27 de abril de 2005

O Ratzinger Português

O líder da instituição portuguesa culturalmente dominante e mais prestigiada de portugal, o Partido Comunista Português, substituíu há uns tempos um homem já de uma certa idade por um homem que se não era mais velho para lá caminha. Qual a diferença de idades entre Carlos Carvalhas e Jerónimo de Sousa?

Jerónimo de Sousa não é progressista, antes pelo contrário: é a mão pesada da ortodoxia comunista, mais intolerante do que o simpático Carvalhas.

Para quando a abertura do PCP português? Para quando um líder progressista para esse partido que seja capaz de abrir a igreja, perdão, o partido ao mundo e aos sinais dos tempos, etc.? Para quando um líder do PCP que, por exemplo, repudie o passado estalinista?

E para quando deixará de haver dois pesos e duas medidas, mal calibradas e desajustadas em Portugal? Esperar alterações numa religião com dois milénios não faz sentido absolutamente nenhum: pela força da tradição e porque religião é sobretudo acerca de Deus, da "opinião de Deus" e não das vontades relativas no tempo e no espaço dos homens. A Igreja Católica não vai mudar pois se alterar sequer uma vírgula de qualquer de um dos preceitos de fé e costumes, a sua credibilidade desaparece e a Igreja acaba. Por outro lado, esperar evolução em qualquer partido político já fez todo o sentido porque os partidos dedicam-se precisamente àquilo que é mais fluído nas culturas da humanidade: as opiniões políticas e económicas.

E volto a defender o seguinte: eu tenho legitimidade para esperar alterações do PCP porque este partido está representado na Assembleia da República e os deputados prestam contas aos cidadãos, directamente. Eles influenciam directa e coercivamente a minha vida. Por outro lado, não há qualquer representação religiosa na Assembleia da República, a Igreja Católica não elege deputados e em Portugal é constitucionalmente proibido haver partidos políticos de natureza religiosa (sim, isto está explicitamente proibido na Constituição da República Portuguesa de 1976 com as alterações das revisões constititucionais de ... e de ... e de...). E não me venham lembrar que há deputados assumidamente católicos, ou será que também deveria ser proibido aos católicos tornarem-se políticos? Ou será que num país com liberdade religiosa e 25 de Abril as pessoas, enquanto políticas, devem amputar este ou aquele sector das suas convicções, do tipo se queres ser político põe de lado a tua formação religiosa?

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