13 de janeiro de 2006

pequena nota sobre os meus escritos nesta casa

em todos os meus escritos aqui na casa nunca pretendi atingir ninguém pessoalmente.

nem directa, nem indirectamente.
nem quem conheço, nem quem não conheço

quem me conhece sabe ser esse o meu estilo de vida.

já aqui tive discussões sobre o assunto, em que pessoas se acharam atingidas pessoalmente por escritos meus e se sentiram ofendidos pelos meus adjectivos.

repito que os adjectivos que utilizo, mesmo que refiram as pessoas, se destinam às suas opiniões e não aos portador da opinião, isto é, as pessoas.
parecendo complicado esta questão, passo a explicar:
se chamo fascistas ou idiotas às posições de alguém, refiro-me apenas àquelas posições sobre aquele assunto. e não à pessoa em questão.
ou explicando melhor, não estou a dizer que aquela pessoa é um fascista ou que aquela pessoa é um idiota, e muito menos a fazer comparações ou fazer humor desnecessário utilizando a imagem de portadores de qualquer deficiência.

do mesmo modo, o facto de gozar com as crenças e os endeusamentos não tem nada a ver com o facto de eu não respeitar as crenças religiosas das pessoas.
ou, se chamar coxo a alguém, por ter determinada atitude, não estou a fazer nenhum insulto ou a gozar com todos os que tenham deficiências numa perna, ou nas duas.
ou a qualquer outro tipo de deficiência.
física ou mental.

pessoalmente odeio esta nossa nova atitude do politicamente correcto em que não se pode chamar paneleiro a ninguém com medo de ofender os homosexuais.
não se pode chamar cabrão com medo de ofender a esposa.
não se pode chamar idiota porque ofendemos os deficientes mentais.
não se pode chamar negro porque se ofendem os pretos.
não se pode chamar paralítico, porque pode haver alguém que me lê que o poderá ser.

é essa mentalidade castradora e tacanha (espero não estar a ofender nenhum castrado ou portador de tacos) que nos torna a todos quadrados e secos.

nunca assim escrevi.
não escreverei nunca.

esta semana comentava, a propósito do reiser, que um livro daqueles, publicado no começo dos anos 70, jamais seria publicado hoje. que a sua editora seria incendiada por um conjunto de gente ofendida por cada uma daquelas páginas.
o mesmo com o soulas, hoje publicado.
e muitos outros.

cada um de nós não pode achar que quando alguém escreve algo é para nos atingir a nós.

se adjectivam alguém de míope ou cegueta, eu não tenho que me sentir ofendido por usar óculos fundo de garrafa (ok alguns dias uso lentes para disfarçar).

podemos todos ser muito politicamente correctos e escrever coisas que não atinjam ninguém em nenhuma das suas particularidades.

mas a vida será uma merda

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