12 de novembro de 2009

confraria das quê???

esqueçam tudo o que já pensaram sobre a confraria dos nabos....

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trocarão receitas?
lutam pela preservação e divulgação das almas?
terão feito uma petição para anular o decreto do bento 16 que determinou o fim do limbo (tornando inúteis as rezas pelas almas do purgatório...)?

10 comentários:

Alexandre Marques da Cruz disse...

Caro Carlos,

Acho bastante estranho o seu post que, no mínimo mostra má vontade para algo que, demonstra, não conhecer.
As suas opiniões pessoais sobre a Igreja Católica são um direito que lhe assiste totalmente e vêm de factores da sua história pessoal que conhecerá mais intimamente que qualquer outra pessoa incluindo eu. No entanto confraria tem um significado mais lato, e um uso, do que as confrarias de vinho e comida. Confrarias religiosas existem na história de Lisboa, por exemplo, desde tempos imemoriais e a elas se devem obras sociais de maior importância e monumentos como a Igreja de Nossa Senhora da Oliveira. Por outro lado limbo não é o mesmo que purgatório. Queira, por favor, informar-se convenientemente.

T disse...

Não classificaria assim de confraria de nabos, de forma tão ligeira. O culto dos mortos sempre existiu e se o catolicismo ajuda de certa forma a suportar as nossas percas humanas, que o faça da maneira que as pessoas o desejarem. A religião é um assunto muito íntimo. Mesmo.

carlos disse...

caro alexandre,
caríssima t,

o meu post é irónico. coisa que, agradeço, me facultem a possibilidade de ser, mesmo em questões tão pessoais e íntimas como a religião.
não chamei de confraria dos nabos à confraria das almas. disse: 'esqueçam tudo o que já pensaram sobre a confraria dos nabos'.
nada tenho contra as confrarias de almas, como não tenho contra as confrarias de nabos, a confraria da chanfana ou as confrarias ou fábricas das igrejas que fizeram obras em favor das suas crenças.

caro alexandre,
o limbo, aquele espaço agora vazio por 'decreto' papal, era o local onde estavam armazenadas as almas dos que, por exemplo, não tendo sido baptizados, ainda estavam sob efeito do pecado original, sendo que o purgatório será mais uma espécie de play-off para escolher os que terão direito a subir ao céu, não por efeito das suas obras, já que estão mortos, mas por efeito das orações dos que cá ficam e oram por eles purgando-os dos pecados que cometeram enquanto vivos.
e é esse o nobre objectivo desta confraria.

tem todo o direito a ficar ofendido e estranhado pela minha irónica observação, do mesmo modo que eu estranho que ache que essas minhas opiniões virão de algum trauma da minha vida pessoal que eu conhecerei mais intimamente.
essa ideia de que os crentes são normais e os não crentes são portadores de uma qualquer deficiência, desculpe que lhe diga, mas é um bocadinho falta de abertura.
do mesmo modo, achar que qualquer assunto que se relacione com as crenças religiosas sejam coisas desaconselhadas de ser objecto de ironia, me parece um pouco abstruso.

mas agradeço-lhe a preocupação, e seja sempre bem vindo.

T disse...

A ironia caracteriza-se fundamentalmente pela subtileza. No caso do teu post esta foi inexistente.
É com essa forma de dizer as coisas com que discordo, de resto todos nós pensamos como quisermos.

carlos disse...

a ironia e a subtiliza dependem de quem escreve, de quem lê e o objecto da escrita.
muitas graças a deus e poucas graças com deus, diriam a minha avó, para quem nunca existiriam subtilezas ou ironias aceitáveis quando de deuses se tratasse.

mas gosto particularmente da ironia e da subtileza contida nos factores da minha história pessoal que me levam a escrever o que escrevo..

Anónimo disse...

Os talibãs católicos logo apareceram.

Alexandre Marques da Cruz disse...

Caro Carlos,
aceito os seus comentários porque não me conhece. Se me conhecesse saberia que sou tudo menos um católico tradicional. Eu diria antes que graças com Deus muito. Se pensa alguém que ofende Deus por fazer piadas sobre Ele têm, estes, uma visão muito redutora de Deus. Quem se ofende são os homens.
O meu reparo foi somente dirigido ao tom subjacente ao seu post que, deixe dizer-me, nada teve de subtil mas antes bastante leviandade e foi com base nele que fiz a minha análise - pouco fundamentada, aceito - que teria problemas pessoais e íntimos com a religião. E já que se obrigou a pesquisar as diferenças entre Limbo e Purgatório, sobre ambos tendo eu uma ideia muito pouco ortodoxa para um "taliban" católico, poderia ter, igualmente, pesquisado sobre as confrarias religiosas antes de fazer o seu post que ficaria assim mais rico e talvez teria conseguido atingir a piada, o que não aconteceu.
Preocupemo-nos, anónimo das 13:06 com os taliban católicos e, de igual medida, com os talibans anti-católicos que são tão nocivos como os primeiros.

carlos disse...

caro alexandre,

não assumi, pelos seus comentários, que fosse um católico tradicional ou não.
penso que isso seja irrelevante para o caso.
gosto que as pessoas defendam as suas ideias, as suas opções, as suas crenças.
sejam elas quais forem.

sendo ateu desde que me conheço e tendo tido uma educação católica por parte dos meus pais, não tenho nada contra aqueles que entenderam educar-me da forma que acreditavam firmemente ser a que melhor correspondia aos meus interesses.
só lhes tenho a agradecer os exemplos de educação e de comportamento que me deram ao longo da vida.

as crenças e as fés são doutro campeonato.
tal como diz, e com razão, que não o conheço, de igual modo lhe digo que, seguramente, me conhecerá mal.
sendo ateu, e fazendo sempre, repetidamente, essa declaração de interesses, a questão das religiões é um assunto que imensas vezes foi discutido nesta casa e, a maior parte das vezes, por iniciativa minha.

a mim interessa-me a questão histórica.
a outros interessará mais a questão da fé.
cada um preocupa-se com o que acha que se deve preocupar.
obviamente lhe reconheço o direito de questionar as minhas opiniões.
mas reconheço-me a mim igualmente o direito de achar que fazer alusões a uma espécie de traumas no meu percurso histórico para justificar a ‘anormalidade’ da minha falta de fé, é uma forma um pouco enviesada de ver a questão.
é tão normal ter fé como não a ter.
o alexandre tem.
eu não.
o mundo é tão simples quanto isto. não se divide entre crentes normais e ateus anormais. é composto de pessoas com ideias e sentimentos diferentes.
questionar ironicamente que algumas pessoas se juntem num a qualquer forma de associação com vista a rezar por ‘almas’, é um direito que me assiste.
do mesmo modo que a si lhe assiste o direito de achar que eu sofro de um qualquer trauma mal resolvido seja em que parte for da minha vida.

aquilo que me é mais estranho nisto, é que se eu fizesse um texto sobre a utilidade da oração pelas almas, seria uma coisa normal.
como acho que as almas, o céu, o inferno (agora também papalmente assumido uma metáfora), o limbo, o purgatório não existem e acho que orar por isso é um absurdo, sou um tipo que mostra má vontade e manifesto completo desconhecimento (por coisas que para mim não existem…)




alguns dos textos que versão a questão da religião e dos seus dogmas (garanto que a relação pode ser bastante extensa..):

http://diasquevoam.blogspot.com/2006/07/um-enorme-passo-para-humanidade-dizem.html

http://diasquevoam.blogspot.com/2006/10/o-baptismo-e-intolerncia-religiosa.html

http://diasquevoam.blogspot.com/2007/05/o-limbo-poeira-para-os-olhos-ou-cmara.html

http://diasquevoam.blogspot.com/2005/05/centenas-de-anos-e-muitos-milhares-de.html

http://diasquevoam.blogspot.com/2007/10/pedido-de-inacio-steinhardt-o-que-este.html

Alexandre Marques da Cruz disse...

Caro Carlos,

obrigado pelo seu extenso post.
Volto a escrever que o que me fez comentar o seu post não foram as suas ideias sobre a religião, fé ou (des)crença. De facto sobre elas não nos diz nada que seja, propriamente, um argumento a favor ou contra, algo que possamos de alguma forma discutir, argumentar ou contra-argumentar.
O meu reparo foi, exactamente, sobre a forma caricata, menor e nada antropológica como nos apresenta "esta bizarria da Confraria das Almas" que, como nos informa, não sabe o que fazem na realidade:
««...trocarão receitas?
lutam pela preservação e divulgação das almas?
terão feito uma petição para anular o decreto do bento 16 que determinou o fim do limbo (tornando inúteis as rezas pelas almas do purgatório...)?»»
Diz-nos que se interessa pela religião do ponto de vista histórico. Acredito que sim mas somente porque nos informa sobre o facto e não porque deduzi do seu post que de vertente histórica não tem nada. E como lhe disse a Enciclopédia que consultou limbo e purgatório não são a mesma coisa.
Caro Carlos, não há assuntos tabu e a religião é um assunto tão bom como qualquer outro para se analisar e discutir, e brincar. Mas é um assunto tão inconveniente como qualquer outro quando se ridiculariza levianamente.

teresa disse...

Não pretendendo opinar directamente sobre esta matéria do post - as questões de fé são pessoais e muitas vezes intransmissíveis - gostaria , já que dediquei boa parte da existência a estudar estas questões de eventuais destinos 'post mortem' a deixar referência ao grande medievalista Jacques Le Goff que referiu (após aturado estudo) ter sido o 'purgatório' uma criação da Igreja na Baixa Idade Média (penso que em XIII). Não tendo encontrado o livro, deixo a seguinte referência:
http://adrianaromeiro.blogspot.com/2009/04/o-nascimento-do-purgatorio.html

Ainda sobre esta 'simbólica do Além' (como lhe chamei no meu 'trabalhoso' trabalho cujo maior livro de consulta acabou por ser a Bíblia):

Jean Delumeau, Uma História do Paraíso e ainda
Georges Minois, Uma História dos Infernos

Quanto ao limbo, penso que as mentes esclarecidas/atentas ou seja lá o que for 'fés e convicções à parte' - no pré ou pós abolicionismo do 'local' - chegarão pacificamente a consenso.