10 de maio de 2005

Expedição ao Pico (III) - Ascensão

A montanha do Pico tem 2351 metros de altura, constituindo o ponto mais alto de Portugal. A sua abordagem efectua-se a partir do porto de Madalena do Pico. Existe estrada até cerca de 1200 metros de altitude. É neste momento que a montanha se começa a desenhar a sério e a mostrar o que é: uma descomunal massa vulcânica resultante de três erupções sucessivas.

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A ascensão começou. São cerca de cinco quilómetros com uma inclinação que atinge 40% em alguns pontos. O solo é formado por piroclastos, de cinzas a bombas, pedra-pomes, olivina brilhante, cristais de múltiplas cores e formas, basalto. Vegetação rasteira segura a pouca terra até cerca dos dois mil metros. De início será fácil a ascensão. Mas apenas de início. A partir de certa altura o solo torna-se extremamente resvaladiço, exigindo concentração total. Existem mistérios, buracos que nos podem fazer partir uma perna na melhor das hipóteses, ou desaparecer nas profundezas na pior. Tubos de lava parecem canalizações antediluvianas ou patas de dinossauro. Os seis elementos da expedição serão duramente testados.

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Por volta dos dois mil metros a vista será assim. Lá em baixo (à esquerda) é perceptível um cone vulcânico secundário. Outros surgirão entretanto. Dois elementos sentirão náuseas temporariamente devido à baixa concentração de oxigénio.

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Dois mil e duzentos metros de altitude. De repente, após uma extenuante escalada de quatro horas, o rebordo da cratera principal. À nossa frente, o Piquinho. Cinquenta e tal metros do produto de uma erupção com 1700 anos de idade, uma massa de lava quase vertical. O coração gela: Não sou capaz de trepar aquilo!

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Contudo, apesar do aspecto temível (que nenhuma fotografia poderá alguma vez transmitir) o Piquinho revela-se benevolente. A sua subida, feita parcialmente a quatro patas, será realizada em poucos minutos. E, subitamente, o mundo é nosso.

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Em baixo, a cratera dorme um sono intranquilo. Sim, o vulcão vive. Gases escapam por fendas. Suavemente, a descompressão acontece. Até ao dia em que nova explosão altere a geografia. As neves eternas refrescam os cumes desta terra quente. O mar, aereamente longe, é uma extensão do céu. No rebordo da cratera, algures ao centro da foto, uma figura humana, o único elemento que optou por não subir ao Piquinho. Nesta dimensão é um ponto que se confunde com os elementos. Tu és pó e aqui tens absoluta consciência do pó que és.

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Mas a montanha ainda não foi conquistada.
Descer é preciso.

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