A “Laranja Mecânica" foi um marco na história do cinema - pelo tema, pelas personagens, pela cor, pela música e pela forma da montagem das cenas.
Baseado num romance de um escritor mediano, Anthony Burgess, que o escreveu após lhe ter sido diagnosticado um cancro fatal e lhe terem sido dados seis meses de vida. Nesses 6 meses, ele escreveu o livro que considerava como uma espécie de testamento sociopolítico. Contudo, veio a verificar-se um erro de diagnóstico, e afinal não havia cancro nenhum, e o Burgess ainda viveu mais quase 40 anos e escreveu outras coisas. No entanto, foi esta Laranja de 1972 feita pelo barbudo a partir do seu livro, que o levou ao grande público e à fama mundial.
O que é certo é que Burgess em 1962 escreveu esta história baseada num assalto que a sua esposa grávida sofreu em 1944, e que deixou o casal muito afectado. Por isso, decidiu contá-la num futuro incerto, em que a sociedade era dominada por uma extrema violência, gratuita e injustificada, pela absoluta indiferença e pelas drogas - o que, infelizmente, não anda muito longe de algumas sociedades.
De certa forma, a "Laranja Mecânica" foi um livro na esteira de "1984" de George Orwell, vinte anos antes, também ele futurista e um aviso sério daquilo que nos podia esperar no âmbito politico da segunda metade do Século XX.
Enquanto no caso da obra de Orwell, o Grande Irmão vai tomar conta das nossas consciências e pensamentos (bom exemplo da apologia comunisto-soviética), em Burgess predomina a ausência de princípios e do respeito entre os seres (des)humanos, e do recurso a métodos extremos para tentar curar esses males - no fundo, e ultrapassando definitivamente o velhíssimo Código de Hamurabi (dos Assírios) com 2 mil anos, em que reinava a máxima "olho por olho e dente por dente", aqui vai-se ainda mais longe e trata-se a violência através de muito mais violência.
Kubrick, americano do interior, que chegara ao cinema por via da fotografia (ganhara o primeiro prémio de fotografia na escola, com 15 anos), era um velho amante de coisas esquisitas - já fizera o "Lolita" e o "2001", e vivia em Inglaterra desde que não lhe deixaram filmar o primeiro na sua América puritana. Ofendido, viera viver para o país da Magna Carta Libertatum, tendo sempre o apoio das carteiras de Hollywood.
O bom do Stanley sabia que já Andy Warhol e também os Rolling Stones, tinham tentado pegar no livro de Burgess (definitivamente, não confundir com o "terceiro homem" do célebre Ring Of Five, grupo de espiões de Cambridge que traíram os aliados a favor dos Soviéticos durante a Guerra-Fria).
Só que Kubrick era Kubrick, e o resultado está à vista - um choque para os mais sensíveis, e uma lição de vida para os interessados e aqueles poucos que não conseguem dormir a noite toda - os vigilantes.
Uma nota final para a banda sonora, que domina e envolve todo o filme, condicionando e dando interpretação às cenas - também aqui se inovou, e se trouxe novos mundos ao mundo: com uma coisa chamada "sintetizador", e um autor fabulástico chamado Walter Carlos, tocando a 9ª do Ludwig em computador (moog) - mas isso é outra história...
Um abraço ao Stanley por onde quer que ele ande...
Baseado num romance de um escritor mediano, Anthony Burgess, que o escreveu após lhe ter sido diagnosticado um cancro fatal e lhe terem sido dados seis meses de vida. Nesses 6 meses, ele escreveu o livro que considerava como uma espécie de testamento sociopolítico. Contudo, veio a verificar-se um erro de diagnóstico, e afinal não havia cancro nenhum, e o Burgess ainda viveu mais quase 40 anos e escreveu outras coisas. No entanto, foi esta Laranja de 1972 feita pelo barbudo a partir do seu livro, que o levou ao grande público e à fama mundial.
O que é certo é que Burgess em 1962 escreveu esta história baseada num assalto que a sua esposa grávida sofreu em 1944, e que deixou o casal muito afectado. Por isso, decidiu contá-la num futuro incerto, em que a sociedade era dominada por uma extrema violência, gratuita e injustificada, pela absoluta indiferença e pelas drogas - o que, infelizmente, não anda muito longe de algumas sociedades.
De certa forma, a "Laranja Mecânica" foi um livro na esteira de "1984" de George Orwell, vinte anos antes, também ele futurista e um aviso sério daquilo que nos podia esperar no âmbito politico da segunda metade do Século XX.
Enquanto no caso da obra de Orwell, o Grande Irmão vai tomar conta das nossas consciências e pensamentos (bom exemplo da apologia comunisto-soviética), em Burgess predomina a ausência de princípios e do respeito entre os seres (des)humanos, e do recurso a métodos extremos para tentar curar esses males - no fundo, e ultrapassando definitivamente o velhíssimo Código de Hamurabi (dos Assírios) com 2 mil anos, em que reinava a máxima "olho por olho e dente por dente", aqui vai-se ainda mais longe e trata-se a violência através de muito mais violência.
Kubrick, americano do interior, que chegara ao cinema por via da fotografia (ganhara o primeiro prémio de fotografia na escola, com 15 anos), era um velho amante de coisas esquisitas - já fizera o "Lolita" e o "2001", e vivia em Inglaterra desde que não lhe deixaram filmar o primeiro na sua América puritana. Ofendido, viera viver para o país da Magna Carta Libertatum, tendo sempre o apoio das carteiras de Hollywood.
O bom do Stanley sabia que já Andy Warhol e também os Rolling Stones, tinham tentado pegar no livro de Burgess (definitivamente, não confundir com o "terceiro homem" do célebre Ring Of Five, grupo de espiões de Cambridge que traíram os aliados a favor dos Soviéticos durante a Guerra-Fria).
Só que Kubrick era Kubrick, e o resultado está à vista - um choque para os mais sensíveis, e uma lição de vida para os interessados e aqueles poucos que não conseguem dormir a noite toda - os vigilantes.
Uma nota final para a banda sonora, que domina e envolve todo o filme, condicionando e dando interpretação às cenas - também aqui se inovou, e se trouxe novos mundos ao mundo: com uma coisa chamada "sintetizador", e um autor fabulástico chamado Walter Carlos, tocando a 9ª do Ludwig em computador (moog) - mas isso é outra história...
Um abraço ao Stanley por onde quer que ele ande...
Texto de Carlos Pessoa Domingos
1 comentário:
Una escena del film......¿Inspirada en la muerte de Ramón Novarro, 1968?
Enviar um comentário