17 de março de 2009
... BACK TO CHILDHOOD...
Infância…
Dizem que é onde está tudo… o que somos…
Onde acaba a infância?
Andou por aqui às voltas, bateu à porta da memória. Ninguém abriu.
Possivelmente teve os seus livros de infância. Excepção feira ao “Cavaleiro Andante”, não lembra outras leituras. Tudo lhe aparece para lá da infância. Mas onde acaba a infância?
Mas da infância, como imagem viva, guarda o cinema.
Custava vinte e cinco tostões a entrada no “piolho” do bairro – o “Cine-Oriente”. Aos domingos, quando não havia Benfica, as matinées infantis, as cadeiras de pau, os amendoins, as pevides, os tremoços em cartuchinhos de papel de jornal. E o Charlot. Havia outros filmes, mas o Charlot é que era. Lembra as fitas, velhas, riscadas, cheias de cortes, mas que eram o grande gozo da malta que invadia o “piolho” pelas tardes de domingo. Aquele andar esquisito, aquele rodopiar da bengala, o homenzinho que dava pontapés no cu dos polícias e de senhores gordos. Lembra as gargalhadas da malta, os saltos nas cadeiras de pau, as palmas. As gargalhadas claras e livres, da miudagem frente ao Charlot. Bengalinha e chapéu de coco, um bigodinho perdido por cima do lábio, umas calças exageradamente largas, uns sapatos estafados.
Começou aí a amá-lo.
Cresceram. Ele e a malta das matinées do “piolho”, nos domingos do bairro da infância, onde o Charlot era uma festa. Só mais tarde veio a sentir a universalidade do homenzinho da bengala e chapéu de coco, a sua crítica mordaz à sociedade capitalista, a profundidade do seu lirismo. Então aprendeu que em Charlot fazer rir é uma armadilha para fazer pensar.
E amou-o ainda mais!
Cresceram. Ele e a malta das matinées do “piolho”, nos domingos do bairro da infância, onde o Charlot era uma festa. Só mais tarde veio a sentir a universalidade do homenzinho da bengala e chapéu de coco, a sua crítica mordaz à sociedade capitalista, a profundidade do seu lirismo. Então aprendeu que em Charlot fazer rir é uma armadilha para fazer pensar.
E amou-o ainda mais!
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1 comentário:
Que depoimento, gin. Concordo com alguns quando afirmam podermos ler de diferentes maneiras, e ainda mais com quem diz aprender-se mais com a experiência do que com os livros (embora estes não sejam dispensáveis).
"Fazer rir como armadilha para fazer pensar": aí está o modo mais sublime de levar à gargalhada com repercussão ao longo do crescimento de cada um. Por isso mesmo, nunca consegui entender a graçola fácil, revisteira, do palavrão que todos conhecemos e, por isso mesmo, não é por se repetir um conjunto de lugares-comuns que nasce o humor. Em modesta opinião, o verdadeiro humor é sinónimo de inteligência:)
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