7 de junho de 2007

O Palácio do Mitelo ou, estás lembrada Cereja?

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É um edifício que eu muito amo. Tive a felicidade de lá andar, estudante descabeçada durante alguns anos. Nunca me esquecerei da sensação de descer a escadaria, deslizando a mão pelos corrimões, também de mármore rosa, pelo fresco e pedra gasta. As salas de aulas conjugavam frescos, azulejos, uns fogões de mármore lindos ,que eram uma tentação,para quem estava farta já de teorias rebuscadas sociológicas ou estatísticas ou quejandas.
Era um luxo esta escola, desfigurada pela fórmica das mesas e cadeiras e pela assepsia que se pretende de um estabelecimento de ensino. Mas, nos horários pouco ortodoxos que eu fazia, por vezes ouviam-se, as madeiras a ranger. Era a Santa dizíamos, a que estava embalsamada na capela. Ou talvez o Conde Vimioso, o amante da Severa, que foi morrer ao Mitelo. Não saberei. Sei que nas águas furtadas onde era o cubículo da associação de estudantes, tínhamos uma visão lindissima do telhado e das redondezas. O P andou lá pendurado, depois dum encontro com uma garrafa de conhaque francês boníssima que eu fanara ao meu pai.
A este espaço associo rostos , de pessoas algumas já desaparecidas, que singularmente faziam parte deste jogo complexo de estares. Não falei do terraço. onde nos esticávamos a comer e a sentirmo-nos umas verdadeiras marquesas, com uma bela balaustrada de pedra. (Tenho uma foto da nossa Cereja nela encarrapitada, a comer uma fatia de bolo.) Nem da chaminé, convertida em otomana. Nem da porta de madeira, onde se entrava exactamente por aquele recorte entreaberto da foto.

Outras cenas surreais, os Telectu a tocarem na capela.A belissima peça de cerâmica que decorava a casa de banho masculina.
O ar carrancudo do Sr Dinis, que ouvia o terço da Rádio Renascença todos os dias e que afinal era uma pessoa prestabilissima.
O cheiro a cera. A edifício com vida embutida. Aquele friozinho que dá quando se chega a um local familiar.
Um dia destes vou lá voltar. Para moderar a saudade.

Ficha técnica muitissimo abreviada do Inventário de Norberto de Araújo:
Fundação na 1ª metade do sec. XVII
Núcleo primitivo construção seiscentista. Em 1737 é adquirido pelo Dr Alexandre de Mitelo e Sousa e Meneses, que reabilitou por completo o edificio.
Mais tarde nova proprietária, a Marquesa de Pomares, voltou a restaurar o palacete. Em 1941 foi cedido para ser o Instituto de Serviço Social, o primeiro curso em Portugal destinado a formar assistentes sociais.

1 comentário:

Anónimo disse...

OLÁ

PROCURO UMA ESTUDANTE PAULA FERNANDES(?) COLEGA DA DINA CALAIM QUE ESTUDARAM EM 1981?? OU ANTES 1980

PODE AJUDAR-ME?

A IRMÃ