25 de Abril de 1974
Dezassete horas e 45 minutos bastaram para abater um regime que oprimiu o povo português durante 47 anos, 10 meses, 34 dias e algumas horas.
A Assembleia Nacional ainda abriu para mais uma sessão que acabou por não se realizar por “falta de quorom”, vindo o presidente, Engª Amaral Neto, a marcar sessão para o dia seguinte, “à hora regimental.”
Passaram os dias a massacrar-nos com afirmações de coragem. Diziam que se atentassem contra o regime dariam o peito às balas, vendendo cara a vida em nome da Pátria. Chegámos a acreditar em tudo isto. Mas tudo isto apenas era uma valentia balofa. Às primeiras horas do dia 25, o palavreado foi-se pela pia baixo, os arrotadores de postas de pescada, fecharam-se em casa ou começaram a fugir.
25 de Abril.
Como se pode transmitir uma emoção assim?
Os poetas sabem como:
“Esta é a madrugada que eu esperava
o dia inicial inteiro e limpo
onde emergimos da noite e do silêncio
e livres habitamos a substância”
______________
O título deste "post" é tirado de um poema de Daniel Filipe, publicado em "A Invenção do Amor e Outros Poemas"
O poema final é de Sophia Mello Breyner Andresen
Sem comentários:
Enviar um comentário