"Cantiga, partindo-se"
Senhora, partem tam tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tam tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
Tam tristes, tam saudosos,
tam doentes da partida,
tam cansados, tam chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tam tristes os tristes,
tam fora d'esperar bem,
que nunca tam tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
João Roiz de Castel-Branco (Século XV)
em “Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa” de Eugénio de Andrade
3 comentários:
um dos poemas portugueses mais bonitos
Folgo muito em ver o camarada Gin-Tonic citar um poema magistralmente musicado por José Cid para o Quarteto 1111.
Enfim, afinal, o Mundo não está perdido!
LT
Ninguém tem o exclusivo do bom gosto, está simplesmente ao alcance de quem por ele se interessar... Neste caso o José Cid teve bom gosto na escolha do poema, nem sempre lhe acontece!...
Mas quanto ao "magistralmente musicado", caro Ié.Ié, ele coloca ss reticências do costume... e nisso ficaremos a discutir até ao fim do tal mundo e que não é por estas coisas que se perde...
Um abraço
Enviar um comentário