14 de maio de 2009

NOTÍCIA DOS DIAS QUE VOARAM

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Luís Alves, proprietário da “Livraria Ler”, em Campo de Ourique, foi uma das muitas vítimas da perseguição que a PIDE/DGS, exerceu sobre tudo o que, neste país, cheirasse a cultura.. Assim seguindo os ensinamentos do nazi que dizia que quando ouvia falar em cultura puxava logo da pistola.
Em quatro anos as apreensões da polícia política provocaram-lhe prejuízos incalculáveis, mas que Luís Alves estima em 60 mil escudos respeitantes à apreensão de aproximadamente 1500 livros. Para o livreiro o ano mais violento terá sido o de 1971.
Todos os anos, na semana de 25 de Abril Luís Alves expõe, na montra da “Livraria Ler”, os autos das apreensões da PIDE/DGS, bem como alguns dos livros que a PIDE/DGD apreendeu. Ver texto publicado neste blogue no dia 26 de Abril de 2009.
Dessas apreensões se fala numa reportagem que “A Capital” publicou na sua edição de 13 de Abril de 1974. Começava assim:
“_ Ó chefe, este do cinema também vai? – perguntou o agente da D:G.S., ao chefe de brigada, na habitual “visita” que realizava à “Livraria Ler”, de Luís Alves em Campo de Ourique.
- Esse “gajo” é comunista; também vai – respondeu o chefe.
O “gajo comunista” era nada mais nada menos do que Charlot, não em pessoa mas em “poster”, e qur mesmo assim não foi poupado, porque representava um perigo para a ordem vigente, na concepção dos agentes da polícia política.. Mesmo que não representasse um perigo eles não gostavam da cara de Charles Chaplin, e todos os os “posters” foram levados.
Ainda na reportagem pode ler-se:
“Luís Alves, um dia, resolveu perguntar por que era tão assiduamente visitado”.
-O senhor é conhecido “lá em Baixo” por “chutar à esquerda” – disse o agente.
-Não sou das esquerdas nem das direitas – respondeu o proprietário – Sou comerciante e tento vender livros que sejam procurados pelo público.
- Sim, mas o senhor podia pôr outras coisas aqui.”

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