15 de abril de 2009
Os "geek"
Para mim que nasci numa outra época, não deixo de me surpreender com este "admirável mundo novo". Assim sucedeu quando, pela primeira vez, ouvi rap no nosso idioma e já lá vão alguns anitos.Não me irei pronunciar sobre o gosto(ou menor adesão) relativamente este tipo de música. Aquando dessa primeira audição, disse para mim mesma: "Teresa, reduz-te à tua insignificância"... É idêntica a sensação quando me deparo com o uso e abuso de efeitos especiais na sétima arte. Tais excessos levaram-me a desistir do visionamento de determinados filmes que, à partida, prometem miríades de monstros, de fumos, de múltiplos efeitos luminosos, bem como de bandas sonoras que me levam a lamentar não ter ido para o cinema com tampões para os ouvidos. Do mesmo modo me surpreendi, quando me apercebi da existência da cultura geek. Confesso que sou um pouco dependente de computadores, embora considere ser salutar encontrar-me, por vezes, em locais onde estes não podem ser utilizados. Percorrendo alguns textos de autores que se têm debruçado sobre fenómenos da nossa era, tomei contacto com estes novos rituais que, provavelmente, já não serão novidade para alguns:
Geração geek
O nosso filho que tem actualmente mais de 30 anos revelou-me, com um ar algo misterioso, que é um geek. Acreditamos tratar-se de uma forma de cultura juvenil, mas do que se tratará efectivamente?
Eis um fenómeno que, não sendo muito recente adquiriu, nos nossos tempos, alguma visibilidade. Certos canais televisivos chegaram mesmo a consagrar-lhe reportagens e existe uma geração que se começa a reivindicar abertamente geek (pronunciado como guique)… Na sua origem, um geek era simplesmente um apaixonado. Pouco a pouco, o conceito passou a dizer respeito a jovens adultos mais ligados à informática, antes de qualificar todo um estado de espírito e de marcar um sinal de pertença a um colectivo invisível de pessoas que se reconhecem nas mesmas práticas e sensibilidades em todo o mundo.
Os geek são fanáticos de cinema e apreciam particularmente os super heróis como Batman ou Conan. Encontram estas personagens nos jogos de vídeo dos quais são fervorosos adeptos. Fanáticos da ficção científica, têm uma admiração sem limites por séries televisivas de culto , sobretudo as dos anos 60, como Star Trek. O carácter algo ultrapassado desses filmes encanta-os e algumas réplicas ou características tornaram-se indiscutivelmente emblemáticas. No entanto, as imagens que mais os fascinam são as de Star Wars. Os filmes de Lucas, realizados a partir de 1977, são as epopeias que conhecem de cor: cresceram com elas que os acompanharam ao longo de toda a adolescência e constituem, de certo modo, a narrativa de fundação. É certo que os geek têm outras personagens e objectos de culto: Albator e Spiderman em BD de estilo japonês, bem como o Senhor dos Anéis. Também não desdenham de filmes de piratas, apreciando sobretudo os que vivem dos efeitos especiais. Sentem atracção por filmes de terror, desde que estes sejam classificados como sendo de “12º grau”. É ainda seu hábito o download de jogos e de clipes, trocando, entre si, estes achados.
Os geek provêm da geração baby boom, escalão etário situado no enclave entre os adolescentes fascinados pela Star d’Ac, de um dos lados, e os adultos enraizados na cultura e nas tradições familiares, do outro. A geração geek acabou ficar um pouco votada ao esquecimento. Verifica-se que fizeram uma escolha que lhes traz bem-estar, sendo esta nossa descendência alimentada com o que para ela fabricámos , pois o que fazem é construir um universo à medida dos seus sonhos de infância. Nada haverá nada a recear, desde que tal identificação os não confine ao autismo. Nada haverá a recear, desde que a palavra circule, embora tudo isso também dependa de nós.
Philippe Meirieu (tradução livre para este post)
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3 comentários:
Como se chama esta geração na qual me sinto integrada?
Estado de Dúvida
Xutos & Pontapés
Composição: Xutos & Pontapés
Quem sabe o que fazer
Quando tudo corre mal?
Ninguém sabe o que dizer
Quem sabe resistir
Quando se tira a razão?
Ninguém sabe desmontar
Este cerco que se aperta
Alguém quer este modo de vida?
Alguém quer este estado de dúvida?
Tu e eu...
Tu e eu...
Tu e eu...
Tu e eu...
Há por aí quem queira lutar
(sou eu!)
Alguém que queira realmente mudar
(estou cá!)
Alguém aí está pronto para avançar
(sou eu!)
Então que ninguém se deixe ficar
E quando tu olhas para o lado
Será que tens alguém?
Alguém que sinta e que queira
Tanto mais que tu e eu
(ninguém!)
Alguém quer este modo de vida?
(ninguém!)
Alguém quer este estado de dúvida?
(ninguém!)
Alguém quer este modo de vida?
(ninguém!)
Alguém quer este estado de dúvida?!
Há por aí quem queira lutar
(estou cá!)
Alguém que queira realmente mudar
(sou eu!)
Alguém aí está pronto para avançar
(estou cá!)
Então que ninguém se deixe ficar
(ninguém!)
Há por aí quem queira lutar
(estou cá!)
Alguém que queira realmente mudar
(sou eu!)
Todos juntos podemos avançar
Então seremos muito mais que tu e eu
Sou eu.
Já percebi porque é que apareceu "Rosário" em vez de "rosarinho".
Estive a consultar a caixa de correio desactivada há tempos.
Parece que não estão a gostar destas "lyrics" , refiro-me à nomenklatura... e ´"prontos", já nos afastámos do post:não me posso aborrecer.
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1374305&idCanal=12
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