14 de abril de 2007

O Matuto

Era um verdadeiro malandro. Aldrabão e versado em papéis sociais vários: de polícia, a bombeiro, a sacristão. Era um lisboeta marcado pela varíola e cego de um olho. Os olhos tinham cores diferentes, que no dizer dos criminologistas da sua época, revelava temperamento degenerado. Era operário, mas não gostava de exercer. Preferia ludibriar os ingénuos e conseguir assim alguns trocos. Era dado à música: roubou um cornetim, uma guitarra de três libras e abafou uma rabeca do São Carlos. Roubou um casaco que empenhou. Crimes gravíssimos como se nota.
De 1880 a 1891 foi sendo sucessivamente preso, até que é degradodo para Moçambique. Não lhe correu mal o degredo: tornou-se músico regimental, imitava actores e acima de tudo segundo o relato, além de brochador, armador, estofador, barbeiro....amava as festas.

"Matuto está junto duma preta de Tete a quem adora e aos domingos nunca falta à missa, apresentando-se janota assim como a sua queridinha"
Gosto deste Matuto.

Galeria dos Criminosos Célebres, Edições Palhares,1896)

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