17 de janeiro de 2009

SÍTIOS POR ONDE ELE ANDOU


O Cinema Império também funcionou como teatro.
A propósito do “Estúdio” já aqui ele disse que o Cinema Império foi um dos sítios por onde andou. Para além das centenas de filme que lhe passaram pelos olhos, lembra-se que foi ali que viu o “Render dos Heróis” de José Cardoso Pires, no dia 29 de Março de 1965, uma 2ª feira, sentado na Cadeira 7 da 3ª fila da plateia. Mas foi a única vez. Naquele tempo, 30$00 era dinheiro ,mas o facto de ter feito anos dias antes, e de lhe terem dado algum dinheiro, fez com que pudesse ir ao teatro. Recorda a vaidade com que se sentou na cadeira, o olhar em redor da sala, o prazer de ver representada uma peça que lera, de que gostara, e que terá sido um dos primeiros livros que leu do José Cardos Pires.
Naquela tarde teve a prova de que, efectivamente, o teatro fez-se para ser representado. Entre ler uma peça e vê-la representada há uma diferença que se pode assemelhar entre beber um café e um descafeinado. Rara é a peça que se mantém grande apenas com a leitura. As peças fá-las o autor para serem representadas e não para ficarem adormecidas entre o pó das bibliotecas. Uma peça de teatro tem que possuir aquela vivacidade que só o actor e palco lhe emprestam.
Uma história breve do Teatro Moderno de Lisboa conta que o mesmo nasceu de uma iniciativa de Cármen Dolores, Armando Cortez, Fernando Gusmão e Rogério Paulo, O projecto visava ser “uma reacção contra as características puramente comerciais para que tem vindo a resvalar a exploração dos espectáculos de teatro declamado no nosso país “
O Teatro Moderno de Lisboa estreou em 13 de Novembro de 1961, com a peça de Carlos Muñiz “O Tinteiro”, encenação de Rogério Paulo, peça que em Abril de 1962 representou Portugal no Festival Internacional de Le Theatre de Lutece em Paris.
Dados os compromissos da exploração do cinema, ao Teatro Moderno de Lisboa, apenas foi possível reservar uma sessão à tarde, pelas 18,30 horas, às segundas, terças, quintas e sextas e uma sessão de manhã, aos domingos"O Teatro Moderno de Lisboa, cuja actividade vai de 1961 a 1965, é considerado unanimemente um dos mais inovadores, estimulantes e importantes projectos teatrais no nosso país, durante a segunda metade do século XX", na opinião de José Carlos Alvarez. e foi "responsável pela formação de um novo público e de um novo gosto teatral, num tempo de grande agitação social e política".

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