensões em títulos duma república que não pode garantir o seu pagamento (uma espécie de títulos da ‘operação coração’ de que os benfiquistas devem estar lembrados, aplicada à república portuguesa).
sendo para mim estranho que sejam os senhores dos bitaites económicos a avalizar a incapacidade do estado português para pagar e, mais estranho ainda, que defendam que o instituto de gestão financeira da segurança social deve aplicar os seus fundos no estrangeiro quando o estado de quem eles dependem (e se por acaso falir, nem o fundo nem as pensões se salvam) precisa desses mesmos fundos.

4 comentários:

Paulo Nunes disse...

Resta perguntar quem empresta dinheiro ao estado...
Os factores não são independentes uns dos outros.

Carlos Caria disse...

Resta perguntar, pelos capitais dos depositantes, que desapareceram do sistema bancário, tendo o estado Português avalisado, novos emprestimos, os quais constituem o nosso endividamento externo, que agora os Fitch, Moodys e outros sub-sistema do falido complot bancário, não consegue mais esconder dos Portuguêses.
Assim pagas 10 e mais para embelezar os balanços da máquina e a morte de sistema durar só mais um pouco.

carlos disse...

quem empresta dinheiro aos estados são outros estados, bancos que usam dinheiro que tomaram de empréstimo avalizados pelos estados (alguns deles, os mesmos a quem depois emprestam com juros muito superiores) e os especuladores financeiros que foram salvos do monte de tampa em que colocaram a economia mundial

Miguel Gil disse...

Parece estranho mas não é! Os bancos são financiados pelo BCE e pelo Banco Europeu do Investimento para comprarem divida pública dos países europeus. São financiados entre 1% e 2% para comprarem dívida rentabilizada a 5%, se paga a seis meses, ou 10%, se paga a 6 anos.
Parece mais estranho mas também não é! Os bancos são financiados a 2% para 'oferecerem' crédito aos portugueses a 34,5% a um ano, se crédito pessoal, o que engloba tudo o que adquirimos sem ser em numerário.
Parece estranho mas não é! Os bancos e os ditos mercados beneficiam que hajam países com pessoas de médios rendimentos. Por isso andam nervosos.
Citando: ‘Quem anda a ficar nervoso sou eu e eu não sou mercado’