28 de junho de 2009

Blue Hawaii

… e surgiu um inesperado prémio: a partida para uma ilha -santuário. Com tal surpresa, há que não lamentar a jornada, tendo em conta a curta permanência de 8 dias, o enorme desfasamento horário e um salto sem rede de regresso à pesada rotina profissional.
O grupo de viajantes, vindos de diversas paragens, teriam como ponto de encontro a cidade de Honolulu.
Escala com partida de Lisboa: S. Francisco, ilha de Havai e, no final, Kauai, uma proposta de paraíso.
Escolha do roteiro turístico em S. Francisco com opção pessoal para o da National Geographic já que na prateleira da livraria havia, no mínimo, 10 possibilidades para um curto tempo de permanência no aeroporto.
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Ao contrário de Honolulu com prédios descaracterizados e ostentando uma réplica kitsch do Big Ben, profusão de pardieiros de fast food , casas de piercings e tatuagens, entre outros, a maravilhosa Kauai não possui edifícios altos, as políticas ambientais impedem-no, sendo a regra escrupulosamente respeitada e as áreas comerciais concentradas em locais delimitados.
Por ruas e jardins luxuriantes de hotéis correm, em liberdade, bandos de minúsculas aves de capoeira.
Do areal de praias selvagens avistam-se, ao longe, imponentes baleias. Tendo servido como cenário a filmes como South Pacific, Blue Hawaii e Parque Jurássico, sentimo-nos somewhere over the rainbow.
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Na história da emigração local encontram-se portugueses, sobretudo da ilha da Madeira que para lá foram trabalhar em plantações de cana do açúcar, principal cultura local. Andar a pé só se torna possível em zonas agrícolas ou no areal, as enormes estradas sem zona pedonal e o calor dificultam a tarefa . Uma motorista de táxi, de origem asiática, explicou que a sogra já falecida era portuguesa, tendo lembrado a expressão utilizada pela senhora no meio de frases em inglês : “ai a minha vida!” – a algum custo descortinei o que me dizia, tendo feito a tradução, para ela surpresa.
O coro local entoa sons gospel acompanhados unicamente pela harpa, actuando igualmente o instrumentista em restaurantes da terra, tendo sido encontro casual durante um jantar.
Na livraria , surpreendeu um exemplar havaiano de cozinha portuguesa cuja receita de caldo verde consistia em versão muito livre com adição de feijão branco. Do tratado constava igualmente uma receita de bolinhos de bacalhau ao qual se adicionava uma erva aromática desconhecida de qualquer europeu e sem tradução encontrada.
O modesto restaurante da senhora Hamura foi escolha por vir anunciado como pequena maravilha no roteiro: a recepcionista do hotel ficou entre a contenção de riso e o susto, quando percebeu para onde deveria enviar o táxi. À chegada, todos os comensais olharam de alto a baixo os forasteiros. O assento colectivo era em redor de um balcão em fórmica laranja, num pré-fabricado de ripas de madeira e enorme ventoinha pendendo do tecto. Um letreiro junto à pequena cozinha em espaço aberto, alertava: “não aceitamos cheques , é proibido colar pastilhas elásticas debaixo do balcão”.
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Cuidado a ter em conta : não procurar sombra sob os inúmeros coqueiros que se encontram na praia - o risco de traumatismo craniano provocado pelos frutos gigantescos que caem inesperadamente é considerável.
A viagem de helicóptero a atrever-se numa entrada em vulcão há muito extinto traduz-se em experiência única.
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Foi um prémio memorável, embora, em opinião pessoal, qualquer deambulação seja sempre emocionante, mesmo quando se realiza ao longo de uma dezena de quilómetros à saída de casa. O necessário é estar desperto para a novidade.

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