25 de outubro de 2009

CONSELHOS INÚTEIS A NINGUÉM...

“Não casar com mulher nova.
Não procurar a companhia de gente nova, a menos que ela o queira.
Não ser impaciente, nem rabugento, nem desconfiado.
Não depreciar o presente, as suas concepções, modas, homens, guerras, etc.
Não ser doido por crianças, mas também não as repelir.
Não estar sempre a contar a mesma história às mesmas pessoas.
Não ser avarento.
Não negligenciar o decoro, ou o asseio, para não cair na sordidez.
Não ser demasiado severo para com a gente nova, mas ser tolerante para as suas loucuras e fraquezas.
Não ser influenciado, nem dar ouvidos a ditos e mexericos de criados, ou seja de quem for.
Não estar sempre a dar conselhos, a menos que mos peçam.
Pedir a alguns bons amigos que me apontem, entre estas resoluções, aquelas que eu não tiver cumprido ou tiver negligenciado, e em quê; e modificar-me de acordo com essas críticas.
Não falar demais, sobretudo de mim.
Não me gabar da minha beleza passada, da minha força, nem do meu valimento junto das damas, etc.
Não dar ouvidos à lisonja, nem pensar que posso ser amado por uma jovem.
Não ser categórico nas minhas afirmações, nem teimoso.
Não me dispor a cumprir todas estas regras, por receio de não observar nenhuma delas”.

Jonathan Swift, 1699.

4 comentários:

Anónimo disse...

etc? este excerto é donde?

gin-tonic disse...

Caro anónimo: infelizmente não sabe responder à sua pergunta. Encontrou o recorte dentro de um livro - e nem sequer era "As Viagens de Gulliver - sem indicação de data e nome do jornal. Estaria dentro do livro há mais de 30 anos. E as vezes que encontrou o texto sempre o viu atribuído a Swift.

teresa disse...

Em algumas particularidades fez-me lembrar um livro para todas as idades e, guardando este excerto (a título pessoal tão útil) nos arquivos, faço copy/paste:

(...) sempre me pareceram uns chatos esses pais empenhados em serem «os melhores amigos dos filhos».Vocês, gente nova, devem ter amigos da vossa idade: amigos e amigas, claro. Com os pais, os professores e outros adultos, no melhor dos casos será possível que se dêem razoavelmente bem, o que já é alguma coisa. Mas para um rapaz dar-se razoavelmente bem com um adulto inclui, às vezes, ter vontade de o afogar. Se eu tivesse quinze anos, coisa que não é provável que volte a acontecer-me, desconfiaria de todos os mais velhos demasiado «simpáticos», de todos os que parecessem querer ser mais novos do que eu e por sistema me dessem razão. Estás a ver, os que estão sempre a dizer que «os jovens são porreiros», «sinto-me tão novo como vocês», e outras prendas do mesmo estilo? Olho neles! Com tanta graxa, alguma coisa devem ter na ideia. Um pai ou um professor como deve ser têm de pesar um bocado, ou então não servem para nada. Para novo, bastas tu.

Fernando Savater, Ética Para um Jovem

Joao Augusto Aldeia disse...

Pode não ser um excerto de nada, apenas um apontamento avulso: manuscrito.