Raramente leio um livro todo.
Ou salto capítulos, ou ficam a meio.
Às vezes começo pelo meio, outras fico-me por aí.
Acho que fiquei assim desde que comprei as obras completas do Lenine em 52 volumes.
De qualquer modo, houve partes de livros que se me gravaram e modificaram.
Aqui vai um deles.
De eléctrico
(Num carro para Campolide. Dia Sexual)
Uma mulher de carne azul,
semeadora de luas e de transes,
atravessou o vidro
e veio, voadora,
sentar-se no meu colo
na nudez reclinada
dum desdém de espelhos.
(Mas que bom! ninguém suspeita
que levo uma mulher nua nos joelhos.)
José Gomes Ferreira
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