31 de outubro de 2004

Conversa de trabalho

- Isto assim não pode ser, estou muito sobrecarregada de trabalho...
- Epá... tens que compreender, há alguma falta de pessoal...
- Mas não pode ser, isto assim é demais!
- Vê bem o horário... não há muitas hipóteses
- ... e aqui, olha... três noites seguidas. Eu assim descompenso!
- Ora...
- Juro.. ando estafada, eu assim vou descompensar!
- Que coisa, o que é que queres que te faça... se vais descompensar toma um Kompensan!

PP: Merda, o Benfica está a perder.

Domingos.

Gosto de semanas com segunda feira empacotada e transformada em feriado.
Gosto de semanas de quatro dias.
Gosto de chuva.
Só me apetece o verbo gostar hoje. E como gosto de ler, vou continuar o meu livrinho.

Notas Breves: Andam muitos amores e ciúmes aqui por este blog? Risos:)
E Andreia estou de acordo contigo. Cada qual escreve como quer. Não gosto do vernáculo excessivo que o g2 usa e também tenho que o ler. Logo escreve como te apetece e te fizer bem à alma.
E vou-me e até já.

Conversa .

- Mãe, o jantar já está feito.
- humhumhum.
-Mãe frio não tem graça!
-Sim filha, já vou.
-Mãe larga a porcaria do computador!
-Estou só a acabar uma conversa.
-Mãe não acredito! Venho aqui para estar contigo. Tu não largas o pc.Nem devia ter vindo.
-Estou só a acabar uma conversa, já vou
-Já disseste isso, só me apetece chorar.
-Estou mesmo quase a acabar, é uma pessoa que precisa muito de mim.
-Bolas mãe. é sempre sempre a mesma coisa. Queres que venha cá mas ignoras-me.
-Se te sentes mal vai ter com o teu pai, como se ele se importasse contigo. Estou muito gorda, não preciso de jantar.
- Mãe mas eu vim para estar contigo e tu não queres saber de nada.
- Estás como o teu pai. Queres a atenção toda mas fazes só o que queres.
-Mãe, só queria que viesses jantar comigo .
-Já vou!
mas não veio nem vem. está agarrada .

E janto sózinha como sempre o faço. A minha mãe está fascinada pela net e o meu pai pelas "gajas" com metade da idade dele. Ou seja mais novas do que eu.
Sinto-me sózinha.

30 de outubro de 2004

O professor de Técnicas Matemáticas da Física disse com o ar mais triste deste mundo, como se estivesse a dar uma notícia muito má, daquelas que nós não queremos nunca ter de dar a ninguém:
-Infelizmente, há espaços topológicos que não são de Banach...

Bem, paciência, a vida continua. Mesmo com esses malditos espaços topológicos que não são de Banach.

Alegoria...

... dedicada à Mia e ao Ricardo



JW Waterhouse



29 de outubro de 2004

Não estamos sós?

Afinal o Homo Sapiens, após se terem extinguido os últimos exemplares de Neandertais há mais de 30.000 anos (aqui mesmo nesta Península Ibérica), não terá sido a única espécie humana a evoluir neste planeta.
Descobertas recentes de fósseis indicam que, em remotas ilhas da indonésia, terá evoluido uma espécie diferente de hominídeos e que conviveu connosco até há cerca de 12.000 anos, pelo menos... Este novo ser humano, uma provavel evolução directa do Homo Erectus, foi baptizado de Homo Floresiensis, não teria mais que 1 metro de altura, dominava e fogo e produzia artefactos rudimentares.
Mas o mais interessante é que, lendas e mitos dos primitivos habitantes das Ilhas das Flores, referem insistentemente a existência dos Ebu Gogo até há cerca de 200 anos. Esses Ebu Gogo (avozinhas comilonas) seriam pequenos seres da floresta que tinham capacidades de imitar e vocalizar, e que passavam a vida roubar-lhes as colheitas!
Vamos então imaginar, só imaginar, que esses outros seres humanos possam ainda hoje existir, numa qualquer ilha ou local remoto dessas paragens... Será que afinal não estamos mesmo sós?

PP: Contam os relatos que um dos cientistas Australianos, ao fazer a descoberta, terá dito My jaw dropped to my knees, o que pode ser traduzido para bom português como: até os tomates me cairam aos pés!

Olá

Ufa, finalmente consigo escrever convosco.
Nem vos conheço bem, mas já estou a gostar de estar aqui.
Agradeço a toda a gente que tentou ajudar, sobretudo à T e ao F, que foram simpatiquissimos.
Hoje estou muito cansada, e talvez vá a Leiria passear.
Acho que vou ter que trazer umas "brisas do lis" para o pessoal do blog.
Não sei se deveria falar de mim ou se preferem ir-me conhecendo pelo que eu for escrevendo .
Um bom fim de semana para todos.

Pois é.

Dias de esquecer os telemóveis em casa:)
Sexta feira e fondue à vista:)
Fim de semana GRANDE!
Ah..e convidei a Andreia para postar...Que escrevas muito:)
:)

poste que devia ser um comento de passagem mas assim não era acusado de escrever posts longos com títulos maiores ainda

dizia o g no poste de baixo, que nesta rádio passam umas músicas estranhas.
é possível.

talvez algumas dessas músicas estranhas venham a ser tão clássicas no futuro como o tio bach (que já foi moderno) o é hoje.

para mim (e para efeitos práticos) a música divide-se em duas àreas distintas:
1. a que canto
2. a que oiço

a que canto é fundamentalmente a que vai da medieval até aos finais do barroco (por uma questão de preferência pessoal), com incursões esporádicas pelos clássicos, românticos e contemporâneos.
neste momento o que ando a cantar é um magnificat do filho do bach (o carlos filipe), um motete do dito (o joão sebastião), um te deum do delalande, e um laudatório a uma coroação, do haendel.
igualmente canto música tradicional. porque sim. porque gosto.
muito

o que oiço é muito diferente.
é fundamentalmente o que me leem escrever aqui,

o gozo que me dá 'fazer' música é diferente do gozo que me dá ouvi-la.

dá-me imenso gozo cantar música gregoriana.... mas ouvi-la, a maior parte das vezes é uma seca.

aquele prazer imenso de estar a cantar uma coisa em que parece que estamos sempre no fio na navalha, no limite do abismo... que temos que andar 5cm acima do nível do chão.. sem nunca descer um milímetro.
esquecer os ritmos e os compassos e cantar a frase melódica por inteiro... levá-la até ao fim. mesmo.
sem ceder
cantar o sentido e não o ritmo escrito.

esse prazer não há em ouvir tom waits, ou mariannes, ou doors, ou seja lá quem for...
mas ouvir outrem a cantar isso tambémnão me dá esse gozo.
aliás dá-me muito pouco.

pegar, por exemplo, no te duem do delalande, e odiar as dificuldades, chamar nomes ao senhor que coloca as notas ao nível do alpinismo.
em que cantar aquilo, para além de exigir a amputação dos dois testículos ainda obriga a um alfinete espetado para lá chegar acima, mas sentir o prazer de 'ver' aquilo a contruir-se...
não hà nicks cave que dê, não há bruce que nos valha.

como na música tradicional....
cantar as 'alvissaras' e ter na memória o local e as pessoas que nos ensinaram aquilo.
os quilómetros que andámos a pé para chegar a souto da casa para ouvir e gravar aquelas senhoras.
ou as solas gastas até moimenta da raia, tuizelo, lavacolhos, pinhel, alter do chão e tantos outros caminhos andados para aprender umas canções que nos ensinam e ser melhores e mais completos.
porque não são apenas as canções: são as pessoas, os locais, a história. sou eu também.

o rock e a pop mais ou menos alternativas dão outros prazeres e puxam outras memórias.
mas definitivamente outras.
menos completas.

mas também são aquelas sobre as quais me habituei a escrever.

Já está!

Não foram precisos sete dias para completar a obra como o outro Senhor, mas ao fim de quatro noites de grande luta, finalmente ele conseguiu: já temos internet em casa!
Que sejas bem vinda ao nosso humilde lar!

Clandestinidade

Desde há cerca de 1 mês que ando na clandestinidade.
De manhã visto um sobretudo velho, ponho os óculos escuros, saio de casa e dirijo-me em passos rápidos para o carro. Sigo por estradas secundárias e pouco movimentadas, em marcha moderada, para não despertar qualquer curiosidade. Páro nos fundos do hospital e vou directo paro o trabalho… e só aí me sinto seguro. A cena repete-se à tarde, com a agravante de ter que ir buscar os miúdos, e eles acharem estranho este meu ar clandestino. Se, por algum azar, me deparo com algum agente da autoridade, sinto um arrepio frio pele coluna acima e as mãos suam copiosamente. Em casa, recosto-me no sofá, medito e ganho forças para mais um dia de riscos e emoções.
Tudo isto, porque nos calores do Verão passado, foi por duas vezes apanhado em excesso de velocidade, ambas correspondendo a infracções graves e com direito a pena acessória. Assim, há coisa de 1 mês lá recebi a ordem de inibição de condução e como sou demasiado preguiçoso para me meter em impugnações judiciais (que me disseram que é o que está a dar) lá fui entregar, mansinho, a minha carta de condução.
Ora como estão a ver, sou um rasco e irresponsável clandestino… mas o que é que querem, cada um tem a clandestinidade que pode e merece e, cá bem no fundo, sinto-me um secreto herói da resistência empenhado na luta diária contra as forças do mal!

PP: Este historieta infindável do Marcelo, da TVI e da censura já me chateia demais. Hoje ouvi o José Eduardo Moniz a ser entrevistado por um subalterno dele (o que é muito estranho…) e afirmar que não assobiava para o lado enquando fazia exactamente isso… Bom, em relação a esta história tenho uma posição algo própria: não acho nada que tenha havido limitação da normal liberdade de informação, mas sim um abrupto terminar de uma coluna de opinião e, por muito boa que esta o fosse, as opiniões são como as cerejas, há sempre mais uma.

PPP: O Porto perdeu… (risos) … gosto sempre que o Porto perde! E como há quinze dias andava ausente, aproveito aqui para gritar: fomos roubaaaaaados! Aquilo foi um golo claríssimo… em imagens a que só eu tive acesso vê-se, claramente, que a bola chega a tocar a rede do fundo antes do Baía a safar

E obrigado Tezinha :)

28 de outubro de 2004

Ar.

As noites são redondas.Ai, pois são.
Enrolemo-nos nas palavras.
Uma palavra é como um skate. Desliza-se e não se sabe onde se vai parar.
As semanas também rodopiam depressa.
Mas nós não somos nozes, mas seremos sempre nós.
Estava a pensar no que é bom estar viva.
Confesso que estou a meditar também na obra de fazer fondue sem espetos.
E desculpem, só me lembra o Astérix na Helvetia.
Desliguei a Tv , porque não aguentava o Bagão de pé a dar a dar e a opinar. Vontade de o estrafugar.
Este governo tem um mérito. Está a criar vontade de o rejeitar.
Não, não vou votar no Sócrates nem no Platão.
Mas vou votar contra.
Completamente de acordo com a Maria Filomena Mónica. Chamem-lhe o que quiserem.
Hoje estou nos verbos em ar.
Mas gosto dela. Da Maria Filomena. Pelo menos às vezes.

rust never sleeps

the fatima mansions, viva dead ponies




hoje vim a ouvir este disco no caminho para o trabalho

os fatima mansions são uma das mais injustamente esquecidas bandas da história do rock (ou lá como devemos chamar à sua música)
resultam da separação dos mais reconhecidos microdisney, mas tornaram-se incomparavelmente melhores que estes.

o nome, embora tenha sido roubado a umas casas nos arredores de dublin, serviu-lhes para fazerem algumas associações à senhora da dita (pelo menos a avaliar por uma foto da senhora dos pastorinhos num dos seus discos).

os fatima mansions tiveram uma existência curta (89/95), mas recheada de histórias edificantes, com vários dos seus concertos a serem interrompidos pela polícia (um pouco ao estilo do que muitos anos antes acontecia com os doors, em que a policia andava em cima do palco, ao mesmo tempo que o concerto prosseguia...).
consta ter sido num showcase junto à hmv de dublin , completamente rodeados pela polícia, que cathal coughan terá acabado a canção angel delight com a frase "I think it's time for 'angel's delight'" ("let's all kill some cops"). no 'viva dead ponies' a canção foi gravada assim... e abre as hostilidades.

viva dead ponies é um disco iconoclasta, rechedo de humor negro, de raiva incontida, críticas à hipocrisia religiosa na irlanda e transbordante de energia e experimentalismo musical.
as variações de estilos ao longo do disco, desde as explosões de energia até ao musicalmente mais calmo e aparentemente intimista, não nos dão um minuto de descanso.
as guitarras nua e crua de andrias o'gruama ajudam à festa.


editado em 90, viva dead ponies, ainda hoje é uma lufada de ar fresco.
devia ser obrigatória a sua audição.

e... como bob dylan uma vez (aproximadamente) escreveu na capa de um dos seus discos ' this record should be listen loud'
Pois é muitos bons dias aos senhores senhoras meninos e meninas que eu tenho andado muito azafamada e por isso muito desaparecida que a vida não está nada para facilidades e uma pessoa tem que obrar e dar ao corpo para ganhar algum dinheirinho extra para comprar aqueles pequenos luxos que nos ajudam a colmatar as amarguras da existência de preferência joías e uns bons jantares de santolada e coisas afins e tenho uma importante revelação a fazer-vos resolvi fazer um curso numa academia de esteticismo aplicado e sou agora uma massagista profissional e encartada e faço domicilios e tudo embora cobre mais nessas situações como é óbvio e até me estou a sair bem e tudo e a clientela é simpática e eu ligo a telefonia para ouvir o Rádio Clube que são músicas do meu tempo e sempre dá para desemfiabrar mais aquelas celulites e pregas a mais algum interessado pode contactar-me por emailio que eu respondo logo e uso uns óleos fantásticos que lubrificam a pele ficam a parecer todos uns leitõezinhos da bairrada.
Do que li vi que o senhor doutor Gasel tripla vénia tinha voltado e fiquei muito feliz porque me parece qua ando com uma canicula esquisita que precisa ser tratada e prontos médicos dão sempre jeito esse é um facto incomprovável e intestado e agora vou-me à labuta já pus a minha roupinha de lycra de amaçadora profissional e vou-me a eles na senda de derrotar as gorduras e pôr tudo saudável e luzidio como eu aliás e beijoco-vos a todos repenicadamente com muito fôlego e e incastidade total que uma mulher que é mulher aproveita as oportunidades e é isto.

27 de outubro de 2004

Breves alegrias que permanecem.

Gasel Manuel, apesar de te ter comentado é com muita alegria que te vejo a assinar um post de novo. E não é retórica , estou mesmo contente.
Ainda mais satisfeita fico de ver que outras pessoas te sentiram a falta.
Porque tu és aquele curioso, que vai a todo o lado espiolhar e nos devolves a consciência de ser um blog. às vezes esquecemo-nos. O mesmo faz o ABS, eu sei,por isso vos gosto tanto.
Compreendo a vossa falta de tempo. Assim como estou grata pelo tempo que tiveram, quando não havia tempo nenhum a gastar.
Estou tentada a terminar como o L Cohen, sincerely TG, risos.
nota:

If you ever come by here, for jane or for me
Your enemy is sleeping, and his woman is free.

Yes, and thanks, for the trouble you took from her eyes
I thought it was there for good so I never tried.

And jane came by with a lock of your hair
She said that you gave it to her
That night that you planned to go clear

-- sincerely, l. cohen



Continuo na mesma, como a lesma…

Pois é… já bem entrado no Outono, continuo exactamente na mesma: muita preguiça e uma extraordinária falta de pachorra para qualquer coisita que saia da exacta rotina. Bem sei que, faz agora para aí um mês, prometi que, postar aqui, passaria a fazer parte dessa mesma rotina… mas nem isso consegui.
No entanto, acho que o acto de postar no blog não pode fazer parte de uma mera rotina. Tem que resultar de um estado de espírito, de um golpe de asa da imaginação, de um raio luminoso de inpiração… enfim, de qualquer coisa que fuja à obrigação de vir aqui simplesmente dizer olá, cá estou eu. E em (quase) todos os dias que aqui tenho vindo espreitar (voyeur… voyeur), o tal golpe de asa não tem aparecido, nem para um mísero comento!
Até que hoje… sim, exactamente hoje, a inspiração voltou. Talvez motivado pelo elaborado post do Ricardo Afinal onde é que está a grande tempestade???, lancei o excelente comentário Aqui, pelos Algarves, só pequena tempestade!! E pronto… cá estou a postar.

E como não quero que fiquem com a impressão que a minha vida tem sido uma lamentável pasmaceira, vou-vos falar de dois acontecimentos que marcaram este meu início de Outono.

Há 15 dias fui a Chicago. Sinceramente, não achei graça nenhuma à cidade: é o exemplo acabado de uma cidade americana, com um centro monstruoso de arranha-céus e uma periferia interminável de casinhas e auto-estradas. Fica, no entanto, a boa recordação da visita à Casa-estúdio de Frank Lloyd Wright e ao Museu do Art Institut of Chicago. Mas é evidente que a viagem não foi de lazer… foi de trabalho. Durante 3 dias acompanhamos a rotina de trabalho de um afamado hospital, no tratamento de doenças inflamatórias intestinais. Apenas veio confirmar ainda mais uma convicção já antiga: a grande diferença entre nós e eles não está ao nível dos recursos técnicos, mas sim ao nível dos recursos humanos. É simplesmente irritante ver a facilidade com que as pessoas desenvolvem, sem esforço, um trabalho eficiente e organizado…

Há 1 semana comprei uns sapatos novos. Gosto mesmo dos meus sapatos novos… são confortáveis, quentinhos e dão bom andar. Talvez estranhem a tanta alegria apenas por uns sapatos novos, mas eu sou muito apegado a estas coisas: durante um ano, ou mais, vão ser os meus sapatos novos! Vou usá-los todos os dias…

Afinal Onde é que Está a Grande Tempestade???

Afinal onde é que está a grande tempestade???

RRR: Rádio Rover Ricardo (2)

Counting Crows
Pink Martini
Palma's Gang
Michael Nyman

Rádio Rover Ricardo: as melhores manhãs molhadas de Lisboa.

.

Uma amiga tentou colar-me num quadro. A dada altura esteve assim. Não sei como estará agora o quadro. Ou ela.

26 de outubro de 2004

VINTE ROSTOS

Esta semana fui tomar café ao Gil Vicente, e deparei-me lá com uma exposição deliciosa de um fotógrafo que não conhecia, Augusto Baptista.
Fiquei siderada com os rostos a preto e branco que me iam enchendo a retina.
Fotos de pessoas com mais de 100 anos nas mais diversas situações, sentados em sofás, ao lado de altares e santos, perto de fotos da família, junto de lareiras.
E em todas as fotos perpassavam os olhares serenos e ternurentos de quem parece não sentir os anos que por eles já passaram.

“A idade enternece. Mas retratar, acto de afecto, é sempre sentir o outro lado. É viagem além da pele para surpreender a luz. (…)Fotografei no meu jeito habitual. Depois as imagens, estas imagens, perduraram mais do que seria razoável. Ficaram-me, por estranho mecanismo, impressas no íntimo. Como se eu me abrisse a um raio imperceptível. A um fluxo material que, fundo, atingisse o pensamento. E aí se abrigasse.”

Augusto Baptista




aviso da protecção civil

portugal vai ser atravessado por uma forte depressao

o senhor alfredo

junto à estação de queluz, ao lado da taberna do 'vingança', vinhos e comidas, ficava o sr. alfredo

tinha o que hoje se chama um quiosque, uma banca, uma barraca de venda, o que vossas excelências que quiserem que seja.

era uma espécie de estante com portas verdes de metal.

o senhor alfredo era grande.
o senhor alfredo coxeava de uma das pernas.
o que lhe dava, estranhamente, um ar mais afável.

o senhor alfredo foi o responsável por boa parte da minha educação literária.
(mais tarde, aí pelos meus 13/14 anos, esse 'trabalho' passaria para um grupo de tipógrafos e jornalistas do 'diário de lisboa', a que talvez volte um dia destes..)

o senhor alfredo vendia livros usados.
livros aos quadradinhos, que mais tarde identificaria por banda desenhada (pois que não me identifico com a nóvel tendência 'comics').

o senhor alfredo vendia livros usados e trocava os que já lhe tínhamos comprado por outros que queríamos ler.

graças a ele conheci o flash gordon, ainda na versão alex raymond, mais o príncipe valente, o lance, o cisco kid, os sobrinhos do capitão, o capitão tempestade, o tarzan, o dick tracy, o ferdinando (que mais tarde chamaria l'il abner) o homem-borracha, o mandrake, o sargento kirk, o jim das selvas, e outros personagens menores mas igualmente apaixonantes como o lúcio, o xerife, o david croquete (era assim que o chamava), o buffalo bill.

aí trocava um falcão por um mundo de aventuras e um condor popular.
aí trocava um cavaleiro andante por um falcão e um mundo de aventuras
ai, mesmo quando não tinha dinheiro nem livros para trocar, o senhor alfredo deixava-me ler os livros, desque que os não levasse de lá.

a ele devo os primeiros contactos com a palavra escrita. a descoberta dos livros.
a ele devo algo do que sou hoje

obrigado

'o governo vai gastar....'

'o governo vai gastar 5 237 euros por cada estudante do ensino superior', afirma o governo, de acordo com os jornais de hoje.

'o governo gasta' dinheiro na investigação
'o governo gasta' dinheiro na educação
'o governo gasta' dinheiro na prevenção de algumas doenças
'o governo gasta' dinheiro na prevenção de incêndios
'o governo gasta' dinheiro na recuperação do património

eu julgava que se investia nessas áreas

eu julgava que o governo ir gastar mais 400% na defesa
eu julgava que o governo ia desinvestir mais de 10% na educação.

mas eu acho coisas...


p.s.:
para que não achem que isto é um ódio particular contra o governo do senhor doutor pedro santana lopes, eu acho que isto é um mal de todos os governos.
o senhor doutor pedro santana lopes não faz parte do grupo dos ódios, é mesmo mais da stand up comedy

Nevoeiro

Ouvi dizer que hoje chega El Rei D.Sebastião.
De manhã, quando saí de casa tomei banho em nevoeiro. Sempre gostei de brumas, fazem parecer o mundo irreal. E dá aquela sensação de deslizar sem entraves.
Hoje vai estar mau tempo à noite. Vou fechar as janelas de casa, enroscar-me no sofá com uma mantinha, com os gatos aos pés e acender uma vela de baunilha.
Gosto de tempestades lá fora e de me sentir segura em casa.
Espero que o dever não me chame, mas isso é outra conversa.
E agora já me chama o trabalho.
Abeijos e braços.

25 de outubro de 2004

Vozes - Cesária Évora, Ildo Lobo

Cabo Verde é um vulcão. A voz de Cesária vem dos fundos da terra. Tranquila, poderosa, não tem de se justificar perante nada nem ninguém.

Vi-a uma única vez ao vivo, com uma das "divas" portuguesas, dona de voz cheia de arrebiques e que, quando abre as goelas, grasna com intensidade reminiscente da Bianca Castafiore. Cesária nem precisava de se esforçar ou de levantar a voz. Bastava-lhe cantar, calmamente, com o ar de quem pede um copo de grogue. Imediatamente o polo magnético deslocava-se inexoravelmente para ela; tudo o mais eram pormenores dispensáveis.

Vale a pena ouvi-la. Sobretudo hoje, após outro grande, Ildo Lobo, ter partido para outras paragens.

Vou beber um grogue à saúde de Cabo Verde.

Ser Português

(Nota: este post foi publicado a 17 Jun 2003 no blog http://soultosqueeze.diary-x.com/. Este era o meu blog individual que eu mantinha precisamente até ao dia em que fui para Amesterdão. De regresso fui convidado para o dias que voam e ainda bem! : ))) )

Insistir sempre muito, não dizer não, não ouvir não, ficar perplexo com não, exigir informações para além do que é sensato esperar de alguém, discutir e criticar subordinados que não decidem nem são responsáveis e ser excessivamente simpático com um director desconhecido, ser excessivamente simpático com as pessoas importantes, ser excessivamente simpático quando se aceitou um simples favor (pois aceitar um simples favor causa sempre uma sensação de fraqueza que é minorada com a simpatia excessiva), ser excessivamente bem educado (porque a boa educação supõe-se associada à riqueza e os verdadeiros hábitos de riqueza por de facto não existirem são arremedados pela boa educação excessiva).

Se se possui carro com comando à distância: ligar o carro a quinze metros de distância no preciso momento em que alguém passa por ele.

Se se possui namorada: deixá-la andar à frente a uma distância de 10 metros e aproximar-se rapidamente sempre que alguém lhe sorri.

Se se possui namorado: levá-lo a passear ao local de trabalho exibindo-o a toda a gente. Fazê-lo num dia em que haja mais tarefas a cumprir de forma a poder encontrar mais público.

Se se é homem: aparentar grande riqueza, grande experiência e grande conhecimento. Se outro homem gratuitamente se mostra interessado em conversar então desprezar este. A superioridade não se exprime através da exposição pública da eloquência e do conhecimento mas sim através da negação da comunicação: o homem português sente que tem poder quando pode desprezar um outro homem.

Se se é mulher: aparentar grande riqueza, proveniência de família importante há já muitos anos, exibir sensualidade intensamente. Se um homem se mostra interessado então desprezar este com a atitude de que a sensualidade não foi exposta conscientemente nem com propósito nenhum. A superioridade não se exprime através da aceitação do desejo dos outros mas sim através da frustração: a mulher portuguesa sente que tem poder quando pode frustrar um homem.

Se se é jovem: aparentar riqueza e não beleza, afectar proveniência de família importante e regrada ao mesmo tempo que se demonstra escancaradamente total desrespeito por quaisquer regras.

Ser português: abusar o mais possível dos outros e ainda mais do Estado, tolerar pequenos abusos dos outros. Não observar quaisquer regras, sobretudo se estiverem escritas. Confirmar oralmente tudo o que estiver escrito, sobretudo regras simples escritas em português simples. Não conhecer os próprios direitos e defendê-los só a posteriori.

Dizer mal de tudo o que é português, lembrando que no exterior é que tudo é bom. Ser optimista sem motivo, não fazer alterações, não fazer alterações sobretudo quando uma situação se modifica para pior.

Não sentir esperança não por falta de optimismo (embora sempre dizer mal e sempre lamentar tudo, sempre muito optimismo a propósito de tudo) mas sim porque cada momento presente é que interessa.

as melhores vozes femininas de sempre, segundo bjork

na edição de outubro da revista britânica 'mojo, a islandesa bjork considerou amália uma das três melhores vozes femininas de sempre,juntamente com nico (dos velvet undergroud) e meredith monk.

por razões inexplicáveis, achamos sempre mais valiosas as opiniões de quem está de fora.
talvez porque o distanciamento dessas pessoas as torne mais independentes e menos apaixonadas na apreciação.

por outro lado, a abrangência da escolha, que inclue o fado, o pop-rock dos idos de 70 e o experimentalismo vocal de meredith monk tornam a escolha mais valiosa (digo eu...).
eu estaria longe de considerar a nico (mesmo sendo admirador dos velvet underground) e a meredith monk (da qual assisti a um memorável concerto no porto..) como fazendo parte das melhores vozes femininas de sempre (seguramente imensas pessoas diriam o mesmo ao saber que eu inluiria nessa lista a sandy denny...) não posso deixar de admitir um critério rigoroso na escolha (a qualidade, a diferenciação, o experimentalismo), e uma satisfação imensa pelo reconhecimento da qualidade vocal da amália.
nos últimos tempos tenho-a ouvido imenso... e a cada audição parece que canta melhor.. ou que a percebemos melhor.

o fado do momento é :
(ainda por cima, o poema é da amália...)

Lavava no rio lavava

Lavava no rio lavava
Gelava-me o frio gelava
Quando ia ao rio lavar
Passava fome passava
Chorava às vezes chorava
Ao ver a minha mãe chorar

Cantava também cantava
Sonhava também sonhava
E na minha fantasia
Tais coisas fantasiava
Que esquecia que chorava
Que esquecia que sofria
Já não vou ao rio lavar

Mas continuo a chorar
Já não sonho o que sonhava
Se já não lavo no rio
Porque me gela este frio
Mais do que então me gelava

Ai minha mãe minha mãe
Que saudades desse bem
Do mal que então conhecia
Dessa fome que eu passava
Do frio que me gelava
E da minha fantasia

Já não temos fome mãe
Mas já não temos também
O desejo de a não ter
Já não sabemos sonhar
Já andamos a enganar
O desejo de morrer

Os Holandeses

Os holandeses não se vestem como se vestem porque se preocupam com o estilo: a explicação para o seu modo de vestir é exactamente a contrária: eles vestem-se daquelas maneiras que aos olhos de alguns parecem tão "originais" ou tão "diferentes" simplesmente porque eles não dão importância nem ao estilo nem às combinações de côres nem às marcas. Vestem-se com o que lhes vem à mão; vestem-se com o que lhes veio às mãos nas feiras onde compram as roupas novas e usadas e a comida e o mobiliário e quase tudo.

Na Holanda, os centros comerciais são poucos. E estes poucos que existem são pequenos e têm horários curtos. Aos Sábados e aos Domingos os centros comerciais e as lojas fecham às seis e meia. A maior parte da roupa da maior parte dos holandeses não é comprada nem em centros comerciais nem em lojas: é comprada na rua; ou é comprada de uns conhecidos e/ou vizinhos para os outros; é transmitida dos pais que já têm os filhos mais crescidos para os pais que ainda têm filhos pequenos. E aqueles pais não precisam de ser familiares destes.


Na Holanda as pessoas sentem-se e são muito livres: livres para se comportarem, se vestirem, comerem, fazerem e viverem o que quiserem e como quiserem. A liberdade é institucional (está nas leis), é social (é aceite por todos) e é real (é praticada, é factual, é concretizada usualmente). Podemos apresentar-nos de uma maneira esquisita: ninguém vai reparar em nós e, muito menos, ninguém vai fazer qualquer comentário ao nosso aspecto. É possível entornar sopa no chão e ninguém vai reparar. É possível entrar, sentar e tomar uma refeição sozinho num restaurante e ser tão bem servido como se se entrasse bem acompanhado. É possível ficar com cara de parvo às portas de uma loja de diamantes, à espera que as portas que não são automáticas se abram sozinhas, vir um homem em smoking receber-nos a nós, com cara de parvos, t-shirt já suja, calções já sujos e chinelos de banho, convidar-nos a entrar e informar-nos de que, apesar da loja já estar encerrada (é Domingo e já são seis e trinta e cinco da tarde) talvez seja ainda possível dar uma vista de olhos aos relógios ou talvez uma pulseira para uma pessoa mais querida. E isto sem cinismo.


Porque são então os holandeses tão tolerantes, porque são eles tão livres? É errado pensar que os holandeses são imorais ou não sentem vivamente os seus melindres morais. Antes pelo contrário: os holandeses são um povo moralista. O que acontece é que uma das componentes desta moral é precisamente o respeito pela vida privada dos outros e o desvalor atribuído às intromissões, às mexeriquices e coscuvilhices. Como respeitam a vida privada dos outros, não olhando, não comentando, tratando bem todos, os outros sentem-se e vivem livres. Como isto acontece entre todos, de todos para todos, todos são livres e, naturalmente, tendem a apresentar-se e a ser exactamente como são e não como "a sociedade" quereria que fossem. Sendo assim, as pessoas individualizam-se muito e acabam por parecer esquisitas aos olhos de alguém provindo de um país onde as pessoas olham, falam e comentam (um português, por exemplo) e, por isso, ninguém é livre e, logo, todos acabam por ser normais (vestirem-se, comportarem-se e agirem como todos os outros).

Não sei se a maioria dos holandes é a favor ou contra o aborto, a favor ou contra os casamentos homossexuais, a favor ou contra o consumo de droga. Por princípio, razão e experiência, duvido muito de todas e quaisquer estatísticas. Sei que a maioria dos holandeses tem opiniões fortes relativamente a todos esses assuntos (é difícil encontrar holandeses sem opinião mesmo que em relação a assuntos menos debatidos ou até talvez mais técnicos). E sei principalmente que em qualquer questão em que o que está em causa é a liberdade individual, liberdade privada no sentido de não afectar terceiros, a opinião pessoal, qualquer que seja o seu sentido, não é exercida contra essa liberdade dos outros. O sentido das leis e das práticas sociais relativas àqueles três assuntos não são consequência de uma certa posição moral específica a cada assunto mas sim o resultado da mesma orientação moral de respeitar a liberdade individual e de não intromissão na vida privada dos outros.


O barco do aborto não é holandês. O barco do aborto não pode ser holandês. Se o barco do aborto é mesmo holandês, não tem dignidade para sê-lo.

As leis e práticas portuguesas em relação ao aborto não são muito diferentes das de outros países europeus (leia-se o que está escrito: "as leis e práticas"). Creio que em nenhum país europeu a questão do aborto é incontroversa. Creio que em nenhum país europeu há uma maioria esmagadora no sentido de uma ou de outra resposta que se possa dar a esse assunto. Creio até que este seja mais um daqueles assuntos em que, em cada sociedade em concreto, é possível encontrar uma variedade de respostas intermédias, sendo que a existência dessa variedade leva naturalmente ao não surgimento de nenhuma maioria clara relativamente a uma resposta específica. O que pode haver é uma tendência num sentido ou outro.

Mas vamos admitir que as leis e práticas portuguesas relativamente ao aborto faziam do nosso país um caso claramente minoritário e, até, aberrante em contraste com o resto da Europa. Nesse caso, sendo Portugal um Estado soberano, a atitude genuinamente holandesa em relação ao nosso país só poderia ser a de respeitar a nossa diferença, não se intrometendo, não comentando pejorativamente, respeitando o país na sua individualidade, individualidade essa que resultaria da sua liberdade, da sua soberania.

Os holandeses respeitam a liberdade individual e não se intrometem na vida dos outros, mesmo que defendam uma moralidade diferente. Ao nível dos Estados, o que é coerente com esta mentalidade é respeitar a liberdade (isto é, a soberania) de um Estado, mesmo que se defenda uma outra moralidade. Ao não demonstrar respeito pelas leis e práticas portuguesas, precisamente pelo facto de serem diferentes, o barco do aborto foi notoriamente anti-holandês.

Tipicamente holandesa foi a atitude do Ministro dos Negócios estrangeiros holandês que, afirmando total respeito e apoio às leis e ao que viesse a ser decidido pelo Governo português, pediu a este para reconsiderar a sua decisão de não deixar o barco atracar. Aquele ministro defendeu uma opinião diferente da do Governo português mas sem deixar de respeitar a soberania e "individualidade" portuguesas. Fê-lo usando um discurso moderado e em que o pedido era acompanhado por uma concessão (a do respeito pela decisão do Governo qualquer que fosse a decisão tomada).


Esta é outra característica da mentalidade holandesa: a sabedoria do que é a boa negociação: moderação por um lado e saber pedir e conceder por outro. Para reduzir a conflitualidade numa sociedade muito livre e que se deseja muito livre e para resolver com efectividade problemas a nível pessoal e ao nível social, a moderação é necessária por ser conciliadora (o confronto de posições extremas só leva a uma solução pela destruição da parte contrária) e a disponibilidade para conceder por parte de quem pede permite chegar a soluções em que ninguém se sente perdedor e , portanto, todos têm interesse em respeitar e manter o acordado. Se houvesse um mínimo desta mentalidade entre israelitas e palestinianos, já o seu problema (que é de facto extremamente simples, apesar do que é afirmado pelos comentadores e cientistas sociais) estaria resolvido há muito tempo.


Se eu fosse um extraterrestre chegado à Terra e com intenção de me instalar em definitivo por cá, sei bem que país pequeno, plano, húmido e esquisito escolheria. O mesmo para o qual o meu pensamento se dirige de cada vez que, após uma muito acesa e muito inflamada discussão política, alguém menos holandês do que eu me dá a sugestão muito ouvida de "se não estás bem, muda-te". Eu mudava-me.

Hoje sinto-me um ET

Agarrado ao computador, espreitando o mundo pelo meio da chuva. Je suis d'un autre pays que le vôtre, d'un autre quartier, d'une autre solitude. Je m'invente aujourd'hui des chemins de traverse. A vida por vezes parece ser mesmo uma corrida para a frente, em aceleração constante, de modo a não nos estatelarmos de borco. O problema é que o centro de gravidade é como o arco íris: está sempre uns passinhos mais adiante.

Espero que amanhã esteja sol. Não que me vá servir de muito, mas por uma questão de princípio.


24 de outubro de 2004

sunday bloody sunday

Chuva, chuvinha vem regar esta relvinha!

Pois é, estou bem disposta.
Estou de serviço, enclausurada, mas ao menos está um dia horrível:)
Ontem fiz uma bela fogueira de comandos. E não, não estava deprimida naquele texto do zapping, (antes que me mandem terapeuta a casa!!)
E hoje dão as expulsões no BB!
Sim sou outra adicta da Quinta!
Beijos meus queridos amores:)
(parafraseando a querida Fruty, tão desaparecida. Onde andará ela?)

São cinco e meia da manhã. Está frio. E eu só queria que alguém me dissesse isto:

My baby blue is a new star in the sky
The world, the world, the world just for you
For nobody else.
Air, Moon Safari

23 de outubro de 2004

JB& Depressão

Estou deprimida. Porquê, sei lá! Não estou nada bem.
Não, não faço a mínima ideia. Assuntos meus.
Não gosto de incomodar os outros com as minhas merdas.
Tanta demora! Não quero ocupar o teu tempo.
Zapping? E eu aqui deprimida.
Gostava de fazer assim um zapping à minha neura.
(gostava de ter a lata assim deste gajo. para dizer a uma pobre neurótica como eu, que está a ver TV em vez deatendê-la).
Sim, são problemas muito graves e muito profundos, sei lá eu.
Tipo traumas de infância.
(cheira-me que continua a fazer zapping)
Talvez pegue no carro e vá para a 25 de Abril ver as vistas. Ou me pendure na janela.
(será que desta o gajo me dá atenção?)
Ah, óptimo adoro esse canal com os bichinhos todos. É muito didáctico.
(cabrão!!!)
Ok. vou chorar para o meu quarto e não incomodar o teu zapping, ok?
Se nunca mais souberes de mim, quero que retenhas o quanto gostava de ti!!!
ADEUS!!
Fim de cena. Actriz principal dorme aceleradamente, de papo para o ar beatíficamente.. O copo de JB fica na sala:)
Do gajo do zapping, sabemos que ainda hoje se encontra agarrado ao comando.


22 de outubro de 2004

A euforia das lãs

Uma bela foto deste belo blog


a saudade é prego-parafuso

as datas são mesmo assim.
podemos não lhes ligar (ou tentamos não lhes ligar...),
mas quando batem, batem fundo.

e hoje morro de saudades deste homem excelente que me educou pelo exemplo.

lembro a canção do zeca baleiro: 'a saudade é prego-parafuso, quanto mais aperta, mais custa a sair'


hoje não tive o 'inimigo público' nem o 'y'

costumo comprar o 'público' num café próximo de minha casa.
é uma espécie de ritual:
chego, digo bom dia e tenho um jornal em cima do balcão, junto com um café.

se o sporting ganha, perguntam-me se quero a 'bola' (se perde já sabem que não compro, que não sou masoquista).
este ritual tem anos.

hoje estava meio-fechado.
uma cruz na porta.
apenas um senhor vendia os jornais.
dei os bons-dias, pedi o 'público'.

como nunca faço perguntas e nem a minha curiosidade vai para essas coisas, não perguntei quem tinha falecido.
enquanto o dito senhor procurava no meio dos montes de jornais os não-encontrados suplementos, alguém perguntou quem tinha falecido.

- foi o sr. gomes, disse com um ar de fatalidade esperada.

o sr. gomes......

o sr. gomes foi a única pessoa que em toda a minha vida alguma vez se recusou a servir-me.
teria eu uns 20 anos, tal como os meus amigos todos.
todas as noites nos encontravamos num café onde igualmente se encontrava a 'nata' artistica do eixo queluz-amadora (não se riam... a nata era encabeçada pelo artur boal e outros pintores de não menos nomeada e alguns poetas (o ruy belo, não sendo presença constante, era frequente)
como quaisquer putos de 20 anos, queríamos salvar o mundo e tínhamos pressa.
odiávamos aquelas poses, aquelas conversas estéreis de intelectual amargurado e fazíamos notar isso. (por alguma razão o alves redol terá dito (aproximadamente, cito de memória) a uma sua admiradora que o queria conhecer que 'nunca devemos realmente conhecer as pessoas que admiramos. nunca são comos os imaginamos' ).

como os senhores eram respeitáveis e nós não, e nos portavamos mal, o senhor gomes decidiu que não nos servia mais.
não nos podia expulsar, mas não nos servia.
nem uma acareação com o dono do local, em que fizemos ver as nossas razões e os nossos direitos (que ele reconheceu) o fez demover.
continuavamos a ir lá, mas ele nunca se nos dirigia para perguntar o que queríamos.
se fosse com alguém, ele perguntava à pessoa que estava comigo o que queria e a mim não me dirigia palavra.
sempre o admirei por isso.
tinha personalidade. mesmo que não concordasse com ele.

passado muitos anos, vim encontrá-lo neste café junto a minha casa.
agora dono do local.
tratou-me como se nunca me tivesse visto.
com respeito.
embora fosse o filho que sempre lá estivesse, muitas vezes o via e cumprimentava.

hoje soube que o senhor gomes faleceu.
senti saudades

21 de outubro de 2004

nouvelle cuisine, arquitectura e museus

hoje pela manhã, e a propósito da história do nuno markl na antena 3, lembrei-me do restaurante deste museu.
seguramente o melhor restaurante de museu que conheço, embora não costume frequentar muito restaurantes de museus.
é de uma qualidade absolutamente exceptional.
tal como em quase toda a nouvelle cuisine (o restaurante é desses e daí a relação com a história) os pratos podiam estar expostos numa das galerias do museu..
e a qualidade é absolutamente deliciosa.

recomendo vivamente este museu por 3 razões:
a arquitectura
o restaurante
a colecção permanente

como bónus, podem fazer um jantar no restaurante iruñea (fica muito próximo) com uma decoração arabesca e influências arte nova de fotografar de uma ponta à outra.
(a comida podia ser melhor, sem ser má)



Para todos os leoninos:)

Para o Efezinho:)

Ele está de volta!

Concertos

- ABBA (de 80 a 82)
- Depeche Mode (de 96 a 98)
- Madonna (de 89 a 90)

Estes são alguns concertos que eu adorava ter visto ao vivo mas não tive oportunidade ou era muito novo na altura. :)

RRR: Rádio Rover Ricardo

Blur
Otis Redding
Marisa Monte

Nenhuns anúncios.
Nenhumas notícias.
Nenhuma informação de trânsito.
Nenhuns passatempos.
Sem horas.
Sem palavras.

Só a melhor música de Lisboa pela manhã.

20 de outubro de 2004

visões de uma manhã no ic19

ontem o trãnsito estava um pouco mais estranho que o normal.
por ter que ir levar um carro à revisão ao alto do cacém, tive que atravessar massamá norte, queluz ocidental e atravessar o ic19 até ao local onde trabalho.

espero e desejo que nunca tenham que passar pela provação de atravessar estes locais em dias de chuva e acidentes...

quando seguia no ic19 (a uma velocidade um pouco menos lenta que o sentido contrario que estava parado...)
no meio de uns quilómetros de carros parados, estavam 2 reboques da polícia.

imaginei de imediato um legião de reboques da policia a bloquearem todos os carros estancionados no ic19 (estavam parados há tanto tempo que já tinham passado para a classe 'estancionamento')
uma exército de polícias e funcionarios da emel de bloco em riste a multar...
outra legião, de cordas em punho, a selarem os carros...
os reboques numa azáfama...

isto são influências do 'nonsense' governamental...
estou a ficar louco...

Roooodaaaa o paaalcoo

Lembram-se desta mítica canção do grande macho latino português que por acaso é parecido com o actual primeiro-ministro?




Foi em Setembro que te conheci
Trazias nos olhos a luz de Maio
Nas mãos o calor de Agosto
E um sorriso
Um sorriso tão grande que não cabia no tempo
Ouve, vamos ver o mar
Foste a trinta de Fevereiro de um ano por inventar
Falámos, falámos coisas tão loucas que acabámos em silêncio
Por unir as nossas bocas
E eu aprendi a amar

Sim eu sei que tudo são recordações
Sim eu sei é triste viver de ilusões
Mas tu foste a mais linda história de amor
Que um dia me aconteceu
E recordar é viver, só tu e eu

Foi em Novembro que partiste
Levavas nos olhos as chuvas de Março
E nas mãos o mês frio de Janeiro
Lembro-me que me disseste que o meu corpo tremia
E eu, eu queria ser forte, respondi que tinha frio
Falei-te do vento norte
Não, não me digas adeus
Quem sabe, talvez um dia... como eu tremia, meu Deus
Amei como nunca amei
Fui louco, não sei, talvez
Mas por pouco, por muito pouco eu voltaria a ser louco
Amar-te-ia outra vez




aqui está um misto de Santana Lopes com Bagao Felix, mas notam-se as semelhanças, não acham?


Leitura bónus --- entrevista com o senhor Espadinha

o castelo de camelot e o holy grail

the holy grail ( http://www.imdb.com/title/tt0071853/trailers to look at the trailers...) .... e a foto de camelot



estes são os cavaleiros da távola redonda ao chegarem ao mítico camelot




o holy grail é provavelmente o filme que mais gozo me deu e seguramente aquele em que gargalhei mais
(no que sou secundado pelos britânicos que o votaram este ano como o mais apreciado da história do cinema britânico http://news.scotsman.com/latest.cfm?id=2524906

aqui ( http://www.intriguing.com/mp/holygrail.asp ) podem ver algumas fotos, escutar alguns sons, e ler o texto (script, as they say) completo do filme.

é utilíssimo para esquecer este governo... e entender o tipo de humor que colocaram na governação (porque isto só pode ser mesmo por piada...)

COMUNICADO

A Protecção Civil aconselha todos os possíveis afectados/infectados pela bactéria anti-gay o seguinte:

1) Dirigirem-se ao Clube de Vídeo mais próximo e requisitar o filme "In & out " realizado por Frank Oz (também existe em DVD);

2) depois da sua visualização, será obrigatório dançarem o "Macho Men" dos Village People;

3) irem à janela e gritarem "EU SOU GAY" cinquenta vezes, para toda a vizinhança ficar a saber (em casos graves, pode utlizar-se um megafone)

Estamos certos de que estas etapas de actuação de carácter pedagógico e preventivo ajudarão os afectados/infectados a reagir da melhor forma e a criar os anticorpos necessários a evitar esta bactéria .

Gratos pela vossa atenção!



Do Circo (II): Cirque Plume

Com menos recursos que o Cirque du Soleil, o Cirque Plume é, mesmo assim, imperdível. Tivemos a sorte de o ver em Lisboa em 1999. Em Dezembro regressam. No CCB, Plic Ploc.

Foram avisados.



Do Circo (I): Cirque du Soleil

Eu sei que o circo para alguns é uma experiência desagradável. Sobretudo para esses: quando puderem vejam qualquer – repito, qualquer – produção do Cirque du Soleil. É o espectáculo perfeito, a arte total, a ópera (a obra) absoluta.

Tive há dias o privilégio de ver La Nouba, espectáculo residente do Cirque du Soleil em Orlando, EUA. Só por isto teria valido a pena ter ido ao outro lado do Atlântico.

Quando eles aparecerem por perto, larguem tudo e corram até lá. Há coisas que só mesmo vividas fazem sentido.



lembram-se dos cenários do castelo no holly graal dos monty pthyton?

lembram-se dos cenários do castelo no holly graal dos monty phyton?

o multinacional pricewaterhousecoopers, que, como sabemos, é uma empresa ligada aos interesses do comunismo internacional, acabou de divulgar um estudo sobre o orçamento geral do estado para o ano 2005, e concluiu que o revisão do irs só vai beneficiar o estado e que os benefícios retirados são muito mais que os benefícios dados. para além da minudência de fazer com que os já pagam... paguem mais e não exista nada para fazer pagar os que não pagam.
igualmente concluiu que as alterações produzidas na tributação em sede de irc (adoro este 'em sede de'.. já vos tinha dito?) só irão prejudicar os que já pagam, levando-os a pagar mais ainda, continuando a deixar de fora os que nada pagam.
concluiu mais coisas... (tipo, o pior orçamento desde os anos 80; o menos capaz de gerar crescimentos... etc) mas como eles estão ligados ao comunismo internacional e defendem os ineficazes interesses públicos em vez da eficiente iniciativa privada, não vou fazer mais comentários.


o absolutamente único ministro dos assuntos para..lamentares afirmou que 'as cabalas exitem'
(depois de o benfica ter começado a falar no 'sistema' depois de ter andado imenso tempo a gozar com o sporting por o afirmar, vem agora o psd a afirmar o que gozava ao ps a propósito das cabalas...)
falou numa 'articulação publico-expresso-marcelo' para denegrir a imagem do governo.
errado !!!!! quem denigre a imagem do governo é o governo itself !!!!.. ou é preciso um desenho???
e disse mais uma séria de dislates de quem, qual subserviente personagem, não consegue discernir a lógica da razão por esta não se enquadrar na lógica da subserviência.

o senhor ministro da presidência afirmou ontem defender limites à independência da rtp, por ser o governo que vai a votos e não a administração da rtp.
juro!!!!!
o homem disse isto!!!!!
nem no burkina faso esperaria ouvir uma coisa destas de um governante....


este governo é absolutamente a coisa mais incompetente na história da democracia portuguesa !!!!!!!!!!
a direita portuguesa não é apenas a mais estúpida da europa.
é a mais estúpida.
ponto !!!!

lembram-se dos cenários do castelo no holly graal?
aquele painel frontal suportado por uns barrotes?


p.s.
o senhor procurador geral da república continua a falar.
mas não há uma alma neste governo que mande calar o senhor?
digo eu, que digo coisas...
sei lá...

19 de outubro de 2004

O altar do vinho ou o santo líquido.



Agradeço o título à Mariana:)

Restaurante "As senhoras", Outubro de 2004

Vejam isto

Ia a entrar no comboio da Fertagus em Sete Rios, eu e dezenas de pessoas que depois foram apertadíssimas lá dentro, e o senhor que entra atrás de mim (um deles, porque entram em manada) tropeça. Tendo em conta o espaço entre a plataforma e a entrada do comboio, sabendo que é um buraco grandito e fundo e um potencial risco para quem lá tropeça, viro-me para trás e pergunto "Tudo bem?" e não é que o tipo responde "Tudo bem, sim, tropecei. Porquê, já não posso tropeçar?"
Foda-se. É mesmo aquela do "Um tipo a ser simpático e é isto que recebe...".

Na minha modesta opinião... este é mais lindo.

A T vai fazer o favor de encaixar aqui a imagem.


O homem mais lindo do mundo

Hoje a minha amiga e camarada de luta Erre Maria, deu-me um presente lindo.






Adivinhem o que foi:)

Afinal, a Luz a Meio do Túnel é Vermelha



Afinal, a luz a meio do túnel é vermelha.

O que faz a diferença

Desde pequena que me habituaram a crescer num mundo complexo e surpreendente. Ensinaram-me a ser adaptável e não fazer julgamentos excessivos (queridos pais, um beijo por isso).
Lembro-me que na segunda classe,tive uma amiga da Guiné. Nunca tinha convivido com uma menina negra e adorava-a. Ainda me lembro do nome dela, Ângela Paula e de gostar de lhe dar beijinhos e festinhas, porque tinha a pele muito suave e um cabelo espantoso.
Depois o futebol e partidos. Não creio que ninguém lá em casa, coincidisse muito nestes dois aspectos. Cada um tinha as suas crenças e equipas favoritas. Não me lembro de ninguém se chatear por essa questão.
Na alimentação era igual. Não havia comidinhas especiais para x ou y, o que nos fez crescer a gostar de tudo e a ser boas bocas. E claro que os legumes eram fundamentais.
Quando cresci e fui para a faculdade, o melhor amigo que fiz e de quem muito gosto era e é gay. Não me lembro que isso afectasse em nada a nossa relação, que já tem uns 20 anos.
Se analisar a minha panóplia de amigos, tenho-os dos mais diferentes formatos, opções e texturas. Gosto de gostar deles.
E a diferença deles, nenhum é igual ao outro, enriquece-me e faz-me ser mais eu.
Sou uma pessoa de sorte.
E era isto que eu queria dizer.

18 de outubro de 2004

Ah, bruta flor do querer


Rodin


Com títulos do Caetano Veloso todo o Blog fica airoso.

Um post a fazer de conta que é post

Sempre se disse que povos felizes não têm história, ditado que não se aplica totalmente à vida das pessoas. Quando estamos calados ou não postamos, isto não corresponde necessáriamente ao estádio de nirvana e estejamos a pairar entre as nuvens ébrios de felicidade.
Também não implicar estarmos infelizes. O que é a infelicidade, afinal?
Hoje calcei as botas e meias de lã. Bolas, já chegou o Inverno.
E não esqueçam, a Protecção Civil adverte que o tempo está mau:)

Notas:Zoe, gostei de reler-te. E com ou sem html, fazes sempre falta. By the way, preciso que mudes o template..risos...Estou a brincar moço.

meetings bingo

Sente um tédio imenso durante os pedagógicos, as conferências, seminários, reuniões, assembleias e formação???
Os seus problemas acabaram!!!!
Chegou... meeting Bingo!
Como jogar:
1. Imprima o quadro que segue antes de começar a reunião, seminário, conferência, etc.
2. Sempre que ouvir a palavra ou expressão contida numa das casas, marque a mesma com um (X).
3. Quando completar uma linha, coluna ou diagonal, grite "BINGO"


cartao.htm

Testemunho de jogadores satisfeitos:

"A reunião só tinha tinha começado há 5 minutos quando ganhei!!!"

"A minha capacidade para escutar aumentou muito desde que jogo Docente Bingo"

"A atmosfera da última reunião foi muito tensa porque 14 pessoas estavam à espera de preencher a 5ª casa"

"O formador ficou surpreso ao ouvir 8 pessoas gritando 'BINGO !' pela 3ª vez numa hora"

"Agora vou a todas a reuniões da minha escola, mesmo que não me convoquem"

how the war began...

17 de outubro de 2004

De volta

É, já não escrevo aqui desde... o meio do verão? Enfim, nas últimas semanas não me apeteceu mais que escrever umas poucas linhas (o meu blogue comprova - by the way, passem lá que já estou farto das 3 visitas por dia), mas achei sempre que após tanto tempo calado vos devia mais que uma ou outra linha e tenho esperado até ao dia em que me surgissem ambos paciência e tempo. Por outro lado, não quero escrever o post mais longo que este blogue alguma vez viu.
Finalmente escola e trabalho, faculdade, responsabilidade que esperam de nós sem que nos seja impingida. Na verdade, esperei bastante tempo por isto. Faço o percurso que quiser e se quiser não faço nenhum mesmo que isso me leve à desgraça. Mas ninguém me vai impedir. Ninguém telefona aos meus pais. Sou apenas mais um número, uma inscrição naquela casa, mas sinto-me mais individual que nunca. Porreiro, hem? Quantas pessoas passam por isto? Não sei, todas talvez, mas sinto-me individual na mesma.
Entretanto aprendi que a política está na moda e não entendo bem porquê.
Aprendi que quando mais se trabalha, melhor é não fazer absolutamente nada - e é esse o segredo e a vantagem do trabalho: aumentar o rendimento de não fazer nada (de estou errado não me digam, é uma utopia muito confortável e enquanto mantiver isto em mente vai custar-me menos trabalhar).
Aprendi que o papel de uma mãe em relação ao filho não pode ser invertido.
Aprendi que os jornais são escritos para quem JÁ LÊ jornais (porra, tantos nomes e siglas, não percebo nada daquilo).
Entre outras, outras coisas...
T desculpa se estive ausente nalguma urgência relativa ao html.
Abraços

16 de outubro de 2004

From America, without acentos

Um pais diferente, este. Sem automovel nao e' tecnicamente possivel funcionar. Sim, ha' transportes publicos. Chega-se onde se quer de autocarro. Em uma ou duas horas. Nao por causa dos engarrafamentos (que tambem os ha'). Por causa das distancias.

Um pais com este espaco todo tem, necessariamente, vistas diferentes das nossas. Independentemente dos disparates.

Acho que seria capaz de viver aqui.

15 de outubro de 2004

"Excelente #2" ou "Interneti: Esse Mundo Misterioso..." ou ainda "Achtung: o seu alter-ego pode aparecer-lhe à frente quando menos se espera!!!"

Andava eu à procura das lyrics dessa canção extraordinária chamada "Daddy Cool", cujo conteúdo apresento de seguida

She's crazy like a fool/What about it Daddy Cool

She's crazy like a fool/What about it Daddy Cool/I'm crazy like a fool/What about it Daddy Cool

Daddy, Daddy Cool/Daddy, Daddy Cool/Daddy, Daddy Cool/Daddy, Daddy Cool

She's crazy like a fool/What about it Daddy Cool/I'm crazy like a fool/What about it Daddy Cool

Daddy, Daddy Cool/Daddy, Daddy Cool/Daddy, Daddy Cool/Daddy, Daddy Cool

(spoken) She's crazy about her daddy/Oh she believes in him/She loves her daddy

She's crazy like a fool/What about it Daddy Cool/I'm crazy like a fool/What about it Daddy Cool

Daddy, Daddy Cool/Daddy, Daddy Cool/Daddy, Daddy Cool/Daddy, Daddy Cool (Boney M)

quando eis senão quando vou parar a esta excelente página concebida pelo Udo Müllner cuja fotografia aqui apresento: Ich bin Müllner, Udo Müllner. Ich höre Musik gern. Ich höre am liebsten Daddy Cool!!!

Convida-mo-lo a postar?!
risada.au

importante aviso da protecção civil

PROTECÇÃO CIVIL

AVISO N.º 237745/2004

Carnaxide, 15 de Outubro de 2004

A Protecção Civil adverte:
Se, por engano, o Ministério da Educação colocou algum professor em sua casa, é favor encaminhá-lo para o estabelecimento de ensino mais próximo. É importante manter a calma e fazer de compta que é uma situação normal, para não provocar reacções - que podem ser violentas - no indivíduo em causa.

Obrigado pela vossa colaboração!

Excelente

A crónica de hoje de José Manuel Fernandes no Público.
http://jornal.publico.pt/2004/10/15/EspacoPublico/OEDIT.html

parker lewis cant loose (1990-1993)

admito.


sou um admirador confesso desta série.
gravei muitos dos episódios quando passava na tvi a horas estranhas
revejo-os agora na sic radical.

é uma série absolutamente pioneira.
(embora alguns considerem que foi influenciada pelo 'ferris bueller's day off')
trabalho de câmara notável, efeitos ópticos excelentes, gags intermináveis e inovadores, iconoclasta quanto baste, ausênsia de risos gravados ou pagos em estúdio para nos avisar quando nos estão a dizer uma piada, excelente caraterização das personagens escolares.

o melhor que se poderá dizer desta série é que, passados 14 anos de ter começado, poderia ser exibido como tendo sido feita a semana passada.

os realizadores de séries para os adolescentes deveriam ser obrigados a ver isto 100 vezes até interiorizarem a coisa...

disse.

beijo

Hoje ao chegar a casa vi dois garotos entretidos num beijo. Sentados num banco de jardim, mal se tocavam. Por alguma razão além de não se tocarem, mal se mexiam. Beijavam naquela super câmara lenta que faz tudo parecer leve e bonito, as bocas encaixadas e seguras. Coisa parva, parece que tinham encontrado a forma perfeita do beijo, daí estarem tão sossegados. Ia passando e olhando de soslaio, a preparar-me para achar nojenta a cena, por sentir saudades do meu gajo e tal e coisa. Nada disso. O máximo que tive foi aquela inveja saudosa e paternalista do que não se teve, ou do tempo que já teria passado. Eram o que eram, dois garotos. Entretidos.

14 de outubro de 2004

Direita/Esquerda

(ideias que me foram surgindo enquanto lia a crónica de hoje de José Pacheco Pereira no público http://jornal.publico.pt/2004/10/14/EspacoPublico/O01.html)

1º Esquerda/direita é uma distinção ainda necessária porque ainda não é universalmente incontroverso o facto de que o sistema de mercado ("capitalismo") da direita é, em todos os aspectos e sob todos os pontos de vista, superior ao sistema de direcção central ("socialismo"/"comunismo") da esquerda.

Ainda que os socialistas "modernos" (de "3ª via") aceitem o sistema de mercado na economia, ainda recusam o sistema de mercado na sociedade ("economia de mercado sim, sociedade de mercado não"). Portanto, esquerda/direita é uma distinção que ainda (infelizmente) faz sentido na economia e continuará a fazer na sociedade. (Peço desculpa por usar o termo "sociedade" no seu sentido menos técnico mas não pretendo que estas reflexões tenham um carácter técnico mas sim o carácter de serem o mais acessíveis que é possível).


2º A distinção esquerda/direita tornou-se necessária em Portugal quando a convergência para o centro do PS, pela esquerda, e do PSD, pela direita, ao tornar as políticas e o desempenho governativo dos dois partidos mais comparáveis, pôs em relevo diferenças quer ao nível da qualidade da execução quer ao nível da qualidade das personalidades. A comparação era pois possível porque, no que concerne as grandes ideias políticas e económicas, os programas e a prática daqueles governos eram idênticos.

Desta comparação, o PS saíu extremamente fragilizado: um partido de incompetentes no plano técnico e de fracos no plano pessoal. Descontentes com esta diferenciação baseada na competência e qualidade, foi necessário chamar novamente a distinção esquerda/direita. Simplificando, o apelo eleitoral socialista podia ser entendido como qualquer coisa como "somos muito incompetentes comparados com o PSD mas ao menos nós temos ideologia e eles não; além disso, a nossa ideologia é mais justa". A ideia de que a ideologia deles é mais justa baseia-se no velho preconceito de que os trabalhadores são vítimas, são frágeis e são explorados, quem se preocupa com eles é bom e a esquerda é que tem o monopólio da preocupação com eles.


3º A distinção esquerda/direita, no seu sentido mais original, refere-se às posições económicas. Ainda que seja possível decalcar ideários sociais ou estritamente políticos a partir de um ideário económico, é conveniente que haja uma distinção específica para as posições estritamente políticas. Essa distinção existe: trata-se do eixo autoritarismo/liberalismo.

Em Portugal é muito difícil pensar ao longo deste eixo: por um lado, a reminiscência muito viva e de carácter atávico da antiga ditadura de direita criou um trauma anti-direita e anti-autoritarismo declarado (ainda que benevolente); por outro lado, o liberalismo, ainda que seja possivelmente o primeiro conjunto de ideias que, por suficientemente integradas, mereceram e merecem o nome de "ideologia" na Europa, não tem qualquer tradição ou referência ou apoio em Portugal.

Recorrendo a apenas uma dimensão (esquerda/direita) torna-se pois difícil classificar os quatro possíveis quadrantes de posicionamento político: esquerda autoritária, esquerda liberal, direita autoritária e direita liberal.


4º A questão das distinções ideológicas parece ser novamente um tema de debate pelo facto de os meios de comunicação social, por um certo tipo de motivações, darem primazia aos debates das chamadas "questões fracturantes", em que supostamente, as diferenças ideológicas se tornarão mais evidentes quer em relação a partidos quer em relação a indivíduos. Na minha opinião, essas questões são maus indicadores ideológicos: uma mesma posição numa dessas "questões fracturantes" pode ser transversal a vários partidos ao longo do mesmo eixo esquerda/direita.

Por outro lado, eu suspeito de que o apego que certos partidos têm pelo debate dessas questões serve precisamente o propósito de dificultar o juízo que se possa fazer em relação ao posicionamento ideológico desses partidos e também o propósito de encontrar temas que funcionam como "nichos de mercado políticos": votem em nós porque, ainda que não revelemos abertamente a nossa ideologia, nós somos os únicos a preocupar-nos com isto ou aquilo.

Vontade de....

Adormecer e não ter que acordar cedo.
De ser um lagarto ao sol.
Ou de coisa nenhuma. Só ser. Deixar acontecer?
Apetecer.
Activar! não, não gosto de verbos terminados em ar. Dispersam-se muito:)
Abeijos e braços.

13 de outubro de 2004

Marianne Faithfull

Texto tirado de um bom blog sobre música. É claro que concordo com tudo o que a lebre escreveu sobre a Marianne Faithfull



Não vou cair no lugar comum de a chamar “venus in furs”, em “Before the poison” Marianne Faithfull é acima de tudo uma bacante a oferecer o sacrifício da sua voz, convocando a dor, a fúria e a luz com o veneno duma voz rouca e grave num álbum de feridas abertas à dor, visceral, cheio de uma tensão dramática perdida entre o apetite e a privação.

Pronto, pronto, vou para com a adjectivação passional duma lebre em perfeito êxtase e tentar ser mais concreta.

Ao longo da sua já longa carreira Marianne Faithfull cantou canções de Jim Morrison, Leonard Cohen, Tom Waits, Kurt Weill, Mick Jagger, agora, em “Before the poison” junta-se a PJ Harvey e Nick Cave, Damon Albarn e Jon Brion.
O álbum divide-se acima de tudo entre as canções escritas por Harvey , cruas e ásperas,; típicas canções da Polly Jean encarnadas pela voz de Marianne.
Com a base habitual de guitarra, baixo e bateria, são canções cheias de energia e “raw power”, e as de Nick Cave onde vamos da melancolia aveludada de baladas belíssimas como “Crazy love” até ao estridente de “Desperanto” que é quase spoken Word.
Porém não nos podemos esquecer das colaborações com Albarn “Last song” uma belíssima balada folk de melodia etérea e a pseudo canção de embalar escrita por Brion “City of quartz”.

Em suma, “Before the poison” é mais um álbum onde Marianne canta canções de outros fazendo-as suas, é um álbum belíssimo alimentado por canções com a textura de uma biografia feita de retalhos de desespero, cigarros e whisky.

“Before the poison” é por si só um veneno de alguém que sobreviveu a si mesma
Embriaguem-se com ele.




as 100 bd's do século xx

durante 3 anos, os organizadores do festival de banda desenhada da amadora, realizaram um inquérito para determinar as 100 melhores bd's do século xx.
consultaram-se os 'especialistas' da área e obtiveram-se respostas de mais de 100 dos ditos senhores e senhoras.
o resultado dessa votação deu como os mais apreciados os seguintes:

tintin
batman (versão bob kane & frank miller)
corto maltese
asterix
maus
little nemo
blueberry
the spirit
peatnus
krazy kat

seguidos de perto por black & mortimer, tarzan, flash gordon, calvin &hobbes, pato donald, watchmen, homem aranha e dick tracey.

ao contrário do que muita gente acha... são os gostos que se discutem...
por isso, permitam-me discordar parcialmente desta lista e formular a minha, que é a que segue:
(foram os primeiros que me vieram à memória. por isso devem ser os mais importantes)

sem ordenação preferencial:
flash gordon (fase alex raymond)
philemon (fred)
achille talon (greg)
corto maltese (hugo pratt)
dick tracey (chester gould)
principe valente (hal foster)
little nemo in slumberland (winsor mccay)
li'l abner (al capp)
gotlib (marcel gotlib)
the spitir (will eisner)

as revistas:
condor
falcão
mundo de aventuras
à suivre...
pilote
charlie
l'echo des savanes

alguém me explica?

alguém me explica?


1.

disse o senhor doutor manso pinheiro, eleito deputado pelo partido ecologista os verdes:

o planeamento é como os espinafres. toda a gente sabe que faz bem, mas ninguém gosta'

eu gosto muito de espinafres.
serei ninguém?
planeamento e espinafres?.. estarei louco?

2.

escreveu o senhor doutor luís delgado no diário digital:

'um vendedor de antenas parabólicas, que se acha crítico de televisão, e da impresa em geral, passou aos insultos pessoais. diz tudo do seu carácter e estatura mental. trata-se de eduardo cintra torres, cronista do público. interne-se num hospital psiquiátrico'

o senhor luís delgado, admistrador delegado da agência lusa, comentador de televisão, comentador em jornais e rádios, presidente executivo nomeado da lusomundo média (proprietária do diário de notícias, jornal de notícias, 24 horas, tal & qual, tsf) afirma de alguém com o qual não concorda, que deve 'interne-se'.

será por ser amigo pessoal do senhor doutor pedro santana lopes e seu defensor intransigente que tomou o mesmo rumo que o senhor doutor rui gomes da silva, igualmente defensor intransigente do senhor doutor pedro santana lopes hà muitos anos?.. ou terá sido o seu mentor espiritual?

3.

o senhor doutor vasco mello, administrador da josé de mello saúde, afirmou, a propósito do nóvel hospital de loures que agora vai a concurso de concessão de exploração, que este (e cito) 'será uma fábrica onde vão trabalhar 1800 profissionais'

'fábrica' ??
produzirá doenças?
para obter lucro. imagino
será que a palavra saúde lhes dirá alguma coisa?

4.

o senhor doutor pedro santana lopes, em comício de apoio ao candidato da coligação psd/pp nos açores, pediu aos eleitores para votarem na sua coligação, em nome das vantagens da alternância democrática, uma vez que o senhor doutor carlos césar está no poder hà 8 anos.
o mesmo senhor doutor, em deslocação à madeira (e onde inaugurou uma fábrica que só estará a funcionar em maio do próximo ano) pediu a continuidade do senhor doutor alberto joão no poder (onde está hà mais de 20 anos.
será por não haver democracia na madeira e ser impossível a aplicação do princípio da alternância democrática?


alguém me explica?

de uma forma simples, de preferência. que eu tenho um cérebro pequenino...
e frágil

T.P.C

Odeio ficar de ressaca.Odeio ficar de ressaca.Odeio ficar de ressaca.Odeio ficar de ressaca.Odeio ficar de ressaca!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Vou escrever isto mil vezes para me lembrar, de na próxima ocasião, ficar de ressaca outra vez. O prazer paga-se sempre caro:)


12 de outubro de 2004

Para o Ricardinho:)

Monsanto!




Ofereço-me para Psicanálise

Ofereço-me para sessões de psicanálise a realizar por investigadores e/ou estudantes de psicanálise. Há muitos aspectos interessantes na minha psique, muitas coisas a explorar e a descobrir. Sou um anormal muito atípico. O potencial de contributos para a ciência a partir de mim próprio é imenso. Além disso, sou um "paciente" ideal: inteligente, desinibido e disposto a colaborar. E tenho disponibilidade de tempo. Vou a casa/consultório/instituto de investigação (desde que haja facilidade em estacionar).

Contacto: soultosqueeze@aeiou.pt

Recomendo!

Adorei este blog dum canadiano anónimo.

outono em fajão

Paraíso Inesperado

Estive ontem na Fnac do Almada Fórum. Fiquei maravilhado. Àquela hora na Fnac do Colombo seria um mar de gente. Mar de gente também por todo o Colombo. Na Fnac de Almada, eram mais os empregados do que os visitantes. Num ponto de escuta em vez de filas havia dois lugares vazios. Em cada secção da área de livros havia sempre um empregado livre. Nunca vi uma Fnac com tão pouca gente num horário daqueles e com tantos empregados prontos para ajudar.

Fora da Fnac, no centro comercial, sempre pouca gente. Os empregados das lojas, pelo menos das 3 lojas de computadores, todos incrivelmente eficientes. Fiquei espantado.

A melhor experiência foi a compra de uma camisa. Este foi até agora o acto de compra-venda mais eficiente, bem-educado, elegante e cheio de mais-valias de toda a minha vida em Portugal. O acto acabou por ser melhor e mais importante que a própria camisa. Um dos melhores elementos desse acto foi uma das coisas que, para mim, é um mínimo de boa-educação mas que nunca acontece: em vez de deixarem o saco ou o pacote em cima do balcão, a mulher de ontem agarrou no saco, saíu de trás do balcão e entregou-o em mãos e olhos nos olhos. Em mãos e olhos nos olhos é, para mim, um mínimo de boa educação e de simpatia e, já agora, de humanismo, é o que deveria distinguir o atendimento humano do automatismo das máquinas de cafés e chocolates.

Desde há bastante tempo que reconheço que a minha vida está um bocado saturada de centros comerciais. Vagueio no Colombo como quem anda perdido por ruas e vielas. Sinto a compulsão de ver montras por mais não significativa que essa actividade seja para o sentido de uma vida. E, no entanto, sinto-me entusiasmado por conhecer mais um novo centro comercial. Andei no Almada Fórum como se fosse a primeira vez na vida que viesse ao um centro comercial.

Eu sei que estas minhas preferências têm pouco a ver com aquilo que supostamente deverá constituir o estereotipo de alguém interessante, que não seja fútil, etc.. Mas os centros comerciais fazem, de facto, parte da minha vida.

Só lamento é que isso talvez não seja o resultado de uma verdadeira opção. Onde estão as alternativas?

Onde estão os grandes jardins onde seja possível ler sozinho sem ser importunado por alguém que peça trocos? Onde estão os prontos-a-comer virados para o rio e na proximidade de relvas limpas onde se possa jantar em modo pic-nic? Onde estão as bicicletas de aluguer disponíveis em máquinas automáticas? Como é que se vai para Monsanto e onde é que se pode estacionar o carro, tendo em conta que os transportes públicos para ir lá ter são obscuros?

Bebida

A noticia dizia de forma alarmante que crianças começavam a beber aos 8 anos e que , actualmente, os adolescentes bebem para se engrossarem, a que chamaram "binge drinking".

Eu já tenho alguma experiência com a bebida e na minha opinião não existem muitas bebidas com mais de 37% de alcool que se tire prazer do seu sabor. Talvez não tenha paladar mas para mim os vodkas sabem todos ao mesmo. Estou a excluir, obviamente, os sabores a melão, laranja e frutos variados. Nesse caso, sabem ao corante correspondente ao fruto.

Reconheço que sou um fraco e que por ter um figado amigo do dono, o alcool é quase administrado por via intravenosa. Por isso, quando bebo é para ficar grosso. Por exemplo, ontem estava com uma fome incrivel quando cheguei a casa à meia noite e meia. Comecei por beber uma cerveja (warsteiner) e quando a massa acabou de cozer, estava eu a acabar a terceira cerveja. Fiquei grossissimo! Eu gosto particularmente da bebedeira da cerveja! Não me deixa mole como a bebedeira do whisky e nem me deixa a sofrer do estomago se for de vodka.

Não vejo nenhum problema numa pessoa beber para ficar bêbado. Afinal, bebemos por nos dá prazer. Se o problema reside por eles serem adolescentes, o problema não apareceu agora. Toda a geração dos meus pais sabe o que são sopas de cavalo cansado e certamente grande parte dela as comeu. Eu não proponho soluções mas se adolescentes andam a beber e não deviam, os pais não devem estar cumprir a totalidade das suas funções.



(A escrita ficou um pouco anarquica...(restos da cerveja talvez))

(Pensando bem, tudo o que nós fazemos, resulta, em ultima analise, no prazer.)

Boys stink

I wanted you right here with me
but I have no choice, you've gotta leave
because my heart is breaking
with every word I'm saying,
boy I gave up everything I had
on something that just wouldn't last
but I refuse to cry
no tears will fall from these eyes (ohh, ohh)

get out!

get out (leave) right now
it's the end of you and me (you and me)
it's too late (now) and I can't wait for you to be gone (you to be gone)
cause I know, about her (move)
and I wonder (why)
how I bought all the lies (how did buy all your lies?)
you said that you would treat me right (you said that you)
but you was just a waste of time (waste of time)

Zoeeeeeeeeeeeee!!!

Please, help me!!!
Este corpo de blog não comporta o link ao fresco!!!
Ajudas?
Beijocas:)

11 de outubro de 2004

um fim de tarde nos penedos de fajão

o ceira em fajão....

Kryptonite

O Super-Homem morreu. O que vai ser de nós agora?

Quando os nossos hérois, pessoas de bem e artistas morrem, o nos resta para mostrar?

a não criação

Tradução de uma carta recebida recentemente pelo Comissário Europeu da Agricultura.
(citada de attac portugal)

Senhor Comissário da Agricultura,

O meu amigo Robert, que vive na Bretanha, recebeu um cheque de 100.000 EUR da UE para não criar porcos este ano.
Por essa razão eu estou a pensar entrar no programa de não-criação de porcos no próximo ano.
O que eu gostaria de saber era qual é a melhor quinta possível para não criar porcos e também qual a melhor raça a não criar.
Gostaria de não-criar Javalis, mas se eles não forem uma boa raça para não-criar, fico igualmente satisfeito se puder não-criar uns Landrace ou uns Large White.
O trabalho pior neste programa parece-me ser manter um inventário preciso do número de porcos que não criámos.
O meu amigo Robert está muito entusiasmado quanto ao futuro do seu negócio. Criou porcos durante mais de 20 anos e o máximo que tinha conseguido ganhar foram uns 35.000 EUR em 1978... até este ano, que recebeu o tal cheque de 100.000 EUR para a não-criação de porcos.
Se eu posso receber um cheque de 100.000 EUR para não-criar 50 porcos, então receberei 200.000 EUR por não-criar 100 porcos, etc.?

Proponho-me começar por baixo para depois chegar a não-criar uns 5000 porcos, o que significa que receberei um cheque de 10.000.000 EUR para poder comprar um iate e para outras necessidades urgentes.
Mas há outra coisa: os 5000 porcos que eu não criarei deixarão de comer os 100.000 sacos de milho que lhe estão destinados. Entendo, portanto, que irão pagar aos agricultores para não produzir esse milho.
Isto é: receberei alguma coisa para não-produzir 100.000 sacos de milho que não alimentarão os 5000 porcos que não-criarei?
Pretendia começar o mais cedo possível, porque parece que esta altura do ano é a mais propícia à não-criação de porcos.

Com os melhores cumprimentos,

(Assinatura ilegível)

PS : Mesmo estando implicado no programa poderei criar uns 10 ou 12 porcos para ter algum presuntito para dar à família?

desert island iii

Machiavelli once wrote that all bad deeds, when necessary, should be done in their most intense form, one immediately after the other, and as swiftly as possible.

At some point in my life and ever since then I became glad that my birthday and Christmas always came almost together and went fast.

O primeiro rádio

A ler o post do Carlos, a propósito bem chegado de Fajão, recordei inevitávelmente o primeiro rádio lá de casa.
Era um aparelho a válvulas, ondulado e grande, castanho. Lembro-me de ouvir muita música e muitos programas, até mesmo a BBC antes do 25 que mudou (quase) tudo. Mais tarde esse rádio foi destronado e substituído por um moderno Telefunken (moderno como quem diz) , com um som óptimo e que continua a sua vida em casa da minha sobrinha Mariana. E lá está muito feliz, devo acrescentar. Um belo aparelho dos anos 70.
Conservo ainda o antigo. Precisa de ser colado, de levar uns fios novos mas ainda funciona. Suponho que terá no mínimo uns 50 ou 60 anos.
Estou a pensar em ressuscitá-lo.
Engraçado, memórias de aparelhos de Tv nunca tive. Talvez porque me concentrava apenas na imagem que emitia. No rádio não. Todos tínhamos que estar calados e a olhar para o vácuo. Ou porque as televisões fossem muito feias.
Vou ver se descubro uma foto do primeiro rádio lá de casa:)




'com 18 anos de idade, na flor da mocidade...'

"com 18 anos de idade,
na flor da mocidade..."

a semana passada, ao ver um programa sobre a amália, dei por mim a lembrar-me da mais antiga canção de que me recordo.
tirando umas 'lenga-lengas' sobre chover e dar sol e a raposa no largar e outras coisas semelhantes, este romance cantado em fado menor é a primeira música de que tenho memória.
contava, ao que me lembro da história de uma jovem rapariga e da sua mãe ali para os lados de évora.

na minha infância não tinha rádio em casa (obviamente que também não televisão...), por isso as músicas de que me recordo eram as escutadas na rua.

naqueles tempos remotos era comum andarem uns cegos acompanhados de um outro senhor ou senhora a cantar pelas ruas.

cantavam 'à capella', normalmente com música do fado menor, umas histórias dramáticas de amores falhados, dramas passionais, mortes estranhas e outros temas interessantissimos.
o cego cantava e o seu acompanhante carregava a caixa preta com as enigmáticas letras 'a.b.l.b.' cravadas a branco e vendia uma folhas enormes (pelo menos para o meu tamanho) com as letras das histórias que cantavam e umas outras que seriam famosas ao tempo.
as iniciais 'a.b.l.b' eram um completo mistério para mim.
seria o nome do senhor?... o a.b. do começo era parecido com os bombeiros voluntários da terra....
devo ter construído umas dezenas de hipóteses para completar aquele enigma até ter feito a ligação entre aquelas letras e os sorteios do carro em cima da camioneta da da associação louis braille.
tambem era estranho para mim o cego cantar... e o outro (ou outra) carregar a caixa do dinheiro e vender as folhas com as letras das cações.
como é que o cego sabia o dinheiro que estava na caixa?
também estranhava que o acompanhante vestia melhor que o cego.
dava por mim a imaginar o que sentia aquele senhor que não via.
quem lhe dava comida... quem o vestia e lavava e tratava. onde viveria.
se ele saberia que eu estava em frente dele a ouvi-lo.
se ela saberia que era olhado e escutado por quem passava, ou apenas escutava as moedas que caíam na caixa.

uma noite destas, em fajão, tudo isto me voltou à memória.
e senti-me muito bem.


na infância, as nossas preocupações e os nossos mistérios são tão simples....

10 de outubro de 2004

A realidade refocada

Foi uma semana produtiva. Vi “Big Fish”, de Tim Burton, e acabei “A ordem alfabética” de Juan José Millás. Comum a ambos, uma quase inexistente fronteira entre a realidade e a ficção. Com ambos ficamos na dúvida, como as personagens, sobre o que é preferível: enfrentar a realidade como ela é, ou criar o nosso mundo de fantasia para tornar a realidade mais suportável. A cada um a sua resposta privada.

Em Burton o herói luta contra a insignificância da vida. Em Millás, contra a solidão auto-imposta. Proponho um exercício:

1. Ler o livro de Millás.
2. Ver o filme de Burton.
3. Imaginar um diálogo entre os dois. O herói de Burton passa por Lisboa, a caminho de Paris, onde irá visitar o filho, a nora e o neto que nasceu. O herói de Millás está também em Lisboa, onde se deslocou para efectuar um trabalho sobre as televisões portuguesas. É uma quinta feira ensolarada, ao fim da tarde, em Setembro. Sentados em mesas contíguas num bar das docas, frente ao rio, reconhecem-se como estrangeiros, cumprimentam-se e falam. A conversa prolonga-se pelo jantar, no Martinho da Arcada.

De que falam?


8 de outubro de 2004

A perfeita adopção

Era uma vez… um casal que, apesar disso, tinha uma relação de grande intimidade. Daqueles casais que se vêem muito nas comédias românticas, por oposição ao que se observa nos dramas quotidianos. Estes nossos heróis tinham acerca das relações interpessoais uma opinião muitíssimo particular: acreditavam que valia a pena investir nos afectos.
Um belo dia de Inverno decidiram conversar longamente sobre a possibilidade de adoptarem uma criança. A conversa girou em torno do que tinham para dar e dos que, nada tendo, teriam direito a receber. Não falaram de despesas, cor da pele, idade, sexo, ascendência, perfeições ou imperfeições. Conversaram apenas sobre dar e receber e chegaram à opinião consensual que se exercessem o dever de adoptar estariam a investir desinteressadamente no género humano.
No dia seguinte dirigiram-se ao organismo da segurança social da área da sua residência e comunicaram a intenção de adoptar a uma senhora extraordinariamente simpática, que os atendeu numa sala cheia de luz sem papéis espalhados e com o mobiliária a condizer. Após ter verificado todos os requisitos legais, enquanto o casal tomava um café trazido por um assistente igualmente simpático, foi emitido e entregue aos candidatos à adopção um certificado da comunicação e do respectivo registo.
Seis meses após a comunicação da intenção de adoptar, o casal foi notificado da decisão que aceitou a sua candidatura e que foi resultado de um estudo aturado sobre as suas personalidades, saúde, idoneidade para criar e educar o menor e a sua situação sócio-familiar.
Ainda não tinha passado uma semana sobre este feliz acontecimento, quando receberam na sua casa a visita de duas técnicas dos serviços da segurança social para lhes comunicar a existência de uma criança em condições de lhes ser confiada administrativamente, sempre com o seu acompanhamento, com vista a adopção.
Explicaram ao entusiasmado casal que se tratava de um período de pré-adopção e que não excederia os seis meses. E, para que não existissem dúvidas, seriam notificados do relatório mensal que as técnicas acompanhantes realizariam todos os meses.
O organismo da segurança social comunicou, em cinco dias, ao Ministério Público, a decisão relativa à confiança administrativa do menor, com os respectivos fundamentos.
O dia em que a criança lhes foi entregue foi um dia de imensa felicidade e de algum pânico. Seriam capazes? Estariam à altura do exercício do dever?
Tudo correu bem. Apenas tiveram que realizar alguns investimentos. De afectos, obviamente.
Sete meses após a data da entrada da criança em casa dos pais (sim dos pais), foi requerida a adopção.
Depois de realizada toda a tramitação processual foi proferida a sentença que decretou a adopção. Tinha passado pouco mais de um ano sobre a data em que este casal perfeitamente atípico tinha decido cumprir o dever de adoptar.
E embora tudo o que se passou (relatórios, petição, testemunhos, tempos mortos) após a data da entrada do seu filho (sim, filho) na sua casa lhes tenha parecido irrelevante, não deixaram de sentir um certo alívio por verificar, preto no branco, aquilo que já sabiam: eram pais.
Apetece-me dizer que foram felizes para sempre, mas não posso. Porque entretanto tocou o despertador e a dura realidade pintou de cinzento o arco-iris do sonho.

A Toyota não está boa da cabeça!

Para anunciarem um carrinho minúsculo daqueles que só servem para quem não aprendeu bem a estacionar, apresentam um yuppie com um penteado pouco recomendável a dançar dentro do carro! E a andar de um lado para o outro sem qualquer sentido com o carro num parque de estacionamento vazio! Mas isto cabe na cabeça de alguém??!!

Como se não bastasse tudo isto, no final aparecem 3 polícias de trânsito com aqueles ray-bans suspeitos e enfiam-se todos pelo carro adentro! E ainda por cima exprimem um sorriso subtil!!!

Mas que ideias obscuras tenta a Toyota insidiosamente incutir nos telespectadores?? Quaisquer que elas sejam, a Toyota devia ser proibida!

Solidão

A imagem não sai da minha cabeça. O velho que atravessa a cidade como se ela não existisse. Mas o ar dele está a deixar de ser digno. Está amargurado. Como se tivesse perdido metade da alma. Parece recriminar-se por isso. Olha para o passado e por isso não vê a cidade. É incapaz de olhar para a frente, desistiu de viver no momento em que perdeu a tal metade da alma. Provavelmente nunca teve aquilo que julga ter perdido. Franze o sobrolho como se o estivessem a picar com uma agulha. Devem ser as tais imagens que, como raios, aparecem na sua frente. Para as afastar fala sozinho. Conversa consigo próprio. Assim a dor é mais suave.

7 de outubro de 2004

Desgosto de.

Não, não sou admiradora incondicional do Marcelo Rebelo de Sousa. Mas estou habituada a lê-lo desde 1973. Que seja retirado da TVI em 2004 ,enerva-me.
De igual forma me irrita que o PP, para mim ainda é CDS, pareça o patrono da coligação. Qual Popular, qual carapuça.
Este país vive do empolar da coisa, eu sei. Das pequenas coisas se tecem tragédias ou comédias.
Mas eu até gostava de ouvir o senhor professor. Apesar de discordar na maioria das vezes com o dito, muitas vezes fazia-me repensar a minha posição até a tornar defensável, pelo menos para comigo própria.
Não, não gosto do rumo que as coisas estão a tomar. E estou cada vez mais ciente que o PP , é realmente um partido a evitar.
Estou desgostada. Não é tipo como o outro dizia à namorada que não lhe apetecia "Não desgosto de ti". É exactamente, não estou a gostar mesmo.




A Mercedes não está boa da cabeça!

Para anunciarem a nova versão daquele carro que só agrada a senhoras para quem uns embates laterais e frontais e traseiros nos carros dos outros são maçadas triviais, vão lembrar-se de sugerir às pessoas que estas tenham atitudes "diferentes", que as deixem em embaraçoso destaque em relação à normalidade.

Propõem ao executivo que troque o nobre cão por um porco e o passeie nos mármores do foyer do escritório; induzem as mães a surripiar deslealmente os sorvetes das filhas; exortam a maioria dos colegas a ridicularizar aquele que foi buscar os cafés, e isto durante o desejavelmente pacífico intervalo para o almoço! Não há direito!

Depois confundem toda a gente, a começar por quem vê televisão, ao dizerem numa primeira fracção de segundo "Tenha filhos" e a seguir, noutra fracção, "Não tenha filhos"!

O que pretende a Mercedes com tudo isto? Vender carros? Controlar as nossas vidas? Em qualquer dos casos, a Mercedes devia ser proibida!

Gripe - aviso à navegação

Da Circular Normativa 59/DT de 1 de Outubro de 2004 da Direcção Geral da Saúde:

"A gripe é uma doença viral aguda causada pelo vírus influenza do qual se conhecem 3 tipos - A, B e C. Apenas os vírus A e B causam doença com impacte significativo na saúde pública. O vírus influenza A sofre variações antigénicas mais frequentes que o vírus do tipo B e é o principal responsável pelas epidemias mais alargadas, incluindo as pandemias.

[...]

Recomendações para vacinar contra a gripe
Na época 2004/05, em consonância com as orientações emanadas pela OMS, para além de aumentar a cobertura vacinal nos grupos de risco alvo, pretende-se sensibilizar os profissionais de saúde para a vacinação.
Assim, recomenda-se fortemente a vacinação:

a) às pessoas consideradas com alto risco de desenvolver complicações pós-infecção gripal:
  • pessoas com 65 ou mais anos de idade, particularmente se residentes em lares ou outras instituições;
  • pessoas residentes ou com internamentos prolongados em instituições prestadoras de cuidados de saúde, independentemente da idade (ex: deficientes, centros de reabilitação);
  • pessoas sem-abrigo;
  • todas as pessoas com idade superior a 6 meses, incluindo grávidas e mulheres a amamentar, que sofram das seguintes patologias:
  1. doenças crónicas cardíacas, renais, hepáticas ou pulmonares (incluindo asma);
  2. diabetes mellitus ou outras doenças metabólicas;
  3. outras situações que provoquem depressão do sistema imunitário, incluindo medicação (ex: corticoterapia) ou infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) e cancro;
  4. Crianças e adolescentes (6 meses – 18 anos) em terapêutica prolongada com salicilatos e, portanto, em risco de desenvolver a síndroma de Reye após a gripe.

b) às pessoas que podem transmitir o vírus a outras consideradas de alto risco, (enumeradas na alínea a, mesmo que tenham sido vacinadas) ou que estejam em risco acrescido de contrair a doença :

  • pessoal dos serviços de saúde e de outros serviços com contacto directo com pessoas de alto risco;
  • pessoal dos serviços de saúde que trabalha em hospitais e que tenham contacto directo com doentes internados;
  • coabitantes (incluindo crianças > 6 meses) de pessoas de alto risco. [...]

6 de outubro de 2004

A Guidinha

Ando completamente fascinada com a Guidinha, é um livro bestialmente delicioso que dá vontade de ler e reler

A VERDADE ACIMA DE TUDO

«Durante uma data de anos fui escrevendo redacções para a tal «A Mosca» enquanto o meu Pai coitadinho se batia com a Censura e com este e com aquele e vai um dia pediram-me para as redacções virem todas num livro chamado As Redacções da Guidinha e eu disse que sim e vai foram lá a casa raparam das minhas redacções todas e puseram-nas num livro e eu e eu comecei a receber cartas de toda a parte escritas por meninas e meninos a dizerem-me como eram a vida deles e como é que os Pais lhes batiam e a perguntar o que é que haviam de fazer para evitar levaram tanta pancada e como é que haviam da passar nos exames sem saberem a tabuada e mais isto e mais aquilo e eu lia aquilo tudo mas nunca respondia para não fomentar a desordem no país que não precisava de mim para isso e o tempo foi passando sem ninguém dar por isso até que um dia «A Mosca» acabou numa reforma qualquer para voltar uns tempos voltar numa outra reforma e para acabar de vez numa terceira reforma para dizer a verdade ainda esteve para voltar em mais sete ou oito reformas e para não voltar em dez ou doze e eu calada que nem um rato porque em matéria de reformas sou licenciada já assisti a reformas do ensino da linguagem da administração do vocabulário dos costumes e sei lá que mais e só uma coisa é certa essa coisa é que «atrás de reforma vem reforma» tão certo como dois e dois serem quatro e que para reformar não há como os portugueses que reformam rerreformam e rerrerreformam e está tudo sempre a pedir reforma enfim como já percebi que a reforma é a vocação natural da Pátria é assim como as touradas quando há reformas sento-me na minha cadeira e deixo-as passar...»

“A Guidinha antes e depois ”

Luis Sttau Monteiro

Um certo tom a oco

Vieram e foram as férias. Este ano, mais que de outras vezes, a sensação de ser apanhado num sorvedouro no regresso foi mais forte. A sensação de ter sido apanhado na centrifugadora de uma máquina de lavar. Quando a máquina pára a cabeça está vazia e bronca. Não sai nada. O sujeito limita-se a olhar com ar bovino para o écran, a deglutir o texto, com um ou outro sorriso amarelo e pouco mais.

Isto para dizer que tenho olhado, metido uma ou outra microbucha, e seguido em frente. Não é desinteresse, pelo contrário - a vontade de parar e escrever é mais que muita. Há quem diga que isto é a síndrome do herói - só eu pareço poder fazer o que tenho para fazer. As alternativas, contudo, não aparecem.

Acho que me vou dedicar ao futebol. Mentira. Não é para o meu feitio.

Mas continua a haver coisas boas na vida. O Philip Roth tem um livro novo.