"Por 1$50 para os “cavalheiros” e de graça para as “damas”quando acompanhadas, Lisboa tem o seu mundo irreal um enclave na pacatez da cidade nocturna, a “féerie” que sobrevive e toda as noites se renova (ou, melhor, que todas as noites é sempre igual) fazendo os impossíveis para se manter acordada até que rompa a madrugada.
O provisório Parque Mayer ameaça tomar-se eterno. Os seus teatrinhos, as suas barracas, as suas diversões foram ali implantadas em tabique e estafe mal seguro, na espera de melhores horas ou de um desaparecimento sempre mais ou menos iminente e, no entanto, vão assistindo à passagem de Verões e de Invernos num desafio corajoso às modernizações que se vão fazendo um pouco por toda e cidade. Periodicamente, o boato renova-se: a Câmara comprou o Parque Mayer, vai deitar tudo abaixo, abrir uma avenida larga até à Politécnica... construir um arranha-céus para os seus serviços.. O alarme corre o Parque de ponta a ponta, mas a confirmação nunca mais chega".
Século Ilustrado, 1967 (sem indicações de autores)
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