... e a cultura fica mais pobre
nenhuma destas pessoas estava presentemente em actividade.
e todas elas deixaram obras que ficam muito para além delas.
mas ainda assim, a cultura fica mais pobre
na última semana morreram 3 pessoas às quais eu votava grande admiração.
birgit nilsson
foi uma das maiores sopranos da história da musica.
notável com o wagner (compositor que não é do meu particular agrado), deslumbrante com os italianos.
disputou com a callas o lugar de primeira dama.
pouco dada a escândalos, casamentos famosos e a comer ténia para manter a linha, birgit nilsson não aparecia nas revistas generalistas.
apenas a podiamos ver nas capas dos discos e nos cartazes das óperas que se escutavam.
aa suas interpretações da aida, da tosca, turandot, são coisas de fazer estremecer a espinha.
dizem os wagnerianos que os aneís, por ela, são orgasmáticos e que não há outra brunnhilde.
eu gosto mais de a ouvir cantar a sul.
helena sá e costa
é uma daquelas pessoas que, só não podem ser assemelhadas a um cometa que passa pela nossa cultura, porque a sua presença durou imensos anos.
no meu começo do interesse pela musica a 'dona helena', como sempre lhe ouvi chamar, era tratada religiosamente dentro das paredes da juventude musical portuguesa, que eu frequentava ao tempo.
por muito que fossemos 'revolucionários', uma critica da dona helena a um concerto nosso em 73, acho eu, encheu-nos de orgulho impante.
a dona helena, que era uma pianista do melhor que as nossas terras já viram nascer, jamais guardou para si o seu saber.
ensinou os nossos melhores musicos. de burmester a jordão. e para todos tinha um conselho muito mais de irmã (muito) mais velha, do que de mestre.
os 2 bechstein's do largo da paz ficam agora em descanso. mas não em paz.
artur ramos
foi dos maiores nomes do nosso teatro
independentemente da sua imensa produção televisiva (de que foi pioneiro em portugal) e cinematográfica (o 'pássaro de asas cortadas' é um dos melhores filmes da nossa história), foi no teatro que artur ramos marcou a diferença e fez história.
a ele devemos encenações históricas de samuel beckett, harold pinter, john osborne, stanislas mitkiewicz, arthur miller (que graças a ele passaram na televisão em horário nobre).
a sua última encenação foi em 2002, com 'a coleção' de harold pinter, nos artistas unidos.
artur ramos foi um dos maiores homens de cultura em portugal.
pena que apenas após a sua morte lhe tenham perdoado o pecado de ser 'comunista'
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