
Aquando da Exposição do Mundo Português , manifestação marcante do Estado Novo, dois primos de meu pai hoje a viver longe do nosso país tinham, respectivamente, 7 e 9 anos.
A acompanhar as imagens recebi, de um deles, uma mensagem com referência às seguintes memórias:
O pai – que já não conheci e faleceu no Brasil onde se encontrava em trabalho - teve a seu cargo a demolição das casas de 1600 no local da exposição cuja projecção na Europa foi pouco significativa devido à II Guerra Mundial.
A firma a que esteve ligado o meu tio-avô foi ainda responsável pela construção da Fonte Luminosa da Praça do Império, tendo sido as cantarias trabalho da Casa Pardal Monteiro.
A Nau Portugal, representada na Exposição e construída na Gafanha, tinha como funcionalidade a de um restaurante . Por erro, o cálculo do ponto de equilíbrio não foi o adequado, tendo ficado com uma inclinação de 45 graus.
Segundo convicções das gentes ligadas ao mar, a inclinação da embarcação-restaurante foi um mau prenúncio comprovado, segundo superstição, pelo grande incêndio a bordo: a edificação ficou totalmente queimada nos últimos dias da iniciativa. A fragata D. Fernando II terá sido igualmente destruída pelas chamas, já corria a década de sessenta (mesmo assim, os dados a certas crenças ainda associam o incêndio à inclinação do outro barco)...
Das recordações enviadas pelos que, à semelhança destes primos, em 1940 eram crianças, fiquei a saber que os rapazinhos moradores na zona de Belém e do Restelo, após o encerramento da exposição, brincavam aos polícias e ladrões nos enormes pavilhões vazios e faziam regatas no lago do Espelho de Água com pequenos barcos à vela.
2 comentários:
A Nau Portugal sofreu muito ainda antes de estar exposta.
Vejam o filme do Leitão de Barros em www.youtube.com/watch?v=gUOSRL7HpAY.
Interessante documentário, obrigada.
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