5 de setembro de 2007
a produção de frutos e os lucros no caminho até ao consumidor.
o observatório dos mercados agrícolas e das importações agro-alimentares fez um estudo onde conclui existir um grande desequilíbrio entre os preços pagos aos produtores e o que pagam os consumidores no final da cadeia de distribuição.
de acordo com os textos dos jornais (não tive acesso directo ao estudo), o produtor só recebe um terço do valor pago pelo consumidor.
o exemplo dado é o da pera rocha que será paga ao produtor a 0,40€ e o consumidor paga 1,40€.
se expurgarmos o preço final do produto do seu iva (5%) dá um preço recebido pela distribuição de 1,33€. isto justifica-se uma vez que apenas no preço final do produto o valor do iva é considerado no seu preço.
olhando as coisas assim, diríamos que é absurdo os produtores receberem tão pouco.
no entanto a verdade está um pouco longe desta análise simplista.
a generalidade da grande distribuição fez acordos a partir do ano 2000 (a altura em que o observatório diz ter começado o desequilíbrio) com organizações de produtores por forma a comprar directamente aos que produzem. esta era uma reivindicação antiga dos produtores de fruta. até aqui as grandes cadeias compravam aos grossistas de frutas que agora se dedicam quase exclusivamente, e com sucesso, à importação de fruta que cada dia aumenta a sua quota de venda em portugal.
acontece que se o produtor recebe 0,40€ pelo quilo da pêra rocha, a distribuição paga 0,80€ à sua organização de distribuição, o que significa que, realmente, a distribuição paga 0,80€ ao produtor e não os 0,40€ que estes afirmam receber.
a alternativa a esta situação, quer para os produtores não organizados, quer para a distribuição com menor poder negocial é usar as empresas grossistas de fruta que pagam melhor directamente ao produtor e vendem aproximadamente ao mesmo preço aos retalhistas.
a diferença está no facto da primeira escolha da fruta ser reclamada pelas organizações de produtores que justifica a margem de 100% pelos custos inerentes aos custos de funcionamento, armazenamento, distribuição e naturais percas por deterioração da fruta. os lucros finais são distribuídos pelos produtos de fruta que assim recebem bem mais do que aquilo que agora se queixam que recebem.
para esse mesmo trabalho, os retalhistas aplicam, realmente, uma margem de 65%.
portanto, para sermos honestos, a notícia deveria ser que os retalhistas marcam uma margem de 65% para a comercialização de um produto perecível.
e jamais usar a afirmação de efeito fácil que apenas recebem 33% do preço final do produto.
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