22 de Março de 1974
“Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco
Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis
Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre
Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome
E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada
Meu canto se renova
E recomeço a busca
Dum país liberto
Duma vida limpa
E dum tempo justo”
Sophia de Mello Breyner Andresen
Poema e ilustração retirados do livro "Da Resistência à Libertação editado, em Abril de 1977, pela Sectetaria de Estado da Comunicação Social. A fotografia não tem indicação de autor.
1 comentário:
Sophia sempre tão versátil e a última estrofe, bem como o poema em geral(subjectividade pessoal, é certo) sempre tão actuais:)
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