13 de abril de 2007

O Fajardo II



Do Fajardo I contam-se inúmeras histórias. Era o protótipo acabado de bom aldrabão.Dizem que assumia ares de engenheiro e com os seus instrumentos geodésicos burlava os lavradores do Porto: condenava terrenos e depois a troco de algumas notas deixava-se subornar. Vendia ainda campos de cebolas alheios a ingleses e outras coisas assim. Acabou como empregado de Estado. Honrado? Não sei não.

Mas logo lhe herda o nome, uma segunda personagem. Natural de Arcos de Valdevez, reza a história que tornava anémica a conta bancária de qualquer patrão.Praticava inúmeras aldrabices com lojistas crédulos e era um expert na pesca de objectos de ouro, usando um arame para atacar as virinas dos ourives. Outra história conhecida era de como ludibriou um cangalheiro e ainda comeu e bebeu à conta. Um dos seus crimes mais pesados, foi o desvio de uma imensa porção de tabaco.
Foi julgado e condenado ao degredo em África, por 9 anos. Pena pesada para um simples gatuno.
Citam-no do julgamento: " Senhor Juiz, quando vim aqui pela primeira vez era criança. Se me tivessem metido num asilo ou casa de correcção, decerto não continuaria a trilhar a senda do crime".
Homem bem falante este. Se fosse hoje era político. Tem um bom sorriso. Ou quem sabe, andaria pelo futebol. Faltam-nos ladrões bem humorados e não violentos. Gente com graça. O que lhe aconteceu, não sabemos.
(Galeria dos Criminosos Célebres, Edições Palhares,1896)

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