20 de maio de 2010

O cinema: uma breve viagem

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Este precioso manual de instruções a 2Ds (divertido e datado) pode ser analisado de modo geral como contendo, numa das suas vertentes, normas do senso comum e na segunda, conselhos próprios de uma época.
Numa geral apreciação e fazendo o salto para a actualidade, ir ao cinema já não tem a mesma magia: o cafezinho no intervalo (há excepções, mas não nas salas comuns), a importância de que se revestia a visita, a discussão animada sobre o filme já de regresso a casa.
Hoje incomoda, a título pessoal, o cheiro a pipocas, os ruídos de mastigação, os espaços apropriados para pousar o copo do refrigerante, a dose massiva de publicidade a películas de ficção duvidosa recheada de inestéticos efeitos especiais (existirá uma propensão colectiva para histórias apocalípticas de “trazer por casa?”)… os filmes surpreendem menos do que quando deparávamos, inesperadamente, com alguns espécimes do cinema europeu. Seguem-se as regras sugeridas na obra Cortesia Feminina da italiana Milena Albanese e traduzidas, em 1960, como


Decálogo da espectadora «inteligente»:
1- Informar-se sempre do valor moral e artístico do filme que se deseja ver.
2- Não entrar nunca numa sala de espectáculos, só ou em companhia de gente de porte duvidoso.
3- Saber ver e julgar em linguagem cinematográfica: fotografia, montagem, sonorização, diálogo, assunto, valores morais, religiosos, artísticos e culturais.
4- Não ser escrava do cinema.
5- Não adorar as «beldades» cinematográficas.
6- Não macaquear as «estrelas» no vestir, falar, caminhar, pentear-se, etc.
7- Não fazer apreciações, nem ler as legendas em voz alta.
8- Não antecipar o desfecho da película.
9- Na sala cinematográfica, não julgar lícito ao grupo o que é ilícito ao indivíduo.
10- Usar do cinema como meio de distracção e poderosíssima escola de educação e cultura.

5 comentários:

José Quintela Soares disse...

Pipocas e o cheiro fastidioso, latas de refrigerantes no chão, mastigações ruminantes, alaridos alarves, sessões quase contínuas, fraca qualidade da generalidade das películas, condições acústicas deploráveis.

Algumas das razões que me afastaram das "salas".

teresa disse...

... e aqui foi alterado o "mandamento" nº9 do frequentador de salas de cinema, caro José Quintela Soares: passou a ser lícito ao grupo o alimento do corpo (se é que pipocas o são) e é ouvir ruídos de deglutição de alimentos sólidos e líquidos para desconcertrar/desconcertar... atrever-me-ia a afirmar que o alimento do espírito terá passado a um plano secundário.

teresa disse...

desconcertar/desconcentrar

almariada disse...

por volta dos 17 anos uma amiga disse-me que ia muitas vezes sozinha ao cinema, ideia que nunca me tinha ocorrido! :)

antes disso, seria o ano de 1977, de visita a uns tios emigrantes, fui ao cinema em Toronto, Canadá, e já era muito pior do que agora é aqui! :)

teresa disse...

Foi precisamente com essa idade que comecei, ocasionalmente, a ir sozinha ao cinema (primeiro filme: Fernão Capelo Gaivota no Apolo 70),portanto a ideia também me ocorreu:)

Quanto à prática das pipocas (até já me contaram terem comido - por cá - bacalhau com natas no cinema, imagine-se! para não perderem filme nem almoço...), é certo que já vem dos States & Canada, apesar de cada um deles se afirmar com inúmeras diferenças do vizinho...