a questão dos cartoons do profeta muhammad (paz esteja com ele) e a liberdade dos povos.

um caricaturista dinamarquês desenhou e um jornal do mesmo país fez publicar uma séria de 12 cartoons em que aparece representado o profeta muhammad (p.e.c.e).

de acordo com as leis muçulmanas não é possível representar a imagem do profeta muhammad (p.e.c.e) nem de nenhum outro profeta (os muçulmanos também não poderiam representar cristo que, para eles, é igualmente um profeta) ou deus.

já há alguns anos a sanha religiosa se tinha virado contra o escritor britânico salman rushdie a propósito dos seus versículos satânicos e de uma série de considerações escritas naquele livro a propósito das idas à montanha do profeta muhammad (p.e.c.e) e de outras coisas menores como a obrigatoriedade das mulheres muçulmanas usarem a cara tapada depois do profeta (p.e.c.e.) se ter apaixonado pela cunhada).
não vou aqui discutir sobre quais as religiões cujos seguidores mais destruíram símbolos de outras crenças (todas têm as mãos demasiado ensanguentadas para poderem falar, mesmo os que não têm religião nenhuma. uma visita ao cemitério do monte das oliveiras basta para tirarmos todas as nossas dúvidas sobre o assunto).
a questão que me interessa neste ponto é saber se independentemente de uma religião considerar que os seus membros devem respeitar determinados preceitos, deve exigir aos não crentes que cumpram escrupulosamente os preceitos duma religião que não é a sua.
eu não sou católico e mesmo assim devo não comer carne à sexta feira? e benzer-me sempre que cruzar um crucifixo? e não invocar o nome do senhor em vão? ou mais prosaicamente como dizia a minha avó e a minha maezinha repetia: muitas graças e deus e poucas graças com deus?
eu que não sou judeu devo abster-me de comer carne de porco? e não ter nenhuma actividade produtiva ao sábado? e deverei virar-me para meca 5 vezes ao dias não sendo muçulmano? e não representar a imagem do profeta muhammad (p.e.c.e.)?

não!
obviamente que não!
mil vezes não!

as religiões dizem respeito a quem as respeita e a quem as segue.
do mesmo como que qualquer outra crença, religiosa ou política.

os 12 cartoons em questão confundem, em muitos casos, o que não deve ser confundido:
o profeta muhammad (p.e.c.e) não deve ser confundido com os fundamentalistas islamistas nem o islão deve ser confundido com o terrorismo.
do mesmo modo que nenhuma religião deve ser confundida com o que alguns dos que se arrogam de seus seguidores praticam (os ultra-ortodoxos judeus são considerados uma espécie de extra-terrestres pelo conjunto da sociedade israelita, por exemplo).

mas também,
o liberdade de crítica não pode, em caso algum ser limitada e nada, mas mesmo nada pode ser intocável:

nem deuses, nem césares, nem senhores !