6 de janeiro de 2009
MÚSICAS E CANÇÕES DE NATAL
Quando um dia lhe perguntaram onde é que tinha apanhado a pancada das músicas e canções de Natal , lembrou o tal dia em que o pai chegou a casa com um “EP” de canções de Natal alemãs e mandou sentar a família para o ouvir. Contou essa história quando, em 1de Dezembro, iniciou a saga, aqui, no “Dias Que Voam” e reproduziu a capa do "EP".
O móvel é esse que encima o texto. No lado direito levantava-se a tampa e estava lá o gira-discos. O móvel servia também para arrumar os discos e também servia de bar. Um móvel feito pelo pai, que também fez as estantes da sala que aqui não se vêem na sua totalidade. A família já abandonou aquela casa, a casa onde um dia nasceu. Do que na fotografia se vê, apenas existe a telefonia “Blaupunkt” de olho verde que servia de sintonizador, os discos, os livros, a fotografia em que está com os pais e a irmã. Lamentavelmente nem o móvel, nem as estantes cabiam aqui na casa.
Enquanto o texto desliza vai surgindo aquela nostalgia cinzenta que há-de acabar numa imensa melancolia, a melancolia do fim de festa, a ressaca natalícia. É aqui que gostava de hibernar e só voltar por inícios de Março quando a Primavera começa a mandar os seus primeiros borrifos. Até lá , Janeiro e Fevereiro serão os meses do seu descontentamento.
Esta fotografia é, pois a sebastiânica saudade daquele tempo e daquele que foi este tempo de Natal. Volta e meia irá ao calendário ver quantos dias faltam para a chegada do próximo Natal e várias vezes há-de lembrar o poema do David Mourão Ferreira em que ele conta que haverá um Natal, e será o primeiro, em que à mesa estará o seu lugar vazio.
Em Brugges, há uma loja de conto de fadas,em que, nos dias de todo o ano, é sempre Natal. Talvez a lojinha lhe apareça hoje em sonhos na noite que é de Reis e lembrará, então, uma frase de Benjamim Franklin:
“Uma boa consciência é um Natal contínuo.”
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