10 de janeiro de 2010
Joanna MacGregor: uma 'miragem auditiva'
Joanna MacGregor deu ontem um recital na Culturgest. Em ambiente intimista – o reduzido público sentado em cadeiras em torno do magnífico Steinway só assim poderia beneficiar de uma acústica de excelente qualidade – escolheu para a primeira parte a alternância de passagens de Bach com Chostakowitch, confirmando, deste modo, as influências que o segundo recebeu do grande compositor barroco. Em tom coloquial, poder-se-ia mesmo afirmar-se que o bolo de camadas resultou numa receita de sucesso.
Com um currículo significativo e uma experiência diversificada, o que anula a ideia de que a música deve forçosamente encontrar-se arrumada ‘em gavetas’, MacGregor demonstrou perante uma assistência emudecida a sua destreza enquanto pianista de jazz. Apresentando temas aos quais imprimiu um cunho muito próprio enquanto orquestradora (a sua experiência enquanto maestrina é notória) , deliciou o público com Villa-Lobos, Gismonti, Edu Lobo, Baden Powell e Vinicius de Moraes, concluindo o recital com seis tangos de Astor Piazzola em arrojado arranjo musical.
Atendendo a que opiniões são subjectivas e, como tal, discutíveis, pareceu à escriba ter resultado melhor – apesar da irrepreensível interpretação ao longo das duas horas de concerto – a primeira parte do recital. A sensação deveu-se não ao virtuosismo da pianista mas porque, em opinião pessoal, existem peças que exigem um ‘maior preenchimento de som’, fazendo sonhar com diversas sonoridades instrumentais a completar o piano.
Joanna MacGregor aqui
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