14 de maio de 2009
COMEÇOS DE LIVROS
Começo de “O Tecido do Outono” de António Alçada Baptista:
“Não é possível contar esta história sem que, uma vez por outra, coisas como a solidão e a morte aflorem às linhas da escrita, mas vou fazer o possível para escrever tudo isso sem solenidade. É que, a certa altura, a vida é outra e o próprio passado não é bem aquilo que a gente viveu, porque, em cada tempo, há uma forma de olhar, e aquilo que vivemos não está no mundo, está na maneira como olhámos para ele.
É no Outono que a gente é capaz de reparar que a vida não é banal não obstante o nosso quotidiano ter sido uma banalidade atroz. Acredito que é possível descobrir pedaços de luz no meio de tudo isso. São coisas destas que me levam à convicção de que a vida para que fomos feitos não é, de modo nenhum, aquela que andámos a viver.”
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