Dedicado à Dona Cruz, pois então, que chama as coisas pelos seus nomes reais e que se vai reformar daqui a uns dias.
"No Bairro da Liberdade, para lá de Campolide, à beira do aqueduto das Águas Livres, mora uma gente que dá gosto vê-la, de simples e honrada que é. A fantasia de quem nunca andou por aquele sítio, emprestou-lhe famas indevidas, tenebrosas, de miséria negra e de vileza turva, que não tem, é um bairro simpático, este bairro da Liberdade. É pitoresco. É amável. É bom"
Citava assim Gustavo Matos Sequeira ,o Diário de Notícias de 28/12/1931.
Acrescenta que lhe chamavam Bairro da Liberdade ou das Minhocas. Mas não concordava lá muito com o elogio enfático do DN. Dizia antes "desagrabílissimo cenário, um bairro simpático não pela beleza mas pela sua pobreza." Nem imaginava Matos Sequeira onde havíamos de chegar em termos de fealdade.
Conheço relativamente bem o Bairro da Liberdade. A solidariedade reindivicativa dos seus habitantes. As relações de vizinhança próximas e intervenientes. Mais de 70 anos depois. Conheço alguns deles, sem papas na língua, e com tendência a tratarem-me por Teresinha.
As realidades mudam: o valor do pobre mas honrado, da sardinha que sustentava uma família, do no poupar é que está o ganho. Tudo é mutável. O Bairro,do prazeiroso nome de Liberdade, fica.
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