24 de agosto de 2009

Obrigada T:)

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Torna-se fascinante a leitura de relatos de viagens (reais ou fictícios como são os echtrai ou immrama da tradição irlandesa com reflexos em alguma da ‘nossa’ escrita medieval) por neles se encontrar – de modo mais ou menos evidente – o conceito de alteridade, ou seja, da forma como incide o olhar de quem chega sobre o outro, o estranho, o exótico…
É grande atractivo entender como – particularmente em tempos idos dado a globalização de certo modo nos ‘normalizar’ – quem chega a um país pela primeira vez regista, com um olhar de espanto, as impressões sobre paisagens, ritos, gentes, modos de vida…
Gostando de 'mergulhar' no imaginário de quem escreve, fiquei radiante com o livro enviado pela T , já havendo lista de espera familiar para a sua leitura só que, desta vez, terei a exclusividade de estreante.
E como na infância e juventude – mistério ainda por esclarecer – era hábito dos meus pais e avô Vieira encadernarem todos os livros com o mesmo tipo de capa , fiquei deliciada com a cativante apresentação! Este, sendo agora meu, nunca será encadernado. Obrigada T. Irei ainda lembrar tê-lo recebido numa data especial em que alguns dos amigos presentes (não sendo muito de deixar por aqui comentários) me referiram ser regulares visitantes do ‘Dias’.
… atendendo a que os limões ainda não puderam seguir e – como me contou um passarinho - te encontras de férias, lembrei-me (sorrio sempre quando o faço) , de ter ouvido a ex-vizinha (moradora a uns 100 metros), mãe de um colega da M: «está a estudar textos sobre os celtas?» (uma ‘pancada’ pessoal como outra qualquer…)... «Não admira, tem tudo a ver consigo » (observação que, passados anos, ainda não consegui entender... ), transcrevo uma passagem (também ela um pouco 'céltica') de cor e aroma dos referidos citrinos numa sugestão de paraíso terreno (uma recente caminhada pelo Penedo leva-me a confirmar a actualidade do excerto de Beckford que, mais de um século decorrido, não terá inferiorizado a paisagem):

« O vale de Colares é para mim uma fonte de perene distracção. Descobri muitas veredas, que através de matas de castanheiros e pomares nos levam a uns sítios acidentados e verdejantes, onde os loureiros bravos e as moitas de limoeiros pendem livremente sobre a margem pedregosa de um pequeno rio, e deixam cair na corrente as suas flores e os seus frutos. Podeis andar milhas a cavalo ao longo das margens deste delicioso rio, surpreendendo infinitas perspectivas de matos floridos, por entre os troncos dos choupos e das nogueiras. A paisagem é realmente elísia, como a que os poetas inventaram para morada dos espíritos bem-aventurados.
[…] o rigoroso verde dos limoeiros, o fruto dourado da laranjeira, […] a rica fragrância da relva, matizada com as mais brilhantes e aromáticas flores, permitiram que eu, sem violento esforço de fantasia, me julgasse no jardim das Hespérides, esperando ver o dragão debaixo de cada árvore» .
William Beckford, A Corte da Rainha D. Maria I

3 comentários:

T disse...

Aprecio o conceito gráfico da Frenesi: editam livros portáteis que se podem levar para todo o lado e porém, não abdicam na sua feitura, dum cuidado e duma beleza que tornam aprazível a leitura. E gosto destas reedições de livros que já desapareceram. Acho que há outro de que deves gostar também:)
Só começo as férias na quarta feira:)
Não tens nada que agradecer,o passarinho dir-te-à também que eu adoro oferecer presentes:)

teresa disse...

Então essa de oferecer presentes terá a ver com o nome, eu também gosto de o fazer:)

E vai afinal ser este livro - não outro em que tinha pensado - parte da bagagem dentro de 2 semanas ('hélas', não estou a falar em férias, mas não invejo as tuas, aproveita-as bem).

César Ramos disse...

Cada vez que leio textos assim, dá-me vontade de recolher à minha concha e não aparecer mais a ninguém com coisa alguma escrita...
ter o privilégio de tal ler, já não é nada mau...
Soube a pouco, mas obrigado na mesma.