a diada, ou outros 11 de setembro

a tradição dos monarcas europeus de casarem todos uns com os outros numa espécie de donos do mundo, achavando que por via genital iam conquistando o reino do primo, que por sua vez achava o mesmo, fez com que a europa se mantivesse mergulhada em guerras intermináveis.

no começo do século 18, carlos II morreu. era o último macho da família dos habsburgos e, por via disso, sem descendência directa.
filipe d’anjou, da família real francesa, reivindica o direito a dono de espanha, que passaria desde então a pertencer aos bourbons. como ninguém dá de barato uma terra que custou tantos casamentos a conquistar, a casa real da áustria (do ramo dos habsburgos) decide que o arquiduque carlos é que devria ficar com aqueles terrenos para lá dos pirenéus.
como acontece sempre nestas coisas, quando a nobreza se zanga, quem se lixa é o povo.
os catalães que há muito lutavam pela independência, apoiaram o lado de carlos, porque isso lhes poderia ser mais favorável.
e foram muitos anos de guerra, com a proclamação, pelo meio, de carlos como rei na catalunha e filipe a dar-lhe coça.
em 1713, em utrecht, as famílias reais europeias chegam a acordo sobre mais uma divisão da europa: filipe passava a rei de espanha e a inglaterra e a holanda recolhiam às boxes, deixando a frança e a espanha descansadas até ao próximo conflito familiar.
entretanto o carlos, rei da catalunha, tinha passado a ser imperador do império sacro-romano porque o seu irmão mais velho tinha morrido e já não precisava da catalunha para dizer que era rei quando afinal podia dizer que era imperador (ninguém joga na liga europa se puder jogar na liga dos campeões..)
sozinhos novamente, os catalães, depois de um longo cerco, voltam a ter, no dia 11 de setembro de 1714 a sua barcelona ocupada pelos invasores e a soberania mudada para madrid.
esse 11 de setembro marca o fim, por alguns séculos, do sonho de uma catalunha soberana.
depois foi o normal: repressão em massa, mortes incontáveis, abolição dos privilégios autonómicos através da ‘nueva planta’ e proibição do uso da língua catalã.

hoje volta a ser a ‘diada’: dia da catalunha e da esperança reforçada.