3 de junho de 2005

Os anos de chumbo

Sou, por natureza, um optimista. Sempre o fui, para o bem e para o mal.... acho que as coisas (nem as pessoas) nunca são tão más como parecem e que há-de existir uma forma de resolver qualquer situação, por pior que ela o seja.
Mas, nestes dias que voam, muito deste meu optimismo desapareceu, ou está completamente subjugado por uma outra sensação: um misto de fatalidade e descrença. Acho que se aproximam “os anos de chumbo”.... quer cá entre nós, quer por essa Europa fora. Não daquele chumbo verdadeiro, o que mata e destrói, mas do chumbo que pesa e torna o ar irrespirável.
Os sinais andam por aí, é só vê-los e perecebe-los.
Na Europa, basta olhar o caminho - sem saída aparente - que se está a tomar, a desorientação que se nota nas cabeças pensantes, a tensão que se sente nas sociedades, face às novas migrações e deslocalizações.
No nosso Portugal, é o que sabemos: os anos que se seguem não serão bons de cheirar. O aperto das classes média e baixa vai continuar... até fazer guinchar: os impostos não vão baixar, os juros vão subir, os salários não vão subir, o desemprego vai aumentar, as reformas só vão chegar lá para os 65 a 70 anos.... e por aí fora!
No meio disto tudo, eu só vejo uma coisa boa: pode ser que isto se endireite... sim, pode ser. Podem achar estranho mas eu, que não aprecio – nem de longe – o nosso filósofo, acho que, se ele conseguir levar tudo o que anunciou em frente, merece e minha admiração. E mais, se repensar bem a coisa e inflectir nesta parvoeira do IVA a 21%, se acabar com a mama das SCUTs e se atacar a fundo, e com êxito, a fraude e evasão fiscal, então... então, daqui a 4 ou 5 anos pode ser o meu herói!
Mas, sinceramente, não acredito muito... acho que depois de assentar a poeira, depois de muitas pressões lobbistas, marchas de protestos e ameaças de greves, depois da anunciada agitação e convulsão social, irá ser feita muita marcha-atrás e tudo voltará à primeira forma. E só ficará a memória destes anos de chumbo.

Para amenizar, e como o futuro não parece risonho, olhe-se para o passado. Lembrei-me de contar aqui algumas memórias, de outros anos já passados: alguns de chumbo, muitos de grandes conquistas.
Mas já devem saber como sou, para cumprir promessas...

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