18 de abril de 2009

CAMINHADA PARA ABRIL



18 de Abril de 1974
A semana última dos tempos de Marcelo Caetano & Cª
Os jornais continuam a publicar comunicados das Forças Armadas dando conta das mortes de militares em teatro de guerra, a maior parte motivadas por “acidentes de viação”.
No Tribunal Plenário de Lisboa continua o julgamento de “cidadãos acusados de pertencerem à Acção Revolucionária Armada (ARA)” A censura “aconselhava” que as notícias do julgamento deveriam ser reduzidas “à expressão mais simples”.
O editorial do “Diário de Notícias” deste dia tinha por título “A Orelha de Mão” onde eram explicados os motivos por que a Rússia e a China travam em África uma guerra surda pela conquista de zonas de influência.
Marcelo Caetano agradece à Universidade de Luanda o título honoris causa.
A censura proibia qualquer referência à homenagem ao professor Óscar Lopes.
Circular nº 45/t4 dos Serviços de Censura para os jornais:
“Para os devidos efeitos, elucido V. Exª de que todas as notícias de sessões públicas de qualquer índole deve, sem excepção, ser submetidas a exame prévio.
A BEM DA NAÇÃO
Alberto Alexandre Pestana de Ornelas.”
A censura proibia, também, qualquer notícia relativa ao “Julgamento das Três Marias” em que as escritoras Maria Velho da Costa, Maria Isabel Barreno eram acusadas de “a partir de data ignorada de Outubro de 1971, terem escrito em conjunto, mediante prévia combinação, um livro ao qual deram o título de “Novas Cartas Portuguesas que contém diversas passagens de conteúdo imoral e pornográfico, atentórias da moral pública.”
Como poderiam, aquelas almas penadas que mal ouviam falar de cultura puxavam da pistola, ter outros procedimentos que não estes?

“Nas ancas tenho ainda a marca dos teus dedos; a marca da tua boca, o traço molhado da tua língua, dos teus dedos.
Desço:
Macio deve ser o chão que as árvores conservam com a sua seiva.
Não necessariamente meu amor sem ti a liberdade ou a pressa da morte do meu corpo.”

Final de “Novas Cartas Portuguesas”

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