30 de janeiro de 2008

Mornas, prédios e internet

Temos estados inundados por uma luz fantástica. Não me canso de olhar de um lado para o outro, enquanto atravesso a cidade. Ontem num taxi, ao som de mornas, meia ensonada ia confirmando as dúvidas do motorista, um jovem negro simpaticissimo. Mas de facto ia contando pelos dedos os prédios da Fontes Pereira de Melo, que parecem ter os dias contados. E depois na Casal Ribeiro, até o coração me doeu. Sofre muito, quem Lisboa ama.
Outros pequenos raios de luz: já há uns dias a descendente do proprietário da Ourivesaria Mergulhão, por Benoliel fotografado defronte ao estabelecimento, descobre aqui no Dias a foto do bisavô. Hoje foi a vez de um descendente das Lojas Ferrador, nos agradecer termos falado aqui nesta já respeitável instituição lisboeta. Cada vez mais me fascina a facilidade de cruzamentos só alcançáveis via internet.
De manhã, agarrada ao meu saco de frangalhos vários de Antónios Marias, Pontos nos iii e Besouro, o motorista disse-me " A senhora ainda é uma jovem, não se lembra". Resmunguei-lhe a idade entre dentes enquanto o senhor se espraiava " Isso não é nada, comparativamente!
Pois em comparando e com sorte, haverá sempre alguém mais velho do que eu.
E é assim.

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