12 de abril de 2009

CAMINHADA PARA ABRIL


Marcelo Caetano, em entrevista ao semanário francês “Le Point”, declarou que jamais concordará com o abandono das províncias ultramarinas.
“Portugal está a lutar na África em defesa de uma sociedade multirracial e contra os movimentos racistas que procuram expulsar os brancos de África.
Estamos a lutar em defesa do direito que têm todos os homens de viverem juntos na África e, acima de tudo, em defesa da sociedade multirracial que lá formámos. Pelo contrário os chamados “movimentos de libertação” são racistas. O seu objectivo é a expulsão dos brancos. Primeiro dos postos de comendo depois da própria África. Nunca negociaremos com os adversários de Portugal que, pagos por potências estrangeiras, sustentam uma luta de guerrilhas inútil e cruel.”
Neste nosso reino as colónias nunca foram uma questão pacífica. Em “A Ilustre Casa de Ramires” de Eça de Queiroz, Gouveia diz para a D. Graça:
“Tenho horror à África. Só serve para nos dar desgostos. Boa para vender, minha senhora! A África é como essas quintarolas, meio a monte, que a gente herda duma tia velha, numa terra muito bruta, muito distante, onde não se conhece ninguém, onde não se encontra sequer um estanco; só habitada por cabreiros, e com sezões todo o ano. Boa para vender.
Gracinha enrolava lentamente nos dedos a fita do avental:
- O quê! Vender o que tanto custou a ganhar, com tantos trabalhos no mar, tanta perda de vida e fazenda?!
- Quais trabalhos, minha senhora?? Era desembarcar ali na areia, plantar umas cruzes de pau, atirar uns safanões aos pretos… Essas glórias de África são balelas.”

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