Elizabeth Schwarzkopf morreu ontem, com 90 anos de idade. Foi um dos maiores sopranos da história da música. Cantou Mozart como ninguém e revelou-se senhora de uma plástica vocal rara, fazendo teatro puro com a voz. Ouvi-la cantar ópera é um deleite. Ouvi-la cantar qualquer coisa que seja é um delírio. Onde ela ficará, creio, como uma referência definitiva, é nos lieder: Schubert, Schumann, Wolff, Richard Strauss. Ninguém, repito, ninguém, cantou lieder como ela. Será provavelmente o padrão perante o qual todos se comparam. Senhora de um método de trabalho exigentíssimo, a começar por si própria, ensinou enquanto pôde e muito depois de ter deixado de cantar. Deixa escola e um mundo musical aos seus pés.
O seu extenso catálogo, gravado ao longo de uma vida, está aí mesmo à mão. Quem nunca ouviu este assombro que aproveite a oportunidade, que as reedições não se farão esperar.
Recomendações? Sei lá. Mas eu faria assim:
Uma noite de verão como a de hoje. As janelas abertas. Uma bebida fresca. Depois, talvez as Quatro Últimas Canções de Richard Strauss. E o olhar na lua em crescente que hoje nos visita.
Descrever não é possível. Quem tiver ouvidos (e o CD à mão) que oiça.
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