13 de janeiro de 2010

O MEDO, NEGÓCIOS, O RAIO QUE OS PARTA...

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A Organização Mundial de Saúde anunciou que irá pedir a peritos independentes uma auditoria à sua gestão da gripe H1N1, depois de se intensificarem críticas de que terá cedido aos interesses das farmacêuticas, empolando os riscos da doença.
Em causa estão as críticas endossadas a esta organização das Nações Unidas, que declarou a passagem ao grau de pandemia no início do Verão passado, devido à progressão do vírus H1N1.
A queixa do Conselho da Europa sugeria que devia ser averiguado se as empresas farmacêuticas terão sido influenciadas por dirigentes das autoridades de saúde no sentido de gastarem dinheiro em reservas de vacinas desnecessárias. Recorde-se que em Julho e Agosto o Mundo assistiu a uma corrida à reserva de vacinas ainda não desenhadas e para as quais tiveram de ser desenvolvidas linhas industriais de fabrico.
Criaram o medo, instalaram o pânico. Os jornais, as televisões ajudaram à festa, médicos e farmacêuticos colaboraram, a ignorância dos povos – o medo? – fez o resto. O mar a bater na rocha e a sabermos qual é o resultado…
Um mundo de sacanas, como diria o Jorge de Sena se por aqui ainda andasse…
O resultado são negócios chorudos de laboratórios, farmacêuticas, tutti quanti.
Pânico criado infundadamente. ou o escândalo do século como já lhe chama
Enão os podermos exterminar!...
Lá tem que ir pedir ajuda ao Alexandre O’ Neill, ao seu poema pouco original do medo.:

“O Medo vai ter tudo
pernas
ambulâncias
e o luxo blindado
de alguns automóveis

Vai ter olhos onde ninguém os veja
mãozinhas cautelosas
enredos quase inocentes
ouvidos não só nas paredes
mas também no chão
no tecto
no murmúrio dos esgotos
e talvez até (cautela!)
ouvidos nos teus ouvidos

O medo vai ter tudo
fantasmas na ópera
sessões contínuas de espiritismo
milagres
cortejos
frases corajosas
meninas exemplares
seguras casas de penhor
maliciosas casas de passe
conferências várias
congressos muitos
óptimos empregos
poemas originais
e poemas como este
projectos altamente porcos
heróis
(o medo vai ter heróis!)
costureiras reais e irreais
operários
(assim assim)
escriturários
(muitos)
intelectuais
(o que se sabe)
a tua voz talvez
talvez a minha
com a certeza a deles

Vai ter capitais
países
suspeitas como toda a gente
muitíssimos amigos
beijos
namorados esverdeados
amantes silenciosos
ardentes
e angustiados

Ah o medo vai ter tudo
tudo

(Penso no que o medo vai ter
e tenho medo
que é justamente
o que o medo quer)

O Medo vai ter tudo
que se tudo
e cada um por seu caminho
havemos todos de chegar
quase todos
a ratos

Sim
a ratos”

5 comentários:

Gin-tonic disse...

A imagem que ilustra o post é um quadro de Edward Murch - "O Medo".
Pelo lapso, pede as devidas desculpas.

luis tavares disse...

Deixa lá que o Munch não se importa...

gin-tonic disse...

Ainda mais desculpas por outro lapso. Há dias assim, lamentáveis.
Obrigado Luis Tavares.
Um abraço

Unknown disse...

... E o medo não leva a « O Grito»?
Bolas, que estes seguidores são mesmo uns chatos!

Gin toda a situação a comprovar-se é abominável, claro.
Até me custa a acreditar, sinceramente.

almariada disse...

obrigada por recordar o poema! :)